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Christopher

Estava tudo escuro, a última coisa que me lembrava foi de sentir uma forte dor em minha cabeça, ouvir um zumbido agudo em meu ouvido e por fim, tudo ao meu redor sumiu, tornando-se apenas um borrão irreconhecível. E quando eu abri meus olhos e a luz invadiu minha retina, aquela dor de cabeça retornou, muito mais pesada dessa vez.

Levei minhas mãos até a cabeça e tentei sentar, mas duas mãos me impediram, fazendo-me voltar a deitar. Olhando melhor em volta, eu notei que estava em minha cama, nos meus aposentos. Ao meu lado, estava Dulce. Ela usava um tecido molhado com um forte cheiro de ervas para limpar um ferimento em minha testa.

— Melhor não se esforçar. — ela disse.

— O que aconteceu? — perguntei.

— Você se soltou, tentou me impedir de acender a fogueira e então, a Emma te acertou e você desmaiou.

— Quem é Emma?

— Uma das mulheres do acampamento. — falou sem olhar diretamente para mim.

— A Eliza... você... — eu não conseguia fazer aquela pergunta.

— Eu precisava. — ficou séria. — Edgar permitiu que viéssemos para o castelo, já que não tem mais o que fazer em relação a nós.

— Meu Deus... — fechei meus olhos tentando assimilar tudo o que estava acontecendo.

— O Edgar me contou. — pousou a mão sobre o meu ombro. — Sinto muito pelo seu filho.

— Ela me manipulou. — eu sentia a necessidade de me explicar.

— Eu sei, ele me contou. Faz muito tempo que descobriram que ela estava grávida? — neguei com a cabeça. — Christopher, eu realmente sinto muito se você está triste com isso, mas eu não iria parar mesmo se soubesse antes.

— Pelo menos, eu posso morrer sabendo que não poderia fazer nada.

— Tenho certeza que não foi a sua única chance de ter um herdeiro.

— Eu não queria um herdeiro, Dulce. Eu só aceitei porque ela já estava grávida.

— E quem vai ficar no seu lugar depois de sua morte? — arqueou a sobrancelha.

— Não sei, um filho seu, eu diria. — vi ela dar um rápido sorriso de canto. — Sabe que ainda será caçada, não sabe?

— Sim, pelo rei de Atenas. A propósito, nós matamos os padres, acho que você vai precisar de outros.

— Dulce...

— Eles estavam fazendo uma chacina! — eu assenti devagar.

— Eu posso não dizer ao rei de Atenas que a culpa foi sua. Digo que fomos atacados por um grupo de bandidos e que mataram a Eliza que estava sob a minha proteção. A culpa será minha.

— E aí ele declarará guerra ao reino. Meus amigos moram aqui, Christopher. Eu já perdi a minha mãe, não quero perder mais ninguém.

— E eu terei que ficar ainda mais tempo longe de você?

— Temo que sim. — ela levou sua mão até meus cabelos e começou a acaricia-los. — Eu posso ficar aqui esta noite, caso você queira.

— Sim, por favor. — sorri de lado. — Nem preciso dizer o quanto eu preciso de você, não é?

— Eu também preciso de você. Eu confesso que estava com muitas dúvidas na minha cabeça, mas ver você de novo me fez sanar todas elas. Como eu pude pensar em te esquecer?

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