No Seu Mundo - entre Razão e a Emoção {parte I}

24 - ANJOS DE PATAS

O sábado amanheceu ensolarado, como não tinha nenhuma grama para cortar, Mau acordou sem pressa, conseguiu tirar o sono atrasado da semana puxada de provas que teve. Depois de um banho rápido, veste uma calça de malha preta, camiseta branca que para variar também ficou apertado no seu peitoral e bíceps avantajado, seu All Star e desce tomar o café da manhã.

_ Bom dia mãe. - diz pegando uma torrada e já saíndo.

_ Senta para comer direito! - sua mãe tenta em vão fazê-lo ficar.

_ Na volta eu como. - diz pegando o capacete que estava no chão e sai rápido.

Não tinha nada urgente para fazer, só queria ir na academia treinar um pouco, precisava desestressar. Ele vira a esquina e pega a Brompton Road sentido sul, é uma avenida comprida que acaba na ponte de divisão da cidade, estava tranquila naquele horário.

Mau para no semáforo que está fechado para ele, quando cruza na sua frente um carro grande, chic, preto e impecavelmente brilhante... apesar dos vidros escuros fechados ele reconhece na mesma hora, é o James chofer da família Ryckel. - "O que ele está fazendo nessa região?" - ele pensa muito curioso, não via nada na zona norte que interessasse os Ryckel.

Chegou a pensar que estava perdido, Mau acorda de seus pensamentos com uma buzina atrás dele avisando que o semáforo abriu, porém ao invés dele continuar reto o seu caminho resolve virar e seguir o carro mantendo uma certa distância, para saber o que James queria por ali. Depois de algumas curvas o carro estaciona, e Mau para na esquina mais longe, ele vê James sair do carro, abrir a porta de trás e Juliah sai de dentro, vestida com uma leg, camiseta, All Star e uma pequena bolsa tira colo, todos pretos.

"O que ela está fazendo aqui no subúrbio?" - pensa curioso, ele sabe que não é um lugar seguro, não para ela sendo filha de quem é. Para surpresa de Mau, ela entra numa propriedade e James vai embora deixando-a sozinha.

"Mais o que??? Esse irresponsável não pode deixar ela aqui sozinha???" - ele pensa realmente preocupado agora.

Liga a moto e vai até onde James a deixou e para sua surpresa de novo tem uma placa escrito ANJOS DE PATAS.

"É a ONG do projeto que ela perdeu por minha culpa!" - ele pensa abismado do local ser tão perto da casa dele. Da um leve sorriso vendo as asinhas no logo, parecidas com a que usou na Festa da Primavera. - "Ela realmente é um anjo".

Mesmo sabendo que ela trabalha para causas animais e estava acostumada a ir nesse lugar, Mau não conseguia sair dali, estava desconfortável, o lugar realmente era exposto demais e qualquer um poderia entrar. Ele cresceu nessa região e sabe o quanto o lugar é perigoso...é bem comum noticiários de assaltos a mão armada nos comércios, casa ou pessoas andando na rua, imagine o que o bandido faria se descobrisse filha de quem ela é!! Seu instinto protetor estava falando mais alto agora, não ia conseguir simplesmente dar as costas e sair de lá.

Depois de hesitar um tempo resolve conhecer o local, tira o capacete, desce da moto e para por um momento em frente da construção observando, era uma casa grande térrea porém antiga pintada toda de branco, tinha um portão bem baixo em toda a frente também pintado de branco, a entrada principal da casa era numa pequena varanda de madeira apenas com um porta, ele entrou e bateu, mas ninguém atendeu, bateu mais forte e nada de vir alguém, já estava ficando impaciente se fosse em outra situação teria ido embora mas Juliah estava lá dentro e ele queria ter a certeza que ela estava bem.

Ele gira a maçaneta e empurra a porta que estava aberta. - "Mas que absurdo, qualquer um mesmo pode entrar aqui". - ele pensa mais preocupado e levemente irritado

_ Oi...tem alguém aí? Eu estou batendo na porta mas ninguém atende! - ele fala alto mas não vê ninguém, Mau realmente começa a ficar impaciente e anda devagar casa adentro por um corredor com várias pequenas salas que pareciam ser de consultório. O corredor termina em outra varanda só que grande dessa vez, com uma escada que dava numa espécie de quintal bem grande, uma área aberta onde ouvia latidos ao longe.