28 - NAMORADA

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Mau acorda tarde, demorou para dormir ontem pensando no sábado agitado que teve. Não tinha nada importante para fazer além de adiantar alguns exercícios do colégio, colocou uma calça de malha cinza claro para tomar café. Desce as escadas se espreguiçando descalço e sem camiseta.

_ Bom dia mãe. - diz sentando na cadeira da mesa pegando uma caneca para encher de café.

_ Bom dia filho. - ela chega beijando a testa do rapaz, o cabelo dele estava um caos e ela pensa em arrumar, Mau imediatamente afasta a cabeça quando vê a mão da sua mãe se aproximando.

Sandra sorri sentando na frente do filho, desde os seus 4 anos de idade Mau já brigava quando mexiam em seu cabelo e a partir dos 7 anos nunca mais deixou ninguém mexer além do barbeiro...até agora pelo menos. - _ Ah verdade ...esqueci que só a Juliah pode arrumar o seu cabelo.

Mau para por um instante o que estava fazendo entortando a boca, percebe que a mãe o pegou. Começa a passar manteiga no pão.

Comem silenciosamente. Mau está com os olhos abaixados, mas sabe que sua mãe vai falar alguma coisa, e é o que acontece.

_ Você está gostando da garota não é?

_ Ela é uma amiga. - ele responde rápido de boca cheia ainda olhando para baixo.

_ Ela é sua amiga e você está gostando dela...está melhor assim?

_ Mãeeeeeeee... - Mau repreende.

_ Ela é um encanto de garota, educada, delicada, bondosa, generosa, um coração de ouro, eu sempre soube que quando você fosse gostar de alguém seria exatamente assim...como ela.

Ele olha para a mãe já sabendo que ela ia continuar. - _ Mas...?

_ Mas eu não sei se ela serve para você meu filho...

Mau volta a abaixar seus olhos suspirando pesado. - _ Eu já sei disso...não sei porque todo mundo toda hora insiste em ficar repetindo o que eu já sei.

_ Filho eu...

Ele levanta o olhar para a mãe. - _ Eu sei mãe...ela é só uma amiga e aceite só isso como resposta...para quê todos querem saber mais o que eu sinto se é para ficar aconselhando o que eu já sei. Eu estou me mantendo na droga do meu insignificante lugar.

_ Você não é o insignificante!!

_ Perto dela eu sou...eu sou um nada...não sou ninguém. Só a casa dela e do tamanho desse quarteirão inteiro, a propriedade do tamanho do nosso bairro. Tem uma lago particular com cachoeira no meio do jardim da casa dela. Quem em sã conciência tem isso numa casa só para "enfeite"? O que as empresas do pai dela fatura num mês é o PIB do nosso estado inteiro.

Sandra fica em silêncio.

_ Mas ela não liga para nada disso...ela achou aqui especial, ela se sente melhor nessa casa do que na mansão em que vive...e eu consigo entender o porquê, eu consigo entender ela...a Ju é diferente de qualquer pessoa que eu já conheci na minha vida...

Sandra ainda fica em silêncio.

_ Somos iguais em tudo...mesmo gosto, mesmas preferências, mesma linha de raciocínio...nós nos aproximamos porque nos atraímos um pelo outro. Não consegui conversar com mais ninguém naquela droga de colégio burguês, mas com ela sim e nós nem sabíamos direito quem éramos ainda...só que existe uma única coisa entre nós que abriu um verdadeiro abismo. - Mau dá uma pausa se referindo ao dinheiro. - _ Mas para amizade, isso não tem importância...por isso aceite sem questionar quando eu falar que somos só amigos e nada mais...e não quero falar mais nesse assunto novamente.

No Seu Mundo - entre Razão e a Emoção {parte I}Onde histórias criam vida. Descubra agora