Do Céu ao Inferno

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Tom

Assim que vi o nome da minha mãe na tela do celular e fiz as contas, soube que ela não me ligaria no meio da madrugada se não fosse urgente.

- Mãe? - Respondi no primeiro toque.

- Filho, é a Alana. Está na hora. Ela ainda não foi para o centro cirúrgico, mas é possível que vá em instantes - Minha mãe falava de um jeito calmo e eu sabia que ela não queria me alarmar.

- Estarei aí assim que possível - Eu disse, jogando meus documentos e alguns pertences em uma mochila. Koul estava em alerta.

Ainda enfrentei um pouco de burocracia devido ao voo de emergência, mas conseguimos chegar a tempo.

- Está demorando mais do que eu pensava. Algo está errado - Ouvi minha mãe dizer assim que dobrei o corredor.

- O que há de errado? - Perguntei ao mesmo tempo que a abraçava.

Nessa hora, uma enfermeira saiu com uma criança nos braços. Era meu filho.

- É o meu neto? Como está a mãe dele? - Minha mãe a interceptou.

- Tenho que levá-lo para o berçário e fazer exames. O médico falará com vocês em breve - A enfermeira parecia nervosa, ela estava escondendo algo.

- Filho, ela estava com muito medo. Parece que previa ou sentia algo. Pediu para lhe dizer que o ama muito - Abracei minha mãe em busca de consolo. Alana tinha que sair dessa sala viva.

Mais de quarenta minutos se passaram e o médico saiu com ar de cansaço.

- E então, como ela está? - Eu falei primeiro.

- Ela está sedada. Teve hemorragia logo após o parto e duas paradas respiratórias. Tivemos de administrar duas bolsas de sangue. Por pouco não a perdemos.

- Quero vê-la.

- Assim que estiver instalada no quarto, o senhor poderá ficar com ela. Com licença - O médico se afastou.

Um dia se passou para que eu pudesse ouvir a voz de Alana novamente, ela parecia fraca.

- Você veio.

- Oi, amor... Claro que vim.

- Eu me sinto estranha, fraca.

- Você nos deu um baita susto. Teve hemorragia e duas paradas respiratórias. Recebeu duas bolsas de sangue. Foi difícil trazê-la de volta - Lhe atualizei.

- O bebê...

- Sim, nosso menino lindo e forte. Ele está bem. Vou pedir para trazê-lo.

- Como eu te amo - Ela disse, suspirando.

Minha mãe entrou no quarto nesse momento

- Não disse que você mesma falaria com Tom? - Ela disse feliz.

Talvez fosse a anestesia, mas Alana estava aérea.

- De quem recebi sangue? - Ela perguntou.

- Do banco de sangue do hospital, amor - Eu disse-lhe.

Minha mãe saiu e quando voltou, uma enfermeira a acompanhava, com nosso filho nos braços.
Alana o pegou e o olhava como se estivesse fazendo algum esforço mental.

- De quem recebi sangue? - Ela perguntou novamente e eu percebi que isso não podia ser normal. Seus lábios perderam a cor em questão de segundos. Eu ia perdê-la.

- Mãe pegue o bebê de volta, por favor - Minha mãe se apressou e quase não deu tempo. Alana fechou os olhos, como se caísse em um sono profundo. Mas sabíamos que não era isso, pois as máquinas presas a ela começaram a disparar.

Apertei o botão de emergência ao lado de sua cama e gritei - Um médico!

Em instantes, uma equipe entrou e realizou diversos testes de pupila, pressão... Enquanto a parte de cima de sua cama era rebaixada para que outro profissional conseguisse acesso para o respirador.

- Salvem-na! Por favor... - Fui arrastado para fora.

Alana foi levada novamente para outra cirurgia. Eu teria que contar à sua família. Pedi a Frank que entrasse em contato com sua irmã.

Eu andava nervoso naquele corredor, encarando as portas pesadas de metal. Não havia outra opção, Alana precisava aguentar. Ela tinha que voltar.

- Calma, Tom. Ela vai ficar bem - minha mãe disse e eu queria que ela estivesse certa.

Depois de horas, finalmente a vi sair já acordada e meio grogue do centro cirúrgico, mas dormiu e despertou várias vezes depois disso. Sua mãe e irmã viriam para cá no primeiro voo.

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Ahá, queria matar a Alana assim, do nada, senhorita camargolua? :D

Mr. White, Mr. Right Onde histórias criam vida. Descubra agora