8

1.3K 133 61
                                    

Dulce

Como todos os dias, eu fui até o bosque e esperei por Daniel embaixo das macieiras. As horas foram passando e o sol já parecia querer ir embora, me dando a certeza de que ele não viria.

Levantei, limpei a grama de minhas roupas e quando estava prestes a ir embora, ouvi um cavalo aproximar-se. Abri um sorriso instantâneo achando que Daniel estava a chegar, mas não era ele.

— Oi, Dulce! — Anabel disse.

— Oi, Anabel!

— O meu irmão me fez vir até aqui para dizer que ele não poderá vê-la hoje. — ela parecia desconfortável.

— Aconteceu alguma coisa?

— O rei não está no castelo e o príncipe atarefou um pouco o meu irmão.

— Por que ele mandou você aqui sozinha? Pode ser perigoso.

— Bem, eu sou a única pessoa que a conhece e não se preocupe por eu estar sozinha, eu e a Gamora corremos muito rápido. — fez carinho em sua égua. — Quer que eu a leve em casa?

— Não precisa. — sorri de lado. — Ele vai poder vir amanhã?

— Ele não sabe, então pediu que você não saia de casa. Se ele for vê-la, irá até você.

— Tudo bem.

— Eu jurei que não ia mais me envolver... — suspirou.

— O que? — franzi a testa.

— Dulce, você é muito bondosa e eu não sei se deveria ficar tão perto do Daniel.

— Por que diz isso?

— Eu não estou dizendo que ele é uma má pessoa, porque ele não é. Meu irmão tem o coração mais puro que eu já vi. A questão é que talvez ele machuque você mesmo que não tenha essa intenção.

— Eu não estou entendendo...

— Quer saber? Esquece que eu disse isso. — riu. — Eu não vou me envolver, não é da minha conta. Até mais, Dulce.

— Até. — acenei para ela.

No caminho de volta para casa, não parei de pensar nas palavras de Anabel. O que ela queria dizer com "talvez ele machuque você"? O que Daniel estaria me escondendo?

Quando passei em frente à taverna, vi o dono expulsar Ronald de lá. Ele estava bêbado e reclamando que não tinha bebido o suficiente.

— Ron? — o chamei.

— Dulce! — ele abriu os braços vindo até mim. — Como é bom te ver! — me abraçou jogando seu peso contra meu corpo.

— Você tem que ir para casa. — eu disse.

— Só se você me levar.

— Está bem, apoie-se em mim. — ele jogou um de seus braços sobre os meus ombros e nós começamos a andar em direção à sua casa.

— Olha aquela lua lá em cima! Gorda e brilhante... parece a minha tia Guidea suada. — gargalhou.

— O que deu em você? Não é de beber assim.

— Sabe, Dulce... a vida parecia fácil quando você não tinha ninguém. Tudo bem que me rejeitasse, ninguém iria tocar em você de qualquer forma. — cambaleou um pouco para a direita e eu tive que usar minha força para mantê-lo de pé. — Agora tudo se complicou.

— Nós já conversamos sobre isso.

— E o pobre Ronald terá que aceitar. — riu. — Você me odeia, não é? Pode dizer.

Seráfia Onde histórias criam vida. Descubra agora