CAPÍTULO 04 - Filé à cubana

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Marina.

Todos os blogs que eu li sobre como era a vida em São Paulo, desde que decidi me mudar, disseram que era quase um mundo novo, porque era uma cidade bem diferente do que eu estava acostumada. E, tudo bem, eu estava preparada para muito mais gente, muito mais carros e para o fato de que sempre teria alguém para me entregar o que eu quisesse comer, mesmo se fosse um x-burguer às 04:30h da manhã.

Mas eu não estava esperando tudo isso. Quer dizer, era o meu primeiro dia no emprego novo e eu estava beijando um semi-desconhecido dentro de uma saleta cheia de produtos de limpeza e algumas resmas de papel.

Contudo, eu claramente não estava ali para reclamar, mesmo que em um primeiro momento eu tenha ficado realmente assustada com o beijo repentino e porque eu só tinha me dado conta de que Felipe era o Felipe quando ele chegou muito perto.

Eu tinha stalkeado todas as pessoas que trabalhavam na antiga No Pique antes de me mudar. Instagram, facebook e até twitter - Ulisses realmente compartilhava todas as notícias do Hugo Gloss e Camila tirava fotos lindíssimas -, mas eu não tinha reconhecido Felipe Galhardo quando o vi no Bar dos Ardos na noite anterior. Talvez porque eu só tivesse conseguido ver umas fotos antigas no facebook extremamente protegido dele, já que o instagram era privado.

E, no entanto, ele não apenas era uma gracinha como trabalhava comigo.

Então eu o estava beijando de volta porque eu não tinha nada a perder. Nunca tinha trabalhado em uma empresa que tivesse uma sala para essas finalidades, ou talvez apenas nunca tenha usado, já que estive namorando com Maurício por todo o meu período na É Massa!.

— Você jura que é assim que vocês se cumprimentam aqui? — perguntei, com as mãos no rosto dele quando ele afastou nossas bocas. Ele parecia menos com o Clark Kent do que eu me lembrava, apesar de estar usando os mesmos óculos redondos da noite anterior. — Até agora todo mundo me deu um beijinho no rosto.

— Eu também fiquei me questionando se os seus amigos apertariam minha mão ou me dariam um beijo com gosto de Eugência — ele disse, me fazendo rir. Talvez Rui e Vitório tenham escolhido a segunda opção, eu nunca iria saber. — Então você é Marina Carvalho, a garota dos números da É Massa.

— A própria — disse eu, finalmente notando que ele ainda estava segurando a minha cintura e eu o seu rosto. — E você, aparentemente, agride as impressoras.

— Também sou redator chefe quando ninguém está tentando imprimir nada — explicou e eu ergui as sobrancelhas.

— Como um dos figurões daqui, o que você acha sobre funcionários se beijando dentro de salas pequenas demais antes das dez da manhã? — questionei, deixando a minha boca resvalar na dele por um segundo.

Eu já tinha beijado o cara no meio do expediente mesmo, pelo menos ia fazer direito.

— Eu prefiro que façam isso após as três da tarde, mas, como o funcionário em questão sou eu... — ponderou, olhando para o teto com uma expressão divertida. — Não me importo.

Sorri para ele e o puxei para perto de novo, dando mais um beijo na sua boca linda e com gosto de pastilha de hortelã. Já diziam que, se você está na chuva, é para se molhar, certo? Até que algo me ocorreu:

— Nossa chefe endossa esse pensamento? Porque talvez a gente precise sair daqui em algum momento.

Ele concordou e largou minha cintura ao mesmo tempo em que eu soltei o seu rosto e arrumei a camisa levemente amassada. Notei que, assim como a maioria das pessoas, ele era pelo menos uns vinte centímetros mais alto que eu, mas fiquei na ponta dos pés para arrumar seu cabelo que eu tinha bagunçado.

Amor em Revisão (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora