Minha irmã se encarregou de organizar minha mala. Me despedi, prometendo buscá-las em breve.
Partimos do Brasil ainda pela manhã. Não sei bem a que horas chegamos em Londres, só sei que já estava escuro. Tom me aguardava dentro do carro, ele estava sozinho. Usava óculos escuros, apesar de ser noite e tinha o semblante carregado enquanto olhava a tela do celular.
— Vá em frente, eu resolvo a questão das malas — Disse-me Frank e eu corri para o carro.
Passei tantos meses sem vê-lo, sem falar com ele que só conseguia admirá-lo de longe. Ele notou minha presença e abriu a porta para mim.
— Que saudade... — Apertei Tom já com os olhos cheios de lágrimas.
Ele me afastou e me analisou quase como sem acreditar.
— Você tem noção do quanto eu senti a sua falta? — Ele também tinha os olhos marejados.
Nesse momento, sua mão tocou minha barriga.
— Como isso aconteceu? — Tom estava descrente.
— Até parece que você não sabe — Sorri, finalmente recebendo um beijo.
Era como respirar depois de muito tempo. Não havia nada que eu pudesse fazer. De agora em diante, eu estava rendida a ele irrevogavelmente.Tom, por sua vez, parecia prestes a explodir com alguma coisa entalada. Ele estava tenso e mil vezes mais atento à mim.
— Vamos, você precisa de descanso. Amanhã será outro dia.
Decidi dar-lhe tempo para me contar o que quer que o estivesse preocupando.
Naquela noite, Tom dormiu comigo presa a ele, como se estivesse com medo que eu sumisse novamente.
Woof. Woof.
Senti algo pesado se enroscar nas minhas pernas. Tom velava meu sono.
— Koul!!! — Me sentei e acariciei aquele urso.
— Eu não ganho nada? Você passa meses fora e sua atenção é só para ele — Tom agora fazia cara de pidão.
— Eu sou toda sua, amor. Não vou à lugar algum sem você — Respondi.
— O que você disse? — Tom estava incrédulo.
— Que sou sua.
— Não, a outra parte.
— Amor?
— Repete? — Ele fechou os olhos e respirou fundo.
— Amor.
— Eu sou o seu amor?
— Sim, Tom White. Eu amo você.
— Me perdoe. Por um descuido, quase a deixo ir — Ele me abraçou forte.
— Do que você está falando? Vamos, o que quer que seja, você pode me contar — Havia algo estranho nisso tudo.
— Karen.
— O que tem ela? Eu preciso agradecê-la por tudo.
Tom fechou a cara e eu não sabia o que tinha dito que pudesse tê-lo chateado tanto.
— Amor, ela não fez nada por gostar de você, era tudo para se livrar de você. Ela havia me dito que você precisou voltar ao Brasil, mas que me ligaria. Eu esperei seu contato, mas nunca aconteceu. Tentei ligar para você, mas a linha foi cortada. Ela lotou minha agenda de trabalho, impulsionou possíveis casos com as atrizes da série na Internet... Eu fiquei devastado, me sentia usado.
Deixei de correr até a cafeteria porque estava magoado. Até que um dia, Frank foi lá e descobriu que você estava grávida e que a última vez que fora vista, foi na companhia da agência. Uma coisa levou à outra e eu consegui te rastrear de volta no Brasil.
Eu estava chocada! Não havia outra palavra. Como eu não desconfiei? Quase tive meu bebê sozinha, quase perdi o amor da minha vida. Mas tentei ver pelo lado positivo.
— Tom, apesar de tudo, ela cuidou de mim. Até um bom emprego ela providenciou. Não foi de todo uma carrasca comigo.
— Mas ainda assim, eu quase a perdi. Você criaria sozinha um filho meu, que eu nem saberia da existência. E não sabemos se vocês corriam risco com ela, se tem algum problema psicológico... Eu tremo só de pensar que poderia...
— shhhh — O silenciei, acalmando-o — Mas seu plano não funcionou. Estamos juntos e bem e graças à Mrs. Thomas. Santo Deus, eu preciso vê-la, me desculpar e lhe agradecer...
Mas dessa vez foi Tom que precisou me desacelerar — Você precisa é descansar. Não foi sua culpa. Além do mais, agora você está sob a minha responsabilidade e terá todo o tempo do mundo para se habituar novamente.
— Eu sei. Está bem — Eu disse, aninhando-me na proteção de seus braços.
— Contratei um agente. Ele está com todas as tarefas de Karen. Mudei também todas as minhas senhas. De agora em diante, você resolverá qualquer assunto apenas comigo. Combinado?
— Combinado.
Mas aí eu lembrei do problema.
— E quanto à Karen, onde ela está? O que vai acontecer de agora em diante?
— Ela sumiu. Deixei um recado dizendo que, contanto que nunca mais ousasse aparecer na minha frente, não tomaria medidas judiciais, apesar de não haver muitas alternativas, no momento.
— Ficaremos bem. Confio que ela não quis nos fazer tanto mal assim.
— E eu acho que você é um anjo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mr. White, Mr. Right
RomanceOs clichês de filmes românticos acontecem quando menos se espera. Quem imaginaria que um intercâmbio em um mundo pós-pandemia renderia a Alana os melhores e piores momentos de sua vida? O destino - que as vezes usa pessoas e, nesse caso em especial...