Dulce
— Jogou lavagem no rei? — Christian me olhava perplexo, soltando uma risada nervosa. — Não tem medo de ir para a forca?
— Ele não faria isso comigo. — falei colocando os últimos pães dentro da minha cesta. — Eu acho que ele me ama de verdade. — dei de ombros.
— Ou só te achava uma gracinha e quis aproveitar-se de você. — olhei para Christian com a testa franzida. — Sejamos realistas.
— Ele estava lá para ver o ato de bruxaria cometido por aquelas três mulheres que o meu patrão acusou. — fugi do assunto sobre sentimentos.
— Ouvi dizer que hoje mesmo decidirão e amanhã, talvez nós possamos assistir uma queima de bruxas! — ele sorriu animado.
— Eu não sei se eu iria gostar de ver pessoas morrendo queimadas numa fogueira. — fiz uma careta.
— Não são pessoas, são bruxas.
— E você acha que a igreja não pode se enganar?
— Ei, não diz isso! — alertou-me olhando para os lados, garantindo que não havia mais ninguém na padaria além de nós. — Se alguém a ouvir falando mal da igreja, você pode ser acusada.
— Não estou falando mal, só estou dizendo que as pessoas podem se enganar.
— Dulce, é a igreja. — olhou-me com estranheza.
— Eu sei... — suspirei. — É que eu não quero mais acreditar fielmente em uma coisa para depois descobrir que tudo era uma mentira.
— Meu Deus, fala baixo! Não está comparando o rei com a igreja, está? Ele é um ser humano, tem falhas. Deus não falha.
— Não falei sobre Deus, falei sobre os padres, o bispo... — ele me interrompeu.
— Dulce, fecha essa boca! — repreendeu-me. — Seja mais responsável e guarde essas opiniões impopulares dentro da sua cabeça. — ele deu dois toques em minha testa com seu dedo indicador.
— Está bem. — sorri de lado. — Tenho que deixar esses pães em casa e depois voltar para alimentar os porcos.
— Como você aguenta isso? Se eu fosse você, aceitaria a ajuda do rei.
— Eu não quero nada que venha dele. Prefiro andar com os porcos. — afirmei.
— E feder com eles. — gargalhou.
— Que seja! — eu ri, balançando a cabeça negativamente.
Saí da padaria e fui até a venda, deixar os pães com a minha mãe. Quando aproximei-me, vi um dos serviçais do castelo saindo do local. O reconheci pelo brasão do reino em suas roupas. Ele cumprimentou minha mãe e afastou-se.
Quando entrei na venda, vi dezenas de saquinhos de moedas sobre o balcão e minha mãe estava começando a abri-los para contar. Eram todas moedas de ouro.
— Querida, seu patrão mandou um recado dizendo que colocou outro em seu lugar a pedido do rei. — ela disse sorrindo. — Não precisa mais trabalhar naquela podridão! — animou-se.
— Não acredito! — fiquei furiosa. — Eu disse que não queria a ajuda dele!
— Dulce, por mais que o odeie, precisa admitir que não dá para continuar passando necessidade.
— Eu não quero a caridade dele! — fui firme.
— Não é caridade, é um serviço. Ele quer que façamos roupas para os mais pobres neste inverno. Esse é só o pagamento.

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Seráfia
Fanfictionㅤㅤ❛ 𝐒𝐄𝐑𝐀𝐅𝐈𝐀 ❪ 👑 ❫ + 𝟭𝟲 ₊ sejam bem vindos / 2020! 📍Seráfia (reino fictício) ー Nos primórdios da idade média, um amor proibido começa a surgir. Ele, um príncipe, herdeiro do trono. Ela, uma plebéia simples que vive sozinha com sua mãe de...