38

1K 112 39
                                    

Dulce

Meu coração pulsava tão forte que mesmo que todo aquele barulho me rodeasse, eu ainda podia ouvir as minhas próprias batidas. Christopher resolveu cometer a loucura de se embrenhar no meio da batalha e isso me deixou em desespero.

Já estava começando a anoitecer, eu passei o dia atirando flechas em qualquer um que chegasse perto de Christopher e quando minhas flechas acabaram, eu só fiquei esperando que os arqueiros tivessem que entrar em confronto direto.

E foi quando eu vi um soldado rival direcionar a sua espada na barriga de Christopher, lhe causando um corte que fez o seu sangue respingar. Ele caiu de joelhos no chão com a mão sobre o ferimento.

—NÃO, NÃO, NÃO!!!! — eu gritei descendo de meu cavalo e indo em direção à ele. Como Christopher estava em perigo, ninguém me impediu e todos os arqueiros me seguiram para lutarem e protegerem o rei. — CHRISTOPHER! — ajoelhei ao seu lado.

— Tudo bem... — ele disse e tentou levantar, mas logo desistiu fazendo cara de dor.

— Temos que tirar você daqui!

— Não podemos recuar!

— Precisa de atendimento médico! Se ficar aqui, vai sangrar até morrer! — os soldados de Seráfia faziam um forte à nossa volta, afastando os soldados de Atenas que avançaram após verem que Christopher estava machucado.

— AAAHHH! — Christopher grunhiu de dor e se deitou no chão, com a cabeça em meu colo.

— Meu Deus, meu Deus! — eu tentava estancar o sangue com minhas mãos, mas era impossível. O corte era fundo e largo.

Comecei a chorar de desespero, vendo minhas mãos e meus braços sendo lavados pelo sangue dele. Eu não conseguia pensar em nada, eu só pensava que ele iria morrer na minha frente e que eu era totalmente incapaz de salvá-lo.

— Por que você tinha que se meter no meio da batalha? POR QUE?? — gritei aos prantos.

Ele não respondia, só gemia de dor e respirava fundo. E quando eu achei que nada podia piorar, um de nossos soldados teve um momento de descuido e deixou que justamente o rei Augustus se aproximasse de nós.

Eu até levei minha mão à minha cintura, pronta para retirar a minha espada, mas ele estava em vantagem, com a sua espada já em mãos. Rei Augustus a ergueu na minha direção e foi como se o mundo tivesse ficado lento de repente.

Prendi a minha respiração, fechei os olhos e coloquei meus braços na frente do meu corpo, esperando para ser atinginda. Mas uma coisa inesperada aconteceu. Ao invés de ter a minha garganta cortada, eu ouvi um tilintar de espadas, de alguém impedindo que Augustus me acertasse.

Ergui minha cabeça e observei enquanto Emma travava uma luta contra Augustus. Voltei a minha atenção para o ferimento de Christopher, rasguei um pedaço da roupa que usava por baixo da minha armadura e peguei uma das mãos dele para que ele apertasse.

— Prometa que não vai parar de fazer pressão! — eu disse e ele assentiu.

Fiquei de pé e me aproximei dos dois que lutavam em minha frente. Emma fez um sinal positivo para mim com a cabeça e ali eu entendi que era a hora de por em prática todo o treinamento que eu havia tido com ela.

Me pus atrás de Augustus, fora de seu campo de visão, enquanto Emma o distraía com golpes medianos. E quando ele achou que podia avançar sobre ela, Emma o acertou com um chute bem no meio do peito, o fazendo cambalear para trás, direto na minha direção.

Segurei firme no cabo de minha espada e quando Augustus chegou perto o suficiente, eu chutei suas pernas para que ele caísse de joelhos, depois segurei seu queixo, erguendo sua cabeça e finalmente, cortei o seu pescoço, dando um fim em tudo aquilo.

Seráfia Onde histórias criam vida. Descubra agora