Felipe.
Foram cinco horas de viagem de carro e quatro paradas para Camila fazer xixi, porque ela queria escolher o posto que tivesse um banheiro arrumadinho e não qualquer um — "eu sou uma dama", ou o que ela disse.
Leandro tentou puxar mais de três jogos diferentes, porém Malu dormiu no começo da viagem, Camila não parava de mandar e receber mensagens no celular, e eu ainda estava tentando manter o carro em movimento mesmo que o trânsito estivesse quase nos fazendo andar a 10km/h em uma estrada que eu poderia acelerar até 120km/h.
As vezes eu conseguia ver o carro do Vitório do nosso lado, com a Marina e a sua amiga Bárbara de Vitória — era quase como se o nome dela fosse "Bárbara de Vitória", pois era sempre assim que a Marina se referia a ela — estavam em uma conversa infinita, porém sempre paravam para gritar "Galhardinho", o que eu gostava.
Um caminhão tombou quase cinquenta quilômetros antes da entrada de Campos e havia batatas por todos os lados da estrada — eu tive que controlar o Leandro para não sair do carro e pegar algumas, o que foi difícil, porque a Camila teve que segurá-lo pela blusa e eu pensei que aquele seria o primeiro MMA do nosso grupo de amigos.
Depois de entrar efetivamente em Campos, foi mais meia hora tentando escapar do trânsito do centrinho para adentrar uma rua de pedras e terra que o meu carrinho quase não sobreviveu, mas chegamos lá.
A casa era gigante.
E quando eu digo gigante, eu quero dizer gigante.
Eram quatro suítes, uma sala de jogos e outra de jantar. tinha um gramado imenso nos fundos com um lugar pronto para montarmos uma fogueira e tantas outras coisas que eu não conseguia nem raciocinar.
Eu estava exausto.
Eu estava tão cansado de dirigir quatro horas, me tornar sócio da VixSão e ainda entrar em uma queda de braço com a impressora, que eu apenas me joguei no sofá da sala e me permiti existir.
Até que Rui apareceu com o álcool e a Marina com um baralho.
Eles realmente combinavam.
— Os motoristas estão em greve! — eu berrei, notando que Vitório estava na poltrona ao lado da minha enquanto Bárbara tentava acender a lareira da casa e Leandro tentava ajudá-la.
Daquele jeito, alguém perderia uma sobrancelha e eu esperava que fosse a de Bárbara, pois perder pelos faciais daquela maneira seria algo que Leandro jamais superaria.
— Você tem que colocar o acendedor — ela explicou e eu notei como os nosso capixabas cativos já tinham perdido um pouco do sotaque nestes meses em São Paulo, pois ouvir Bárbara falando era como ouvir Marina no primeiro dia no Bar dos Ardos.
Foi uma época inocente boa, porém a que estávamos agora era muito melhor.
— Álcool para os motoristas! — Camila berrou e Vitório apenas abriu um olho, abrindo um espaço que fosse suficiente para que ela se sentasse com uma taça de vinho tinto.
Desde quando Camila Nogueira tomava vinho? Tinto?
Eu estreitei meus olhos na direção dela, e eu sei que ela sentiu o meu olhar, contudo ela estava extremamente focada em me ignorar, pois virou o seu corpo ainda mais na direção de Vitório e começou a falar sobre a viagem de carro e como eu atropelei uma batata no meio do caminho e Malu achou que era uma pomba.
Falando nela, ela veio na minha direção com dois copos de cerveja e um sorriso que me aqueceu antes mesmo do Leandro botar fogo na casa com aquele seu álcool e gravetos e fósforos.
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Amor em Revisão (Concluído).
Lãng mạnA vida de Marina Carvalho era completamente satisfatória. Trabalhava em um emprego que ela gostava, na cidade que ela viveu desde sempre e tinha um namorado que parecia perfeito. Até que fez as contas e descobriu que as coisas não estavam tão bem:...