No Seu Mundo - entre Razão e a Emoção {parte I}

41 - FUGA

Mau acordou com o sol nascendo baixo batendo no rosto, abriu os olhos devagar para acostumar com a claridade. Todas as cortinas da grande sala estavam abertas. Ele olhou para os lados e viu que não eram janelas e sim paredes de vidro, com uma vista bem bonita da propriedade lá fora que ele não tinha percebido ontem no escuro, as demais e poucas paredes de alvenaria que completava o ambiente eram revestidas de madeira também no tom carvalho. 

Ainda estava abraçando a Juliah que dormia tranquilamente encostada em seu peitoral, um de frente para o outro. Com cuidado para não acordá-la Mau a solta e senta espreguiçando com o corpo meio dolorido de dormir no chão na mesma posição a noite inteira. De repente ele escuta um carro dando partida saindo, e começa a ouvir sussurros e alguma coisa batendo suavemente, ele levanta na mesma hora devagar e vai em direção ao barulho. Tinha mais alguém na casa.

_ Deixe aqui na mesa. - Mau parado atrás da porta escuta vozes falando e abre com tudo fazendo o casal de idosos lá dentro pularem de susto…ele ficou sem ação observando algumas caixas com mantimentos.

_ Ohhh o senhor nos assustou!!! - a mulher por fim fala quebrando o silêncio.

_ Eu que peço desculpas. - Mau diz sem jeito.

_ Você é o Sr. Smith que está acompanhando a Srta Rickel?

_ Sim... - ele responde desconfiado de como esses dois que ele nunca viu na vida sabiam seu nome.

_ Me chamo Jonathan Eragon e essa minha esposa Lauren, somos os caseiros, moramos numa casa lá embaixo logo após o lago, esse interfone… - ele aponta um telefone na parede. - _ ... tem linha direta conosco, o que precisarem é só chamar.

Mau volta a olhar as caixas que estavam no chão, a mulher fala rapidamente.

_ A Sra. Ryckel ligou ontem a noite avisando para abastecer a casa, pois a Srta. e o Sr. já estavam aqui para passar o final de semana, peço desculpas por só trazer hoje, pois os mercados da cidade já estavam fechados na hora que vocês chegaram e os entregadores só conseguiram vir agora. Nós somos acostumados a receber uma lista com antecedência das preferências de cada hóspede para comprar tudo adequadamente e melhor servi-los, mas foi tudo tão de repente que espero que esteja a seu gosto.

_ Está tudo ótimo...obrigado… - Mau diz coçando a nuca, descobriu como eles sabem seu nome, que os pais da Juliah também sabem e ainda querem que ele fique.

_ Tem casacos, gorros, cachecol, luvas e roupas quentes nos closets, faz muito frio aqui a noite e nem sempre as visitas trazem roupas apropriadas para vestir, pode usar a vontade. - o homem completa.

_ Quer que eu prepare o desjejum de vocês? - a senhora pergunta.

_ Não... não precisa, nós dois mesmo fazemos. - Mau responde rápido.

_ Qualquer coisa é só chamar. - o casal saem pela porta da cozinha.

Mau não está interessado nisso agora, ele volta para a sala e encontra Juliah espreguiçando começando a acordar. 

_ Bom dia… - ele diz voltando a sentar ao seu lado.

_ Bom dia...não acredito que dei esse trabalho todo para você. - a garota diz sentando meio chateada.

_ Ficar com você não é trabalho nenhum, até porque me poupou de ficar tentando te convencer a ficar, então eu só cheguei. - ele diz sorrindo, mas logo o sorriso se desfez quando ele vê a marca vermelha meio roxa um pouco acima do pulso direito da garota, marca como se alguém tivesse apertando e torcido com muita força.

Mau trava forte seu maxilar e tenta controlar sua respiração para parecer calmo, mas por dentro estava fervendo de raiva. Não se conformava alguém ter a coragem de fazer mal a ela nesse ponto.