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Christopher

E eu que achei que os súditos ficariam tão abalados quanto eu com a queima das bruxas, recebi várias cartas contendo dezenas de denúncias sobre bruxaria. Passei a noite inteira na sala de reuniões do castelo na companhia do padre, analisando cada um dos relatos.

— Esse disse que viu a vizinha jogando um gato morto fora. Bem, isso não prova nada, certo? — perguntei ao padre.

— Sim, pode ser apenas um gato que morreu de causas naturais próximo à casa dela. — ele disse. — Não podemos investigar qualquer coisa que relatarem, perderíamos muito tempo.

— Talvez a maioria dessas denúncias sejam de cunho pessoal. Pessoas que não se gostam e querem ver o outro morto. Não é terrível pensar que há gente assim?

— As pessoas são terríveis, majestade. — deu de ombros. — Que Deus os ilumine. — ouvimos algumas batidas na porta e logo depois, ela foi aberta por Edgar.

— Está muito ocupado? — perguntou-me.

— Um pouco. Qual o problema? — fiz sinal para que ele se aproximasse.

— Eu vi a Dulce sozinha no bosque a menos de uma hora atrás.

— O que? — franzi a testa. — O que ela fazia lá?

— A nossa queridíssima rainha a sequestrou e a pressionou para descobrir o que vocês já tiveram um com o outro.

— O que?? — fiquei de pé com espanto. — O que... como... quando?

— Eu sempre disse que uma hora ou outra as coisas iam acabar bem mal. Sorte que a Dulce inventou uma boa desculpa sobre vocês serem apenas amigos, mas mesmo assim a rainha a ameaçou. Se voltarem a se ver, Eliza vai mandar que matem a Dulce.

— Só por cima do meu cadáver! — falei com raiva. — Eliza acha que pode fazer o que quer? Vou colocá-la em seu devido lugar!

Saí da sala de reuniões com a raiva começando a me consumir. A minha vontade era de sacudir Eliza pelos cabelos, tranca-la numa das masmorras e jogar a chave fora.

Entrei em meus aposentos onde ela estava debaixo das cobertas, dormindo.

— ELIZA!! — gritei e ela pulou da cama assustada.

— Meu Deus, para que tanto barulho? O que houve? — perguntou com a mão sobre o peito.

— Ainda pergunta? — a olhei incrédulo. — Está me espionando!

— Está falando da Dulce? Eu apenas queria saber o que há entre vocês.

— Nada! Não há nada e nunca vai ter! — berrei. — Quem você pensa que é para me vigiar? E que tipo de rainha horrível sequestra um de seus súditos e o coloca em perigo? VOCÊ É LOUCA!

— Pare de gritar comigo, eu sou a sua esposa!

— E a minha esposa deveria saber que eu mando aqui! Eu sou a autoridade máxima de Seráfia e posso fazer o que eu quiser com você! Por tanto, aconselho que não teste a minha paciência e se coloque em seu devido lugar! — falei apontando meu dedo indicador para ela. — Não vai sair desse quarto até segunda ordem!

— O que? Não pode... — a interrompi.

— Sim, eu posso! Como minha rainha, deve me obedecer e aceitar qualquer castigo! A única a entrar aqui será a Maitê. Não quero arriscar que algum de seus informantes venha fofocar em seus ouvidos!

— Tudo por causa de uma aldeã nojenta? — me olhou com raiva.

— Nojenta? Eu tenho nojo é de você! — Eliza ficou boquiaberta. — Vou pedir que tirem minhas coisas daqui e coloquem em outros aposentos. Não vou dividir minha cama com você.

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