CAPÍTULO 35 - My eyes!

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Marina.

É claro que levar um cachorrinho para uma festa não era uma coisa muito inteligente de se fazer, mas Evaristo estava muito manhoso — o suficiente para eu tê-lo levado até Anabel para que ela pudesse diagnosticá-lo e, em sua rápida análise, entendeu que seu problema era total e exclusivamente vontade de tirar uma com a minha cara, então eu não podia deixá-lo sozinho.

Especialmente quando ele ia poder farejar o cheiro de Rui em mim. Eva não me perdoaria pela traição de ter visto Rui Casagrande sem ele e provavelmente faria xixi no meu tapete novo como retaliação. De novo. Eu não queria pagar mais trezentas dilmas em lavagem a seco.

Não que eu tenha tido... Contatos diferenciados com Rui que justificassem que seu cheiro se impregnasse em mim, mas, se estamos sendo sinceros, quando ele me abraçava e seu perfume ficava preso no meu cabelo até eu lavar. Vitório me contou que era Sauvage, da Dior, por isso a duração era tão boa.

E eu sabia que era porque eu podia jurar que meu cardigã preto, que eu tinha usado no dia que a gente se beijou, ainda tinha cheiro de Rui Casagrande. Ou talvez fosse eu, totalmente alucinada pelo fato de que a gente tinha se beijado.

Sabe, minha boca na boca dele.

E aí a língua.

E as minhas mãos no cabelo loiro e macio e seus braços apertando a minha cintura e...

Ok, não era grande coisa. Várias garotas já tinham passado por essa mesma experiência e não tinha motivo para surtar, certo?

Era o Rui.

O cara que me chamava de Maria.

Que tinha tido um crush em mim há milênios e que provavelmente só tinha me beijado para provar para o seu próprio ego que podia dar uns amassos na Marina, a garota que tinha um namorado. Provavelmente ter me beijado alterava em zero sua percepção sobre mim: a garota dos números, meio nerd, baixinha demais para ele, sua amiga. Exatamente como Vitório, e ele não tinha intenção de beijar Vitório (que eu soubesse).

Mas ele continuava me chamando de Marina. E tinha me recebido na nossa "VixSão Não Oficial" com um abraço um pouquinho mais demorado que o usual, e então sussurrou um "bem-vinda" no meu ouvido que arrepiou pelos de áreas que eu nem sabia que arrepiavam e eu tenho certeza que ele deslizou o nariz no meu pescoço. Ou talvez tenha sido a gola da sua jaqueta e eu estivesse enlouquecendo!

Porque, sejamos sinceros: beijar Rui era uma experiência memorável (jamais direi isso para ele ou precisaremos de um outro planeta para colocar seu ego), mas era o Rui.

Sabe, o Rui! O cara bonito e desapegado e interessante que sabia que era bonito e desapegado e interessante e usava isso para seus interesses mais sórdidos. Ele não tinha, sabe, mandando mensagem, ou dado a entender que queria continuar me beijando ou...

Por que eu estava pensando nisso?

Quero dizer, ele é bonito (neste momento, com esse sorriso lindo enquanto ele conversa distraidamente com Felipe do gerencial e Cleyton, fica muito nítido o quanto) e é legal e vive me provocando com piadinhas com segundas intenções e...

Ah, é claro que ele escorregou em uma poça do xixi de Evaristo e quebrou uma garrafa de Eugência. Felizmente ele mesmo não caiu e Evaristo estava protegido no colo de Leandro, tentando lamber seu rosto a todo custo - ele tinha uma queda por galãs e ninguém podia julgá-lo sobre esse assunto.

— Desculpa! — pedi, me aproximando do local onde Rui estava, desviando todos os pensamentos impróprios que envolviam ele e sua boca e eu. — Está tudo bem? Eu não tinha visto que Eva tinha feito xixi! Ele está manhoso e talvez eu devesse contratar um adestrador e...

Amor em Revisão (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora