CAPÍTULO 13 - Eva(risto)

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Marina.

Eu queria tomar todo o crédito daquela decisão sozinha. Eu realmente queria, mas estaria mentindo se dissesse que eu não precisei de um empurrãozinho.

De todo modo, a semana passou de forma calma. Cada um estava trabalhando na sua parte da revista e, no fim, o resultado daquele mosaico estava ficando tão satisfatório que nem Adelaide conseguiu encontrar algo com o que implicar. 

No entanto, depois de uma semana um tanto conturbada, o final de semana parecia estar absolutamente morto. Eu estava na cidade mais incrível do Brasil e não sabia o que fazer. Quero dizer, a chance de me perder andando sozinha era bem grande e eu não podia chamar Felipe porque ele tinha ido visitar os pais e, embora a ideia de me perder com Rui e Vitório fosse interessante, eu não queria parecer uma completa dependente deles, ainda mais agora que eles gostavam de mim e eu queria manter assim.

Foi então que eu resolvi ligar para Bárbara Lopes. E metade do crédito da minha decisão é dela.

— Você tem certeza que não tem nada para fazer em São Paulo? — perguntei, com a cara amassada no colchão, olhando para ela naquela chamada do Skype. — Seria incrível ter companhia.

Ela riu. Seu cabelo escuro estava preso em um coque bem em cima da cabeça e sua pele negra estava brilhando, provavelmente porque Vitória estava quente e com aquela brisa de maresia deliciosa, que era uma das coisas que eu mais sentia falta e da qual eu nunca pensei que realmente sentiria falta porque sempre deixava meu cabelo melado e tornava impossível manter a chapinha por mais de trinta segundos.

— Está nos meus planos te visitar, Mari, mas estou trabalhando até aos sábados, está realmente um pouco complicado nesse momento — ela sorriu, sugando uma golada de refrigerante antes de continuar. — Por mais estranha que eu ache essa amizade entre você e Gava-Casagrande, eles não são uma opção? E com certeza você tem outros amigos além do Felipe.

Bárbara era repórter na antiga É Massa! e tinha decidido ficar em Vitória quando passou na entrevista do jornal A Tribuna, onde conseguiu uma vaga no caderno de política – o que não me impressionava, já que ela entendia tudo desde a câmara de vereadores de Vitória até o Planalto, e conseguia acompanhar projetos de lei que eu nem sabia que existiam –, mas eu sentia falta da sua companhia.

— Gava-Casagrande não são uma opção e as outras pessoas que eu conheço são amigos do Felipe, não faz sentido eu sair com eles sem ele — expliquei e Bárbara franziu o cenho. — Vou virar uma só com o meu colchão novo.

— Eu não quero ser a melhor amiga da tia dos gatos, mas a sua situação não me deixa escolha — Bárbara claramente estava se divertindo com a minha solidão. — Mas você já considerou adotar um animalzinho?

E foi com essa ideia que eu saí de casa e fui parar em uma ONG que cuidava de animais logo após gastar mais dinheiro do que deveria com caminha, potes, brinquedos e ração. Felizmente não havia política contra pequenos animais no prédio.

Fui super bem recebida na sede da Patinhas, que abrigava dezenas de animais que já estavam prontos para serem adotados, com as vacinas e vermífugos em dia. Juliana e Roberto, os voluntários que me atenderam, contaram que a ONG acolhia animais abandonados, resgatava animais feridos da rua e também recebia animais dos quais os donos desistiam - o que era bem triste, mas melhor do que abandonar os bichinhos na beira do asfalto à própria sorte.

Quando eu comecei a espirrar feito uma louca depois de pegar mais gatos no colo do que eu tinha dedos para contar, foi unânime que eu deveria escolher um cachorrinho, então Juliana me levou até onde eles ficavam. Todos eles pareciam super eriçados com a presença de pessoas - provavelmente dela, mas eu fiquei feliz quando eles começaram a lamber minhas mãos quando eu as estendia para fazer carinho.

Amor em Revisão (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora