CAPÍTULO 02 - Bar dos Ardos

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Marina.

Eu estava dentro do Uber e tinha acabado de passar o endereço do bar onde Rui e Vitório estavam se embebedando para ir me juntar a eles quando eu vi: Maurício tinha acabado de postar uma foto com outra garota e uma legenda melosa de começo de namoro que me fez revirar os olhos ao mesmo tempo em que meu coração parecia se partir em mil pedacinhos.

Maurício estava namorando uma loira linda chamada Carolina.

Maurício, o meu Maurício, estava namorando uma loira linda chamada Carolina duas semanas depois de terminar comigo porque não queria assumir nenhum compromisso sério.

Era como tomar um enorme tapa da cara, como se a vida dissesse que o problema era eu e não o compromisso em si. E o pior é que eu nem realmente podia culpá-lo, porque ele continuava lindo e solteiro no Espírito Santo. Bom, aparentemente não solteiro.

Quando o motorista do Uber me deixou em frente ao bar onde os meninos da É Massa! estavam, entretanto, eu não senti mais vontade de ir lá dar risada, então andei para a rua ao lado para procurar outro lugar para afogar minhas mágoas, já que Maurício estava afogando as dele - supondo que existissem, em primeiro lugar - na boca de outra pessoa.

Bar dos Ardos era certamente um nome peculiar para um bar, mas realmente não podia criticar quando o meu pub preferido de Vitória era o Triângulo das Bermudas e tinha um formato estranho porque ficava em uma esquina, na Praia do Canto. Então não pensei muito sobre o assunto quando resolvi entrar, apenas vendo que estava cheio o suficiente para que eu não me sentisse tanto como a forasteira.

Todo o ambiente era diferente. De madeira rústica, com música alta, uma mesa de sinuca no canto, jogos de dardos e cheiro de bebida. Havia mesas espalhadas pelo local, além de um balcão que separava o bar do ambiente onde as pessoas circulavam; uma placa enorme anunciava que eles trabalhavam com a cerveja Eugência, uma cerveja gourmet artesanal que havia ganhado um prêmio pela lei da pureza da Alemanha.

Eu estava tão na fossa depois da foto de Maurício assumindo outra namorada depois de menos de 330 horas que nós havíamos terminado! E ele tinha a cara de pau de escrever na legenda "amor da minha vida <3 te amo hoje e além", por favor, amanhã ele já estaria com outra e ela nem saberia o que aconteceu! Além disso, estava evitando as duas únicas pessoas que conhecia e também estava perdida em uma cidade totalmente desconhecida. Sinceramente, se no "Bar dos Ardos" vendessem garrafas de álcool para churrasqueira já resolveria meu problema. Talvez bebendo, talvez ateando fogo em alguma coisa, talvez os dois.

Puxei uma banqueta e me sentei no balcão, colocando a bolsa no colo e apoiando os pulsos na madeira. O atendente sorriu para mim e pediu um minuto, já que estava com seis canecas na mão, provavelmente enchendo uma rodada de chope para pessoas que tinham companhia, o que definitivamente não era o meu caso. Será que beber sozinha em São Paulo era sinal de independência e auto-suficiência ou ainda era triste e solitário que nem em Vix?

Só vi mais uma pessoa sozinha ali – um cara, igualmente sentado no balcão, com o celular na mão e toda a atenção voltada para o aparelho, alheio ao mundo à sua volta enquanto teclava freneticamente.

— Boa noite, moça — o bartender disse, fazendo com que eu olhasse para ele. Ele era musculoso e tinha um sorriso bonito e gentil, cabelos castanhos espessos e alguma coisa que me lembrava tanto Maurício que me fazia querer vomitar ou voar no pescoço dele ou beijá-lo. Talvez os três ao mesmo tempo. — Já sabe o que vai querer?

— Boa noite — respondi, finalmente vendo que havia um menu na minha frente, com as opções da casa, mas os nomes eram estranhos e nada parecia realmente apetitoso. — Posso pedir uma sugestão?

Amor em Revisão (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora