Ducati e Paparazzi

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      Eu já havia completado um mês no café. Sabia todas as minhas atividades de cor e fazia tudo com naturalidade.
Ainda tinha dificuldade em entender com rapidez o que não estivesse no cardápio. Mas isso não era de todo um problema. 

      Tom corria todas as manhãs acompanhado de Koul. Ele me saudava sempre que nos víamos, mas era isso. Comecei a me odiar por não saber como me aproximar mais. 

      Mas aí, comecei a cair na real e pensar no que isso resultaria.
Eu só tenho mais onze meses aqui. Meu contrato me proíbe até de namorar. Eu seria despachada imediatamente se me envolvesse com alguém. 

      Só que hoje, eu mudaria isso. Quando meu turno chegou ao fim, aguardei Ayla chegar para lhe pedir um favor. Graças a uma manhã de turismo, ela chegou mais cedo. 

— Hm, vejo que você já é quase uma Londrina — lhe disse quando a vi se aproximar vestindo roupas bem mais leves e casuais nesse frio. 

— Oh, isto? Ganhei de presente antes de vir. Esse é meu terceiro intercâmbio — Revelou ela com simplicidade — Mas você não deveria estar subindo? Já passou do seu horário. 

— É, eu queria falar com você. Na verdade, pedir um favor. 

— Bem, se eu puder ajudar... 

— Eu estava pensando se você não poderia trocar de turno comigo. Nem que fossem apenas algumas semanas. 

      Ela ficou em alerta pelo meu tom — Alana, está tudo bem? — Me questionou baixinho, olhando para os lados. 

— Sim, eu só queria dormir até mais tarde e conhecer o outro lado da clientela. 

      Minha desculpa não lhe convenceu, mas ela aceitou. 

— Só precisamos informar Mr. e Mrs. Thomas antes. Mas, por mim, amanhã já está valendo. 

— Ótimo! Fico te devendo essa. 

      Meu plano funcionou. Não via Tom há exatos sete dias. A clientela da tarde era mais jovem e acabei gostando da troca. Mas, minha paz durou apenas esses dias. 

      Eu estava na mesa externa, anotando um pedido, quando avistei uma Ducati branca estacionar e um Tom nervoso descer dela, trazendo o capacete na mão. 

— Oi! Você por aqui? — Mal terminei de formar uma frase e o vi entrando feito uma bala na cafeteria. 

Ele sentou-se em uma mesa ao fundo, perto do balcão. Sua postura era tensa, ele conferia cada canto com seriedade. 

— Aconteceu algo? — Eu quis saber, preocupada. 

— Não. Me perdoe, Alana. Pode me trazer o menu? 

      Estranhei, ele conhecia o menu. Mr. e Mrs. Thomas apareceram e me pediram para atender as outras mesas. 

Quando finalizei, Tom acenou para mim e fui até ele. 

— Precisa de algo? Posso chamar os Thomas — Ofereci já sem simpatia alguma. Se ele tinha problemas, ótimo. Mas eu não tinha culpa.

— Sim. Pedir desculpas pelos meus modos. Acho que posso esclarecer o que houve. Assim, você não pensa que sou um Neanderthal. 

— Isso seria bom. 

— Eu costumo usar o café como rota de escape. Estava fazendo um teste com a moto e vi que haviam paparazzi.
Até aí, tudo bem. Só que começaram a me seguir e eu não gostaria de ter meu endereço estampado em sites e revistas. 

— Compreendo. Mas acha que vão encontrar você aqui? 

— É possível. A moto está na calçada. 

      Nesse momento, Mr. Thomas chegou e disse que seria melhor levar a moto para outro local, pois os dois paparazzi estavam fazendo fotos dela na calçada. 

—Você vai ter que ficar aqui por algum tempo. Onde está Koul? 

— Está no petshop. Aproveitei que ele estaria fora para fazer esse teste. Vou ligar e pedir que fiquem com ele até eu poder ir buscá-lo. 

      Eu já desconfiava das intenções de Mrs. Thomas. E hoje, tive plena certeza delas. 

—Alana, querida. Seu turno já está quase no fim. Por que não usa a saída de emergência e leva o Tom para passar algum tempo lá em cima até as coisas se acalmarem? Será questão de tempo até entrarem aqui e o encontrarem.

Esse lá em cima era o meu kitnet. 

Mal ela sabia que as coisas poderiam ficar mais... Quentes se me deixasse sozinha com esse pobre homem indefeso. 

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Se você está gostando da história, poderia me dar uma estrelinha? Isso me ajuda a conseguir mais visibilidade. Te vejo no próximo capítulo. ;)

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