CAPÍTULO 42 - Boas intenções. Ou quase.

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Marina.

Tudo estava bem. 

A revista estava caminhando de forma próspera e com o recorde de vendas estourando a cada edição — o suficiente para o processo de Paula ser uma lembrança distante, ainda que Maurício ainda estivesse tentando excluir a VixSão da demanda —, os problemas com dinheiro não eram mais uma realidade e ninguém socava grampeadores. G.G. estava plena e feliz e distribuindo queridos e queridas por todos os lados.

Então, nossa maior preocupação era organizar as coisas para ir para Corpus Campos — e a minha mais imediata era escolher queijos. Provolone e gruyère, sem dúvidas, era a melhor combinação para um fondue com pão italiano, por isso eu estava carregando peças enormes para colocar no carrinho que Vitório empurrava dentro do supermercado.

— O que você acha de escolher umas frutas? — Vitório perguntou, assim que coloquei o queijo dentro do carrinho.

Ele tinha feito uma listinha prévia e estava andando com um bloquinho e um lápis nas mãos, como alguém totalmente organizado, enquanto Rui e eu passeávamos pelas prateleiras e escolhíamos comida através das vozes na nossa cabeça.

— Claro — disse eu, já me virando para ir em direção à banca de frutas. — São ótimas para fondue de chocolate.

— Você sabe que não pode escolher toda a comida com base no que fica bom para fazer fondue, certo? — Vitório perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Claro que sabe — Rui disse, se aproximando com diversas garrafas. — Por isso eu estou trazendo álcool para complementar a dieta balanceada do feriado.

Ele colocou com cuidado algumas garrafas de vinho dentro do carrinho (todas as que cabiam nos seus braços, basicamente).

— É por isso que nós não devemos trazer os filhos para o mercado — Vitório disse, voltando seus olhos para a lista e admitindo que tentar discutir conosco era uma batalha perdida. — Ok, molho de tomate.

Então ele saiu empurrando o carrinho em direção ao seu mais novo objetivo.

— Vodca? — Rui perguntou e eu assenti. Vitório olhou para trás só para rolar os olhos.

Comecei a listar mentalmente as frutas que ficavam boas com fondue. Morango e uva, as tradicionais. Manga e abacaxi, menos tradicionais mas ainda bem apreciadas. Kiwi, uma polêmica, mas eu amava. Marshmallow e wafer, que não eram frutas mas ficaram ótimos no chocolate e...

Dedos se entrelaçaram nos meus e eu perdi totalmente a linha de raciocínio ao reconhecer a mão grande de Rui na minha. Sinceramente, São Paulo estava com um clima congelante naquela tarde de quarta-feira pré-feriado, mas de repente eu senti todo o meu corpo esquentando. Talvez porque Rui fosse quente, talvez porque todas as nossas interações tenham tomado outra proporção após termos transado.

Eu olhei para Rui por um segundo antes de puxar minha mão, ainda que no fundo eu quisesse mantê-la ali.

— Aqui não, Vitório vai acabar vendo — eu disse, olhando para os lados e vislumbrando o paizão lendo rótulos sem prestar atenção em nós dois, o que era bom porque se as pessoas soubessem sobre, bem, nós, acabaríamos levando o rótulo de casal e Rui claramente não era desse time e eu não queria terminar o que tínhamos recém-começado porque a pressão popular ia querer um relacionamento estável.

E eu sabia que não podia me envolver demais. Não com Rui Galã. Por mais doce que ele estivesse sendo. E por mais que seus olhos nos meus me fizessem desistir de uma série de convicções.

Ele se posicionou exatamente na minha frente, mexendo nos meus cabelos com as duas mãos.

— A gente nunca fica sozinho — ele disse, colocando uma mecha atrás da minha orelha. — Estou começando a ficar com saudade.

Amor em Revisão (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora