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Dulce

Eu olhava fixamente para Christopher enquanto ele tomava o café que eu havia preparado. Estávamos em silêncio a muito tempo e eu realmente não fazia ideia do que dizer primeiro, ou se eu deveria apenas escuta-lo.

— Você viu a queima das bruxas, não é? — ele começou. — Eu nunca me senti tão mal com a pena de morte de alguém. Eu deveria ficar assim? Elas eram culpadas. — franziu a testa. — Será que fizeram algum feitiço para me deixar com remorço? — ele olhou para mim esperando uma resposta.

— Por que você continua voltando? — perguntei após alguns segundos em completo silêncio. — Eu estava indo bem, de verdade. Mas você continua aparecendo e interferindo na minha vida. — Christopher mirou o chão e soltou um longo suspiro.

— Não consigo ficar longe de você, desculpe. Eu sei que deveria, mas é mais forte que eu. Eu me senti tão mal com a queima das bruxas que só consegui pensar em uma pessoa capaz de me acalmar. — encarou-me. — Você.

— Muito bem, você quer resolver um conflito e eu vou te ajudar a resolver. Mas depois, quero que vá embora e por mais que deseje, não me procure. — Christopher assentiu devagar. — Talvez você só esteja assustado com as mudanças no reino, afinal, durante o reinado de seu pai nada assim jamais aconteceu. Rei Victor nunca considerou criar uma caça às bruxas. — fiz uma pausa. — Talvez porque ele soubesse que nem sempre matariam as pessoas culpadas.

— Acha que a caça às bruxas é inconsistente?

— Eu acho que pessoas inocentes já pagaram por coisas que não cometeram e que não será diferente com essa caça.

— Isso não ajuda a me sentir melhor. — fez uma careta.

— Olhe, de qualquer forma, não é culpa sua. Você tornou responsabilidade do seu povo escolher se queriam que esse tipo de coisa acontecesse ou não. Foi muito inteligente, na verdade. Colocou todo esse peso nos plebeus.

— Apenas naqueles que votaram a favor. — foi claro. — Eu não queria fazer nada que o povo não quisesse. Mas ao mesmo tempo, não sei se foi uma boa ideia.

— Aquelas mulheres mataram três bodes e usaram o sangue deles para desenhar símbolos nas paredes de um estábulo. Talvez elas não fossem bruxas, mas mataram três animais que não eram delas... então... não sei. — dei de ombros. — Algum mal elas tentaram fazer.

— Sim. — mesmo concordando, ele ainda parecia chateado.

— Majesta... Christopher? — ergui o seu queixo para que ele me olhasse. — Não precisa sentir-se assim. Você deu ao seu povo o que ele queria. É um bom rei e apesar de tudo o que fez comigo, é uma boa pessoa.

— Realmente pensa assim?

— Eu não sei até que ponto tudo o que compartilhamos era verdade, mas você me mostrou ser uma pessoa de luz, alguém que eu certamente teria amado manter perto de mim até o fim de meus dias.

— Não existia nada de falso nas minhas declarações e nos sentimentos que eu demonstrava. Nunca senti nada tão verdadeiro. — ele ergueu sua mão e tocou o meu rosto de forma carinhosa. — Se eu pudesse escolher, você seria a minha rainha agora e eu te trataria como uma deusa. — fechei os olhos sentindo aquele toque e um sorriso involuntário surgiu em meus lábios.

Senti quando ele aproximou o seu rosto e depositou um beijo leve em minha bochecha. E foi fazendo um caminho de beijos até chegar em minha boca. E mesmo que eu entendesse que aquilo não deveria ser feito, os sentimentos me tornavam fraca, incapaz de negar os meus instintos.

Christopher me beijou, apoiando uma de suas mãos em minha cintura e a outra em minha face, trazendo-me para mais perto a cada movimento de nossos lábios.

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