Amor em Revisão (Concluído).

CAPÍTULO 34 - Qualquer desculpa pra beber

Felipe.

O restante da semana como um borrão aos meus olhos, pois, por mais que nós já tivéssemos toda a informação sobre a revista que seria lançada naquela semana, tínhamos que revisitar a nossa escaleta de programação das próximas semanas o que requereu todas as minhas forças e atenção.

Era como se eu estivesse nadando e uma grande correnteza me empurrasse pro lado oposto e, de repente, esta correnteza não existia mais e eu estava batendo recordes olímpicos. Eu estava tão pilhado em fazer aquilo acontecer mais do que nunca, que o almoço já não era mais importante, ou o anúncio que o salário iria cair na nossa conta naquela semana ou que a Adelaide foi demitida — na verdade essa última novidade chamou a minha atenção, pois ela foi enxotada com a escolta de dois seguranças e eu quase tive pena dela. Quase.

Eu estava voando e desta vez todo mundo havia embarcado na mesma aeronave para o percurso final.

A Marina me trouxe almoço no dia seguinte do lançamento da nova edição e ela me informou que enquanto a edição física havia vendido 20% a mais do que havíamos previsto — o que era um número muito impressionante — a edição da VixSão+ havia superado em 159% as expectativas de vendas. Aparentemente todo mundo queria comparar a nossa edição com a da nossa concorrente para reclamar delas serem parecidas, porém, depois de verem que não havia nada igual, nossas vendas estouraram.

Eu nunca vi Josué chorar, mas naquele dia, quando ele anunciou os números para nós, eu juro que ele estava com a voz embargada — tipo um um pai anunciando que o seu filho único havia passado em medicina na USP em primeiro lugar.

Por este motivo o Rui e a Tamara decidiram que precisávamos comemorar aquele fato naquele final de semana — já que a festa de lançamento da revista havia sido cancelada por um tempo indeterminado até que conseguíssemos números otimistas o suficiente para não nos preocuparmos em demissões em massa — então deixamos as duas pessoas mais comerciais organizarem o evento, porque, de fato, ninguém mais tinha tempo para isso. No final, acho que estavam buscando qualquer desculpa para beber e só usaram isso como força motriz.

Do dia para a noite o humor no escritório era outro e ninguém conseguia negar que era contagiante.

A Camila escreveu mais matérias em três dias do que em três meses e, pelo jeito, ela havia encontrado a voz financista interior e até começou a estudar para alguns certificados, pois, de acordo com o que ela havia pesquisado, sem tirar o CFP, ela não poderia assessorar ninguém com os seus investimentos — ou seja, ela estava na ilegalidade comigo e com o Leandro.

Nem preciso dizer que o furo que o Vitório descolou foi sobre subornos e negociações de conteúdos exclusivos da nossa maior concorrente, o que nós guardamos a sete chaves para que quando aquilo fosse ao ar, o burburinho fosse maior do que uma simples marola. Fosse um tsunami.

Para a surpresa de todos, a Marina indicou o currículo do Gael para começar a trabalhar conosco no lugar da Adelaide e a Geórgia adorou o rapaz em um nível que ela o chamou de queridinho logo de cara e ele ficou com a vaga.

O Leandro começou a trabalhar em algumas projeções de forecasting para o nosso futuro ao lado da Marina e o número que eles levantaram era muito melhor do que os nossos maiores sonhos.

Só havia um porém! Para alcançar estes números, nossas edições tinham que manter o mesmo padrão da atual, ou seja, toda edição tinha que ser melhor do que a anterior.

Isso era um desafio grande o suficiente para que eu começasse a fazer campanhas de ideias. Havia uma caixinha em cima da minha mesa escrito "o que eu não sei?" e todo mundo poderia colocar suas ideias de matérias e reportagens para eu e meu time corrermos atrás, afinal, era isso o que fazíamos — e modéstia a parte, fazíamos muito bem.