CAPÍTULO 24 - Jaqueline

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Marina.

A primeira edição da VixSão+ estava publicada.

Era o nosso maior tiro no pé, mas não era como se houvesse escolha, de todo modo.

Antes do fim do expediente, eu recebi uma mensagem de Camila avisando que Felipe estava bem e para que ninguém surtasse ainda. Era fácil falar quando ela não estava assistindo enquanto o upload daquele pequenos caos era feito.

Eu estava evitando todas as redes sociais desde então porque eu sabia que era uma questão de tempo até a semelhança da Super Sampa e da VixSão ser notada. Era como assistir o relógio de uma bomba.

E foi para afastar esse tipo de pensamento que eu resolvi colocar uma roupa e ir até o Bar dos Ardos comprar uma belíssima Eugência (talvez eu devesse usar o plural?) para brindar comigo mesma o dia do apocalipse.

Puxei uma banqueta e me sentei a dois lugares de distância da pessoa mais próxima, apoiando o braço na madeira e o rosto no punho e esperando até que alguém viesse me atender.

— Uma Eugência de mel de laranjeira — Gustavo disse, colocando a garrafa na minha frente ainda que eu não tivesse pedido nada. Bom, errado ele não estava. — Ele não te merecia, Jaque.

— O quê? — perguntei, franzindo o cenho para ele. O rapaz deu de ombros, abrindo um sorrisinho de lado.

— Da última vez que eu te vi melancólica foi por causa de um cara e você acabou a noite beijando um desconhecido, então, já estou avisando que seja lá quem foi o babaca que quebrou seu coração, não te merecia e que a gente pode fingir que não se conhece, porque meu beijo é incrível — ele disse e, talvez pela primeira vez naquele dia, eu tenha rido de verdade.

— Se você cogitar um transplante de rosto, Maurício, a gente pode negociar — disse, lembrando-o de que ele podia ser o gêmeo perdido de Dr. Mauricinho. — Mas eu não estou triste por causa de um cara.

Ele apoiou os braços no balcão, se inclinando para ficar mais próximo da minha altura.

— Quer falar sobre isso? — perguntou, de forma solidária.

Neguei com a cabeça.

— É sobre trabalho e o objetivo é esquecer — disse eu, sentindo os olhos marejarem. Aparentemente quase chorar para pessoas que eu não conheço em bares é meu novo hobbie.

— Bom, o lado bom é que você está sofrendo mais pelo trabalho do que naquele dia pelo meu sósia menos bonito, o que diz muito sobre você — ele disse. Era verdade? Eu estava sofrendo mais pela VixSão e pela acusação injusta de Felipe do que pelo término do meu namoro de dois anos com Maurício? — O ruim é que não importa quão bom é o seu trabalho, você não deveria sofrer por ele porque é o seu trabalho, sabe?

— Eu ouço o que você diz, mas nesse momento não faz muito sentido.

Gusrício abriu a minha garrafa de Eugência e jogou a tampinha em uma lixeira próxima, como se fosse uma bola e ele estivesse fazendo uma cesta. Ele não precisou olhar, mas eu vi que ele tinha acertado sem fazer o menor esforço.

— As coisas podem não estar fáceis para você agora, Jaque, mas eu tô — eu quase engasguei com a Eugência porque comecei a rir. — Bem melhor assim, seu sorriso é lindo.

Limpei minha boca com as costas da mão e dei outro gole. José Eugênio podia negar até a morte, mas eu sempre iria saber que ele é o Geralt de Rívia do nosso mundo, só que prepara poções mágicas.

— Você está realmente dando em cima de mim depois que eu te disse que você é a cara do meu ex? — perguntei e ele deu de ombros.

— Estou só tentando te animar — deu de ombros, olhando para uma mesa e assentindo. — Exceto se estiver funcionando, nesse caso estou te cantando.

Amor em Revisão (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora