Veneno

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Eu sentia um misto de satisfação e realização toda vez que conseguia desorientar meus inimigos, o no topo da lista estava Tul. Meu irmão.

Naquele mês eu tinha passado, óbvio, em primeiro lugar no vestibular do curso de estudos internacionais, o que não custou nem um décimo da minha intelectualidade, mas que causou certo frisson na minha casa. Meus pais não esperavam aquilo de mim, até porque eu me fingia perfeitamente de mediano na frente deles desde que sai do país.

Se passar por menos inteligente do que eu era fazia parte do meu plano. Quando eu desse o golpe que levaria minha família a ruína, eles jamais saberiam de onde veio a mão mortal. O único que eu ampararia seria Phu, meu sobrinho, que não tinha culpa das maldades do resto daquele antro.

Ele era o único e seria o único que eu manteria sob proteção depois que tivesse o poder da naja da OMMP. E aquele era o outro problema.

A maldita condição!

"Quando encontrar o amor e o medo de perder quem ama, então volte e conversaremos melhor. Um amor de virar seu mundo e sua cabeça, sem isso, nada feito."

Atualmente odiava completamente aquela palavra insuportável. Amor... Tão falso!

As pessoas só entendiam a linguagem do dinheiro, relacionamento eram frágeis, fáceis de dissolver, mentirosos e enganosos...

Deslizei o carro pelo Campus e sorri.

Não feliz porque estava na faculdade, mas satisfeito por ter chocado meus pais e meu irmão e por claro, humilhar Tul na mesa no jantar mensal que meus pais sempre ofereciam para a nata da sociedade de Bangkok com a notícia que dei no momento propicio.

Tul não teve tão boas notas quando foi sua vez, muito menos sabia falar os agora dez idiomas que eu dominava com maestria. Ele só falava inglês e chinês fluente. E por isso dei a notícia em francês na mesa antes do prato principal e antes de traduzir para meu irmão com a medida certa de ironia velada.

A melhor nota de toda a Bangkok.

Eu estava no topo aos dezenove anos, eu era agora o prodígio que eles teriam de engolir.

Minha mãe foi a única que realmente ficou feliz, mas era uma felicidade condicionada, ela queria o poder que eu teria, não minha felicidade.

Nunca minha felicidade.

As vezes eu pensava que se ela caísse dos seus sempre saltos altíssimos e rolasse pela escada a uma velocidade razoável que proporcionasse um baque no último degrau no ângulo correto, seria uma menos para que eu destruísse depois. A escadaria principal da casa seria ótima para acidentes daquele tipo.

Era uma pena que ela se equilibrasse tão bem nos saltos caríssimos.

Saí do meu carro e fui em direção ao prédio olhando discretamente ao redor.

Estaria de volta em um antro com um monte de adolescentes estúpidos, mas ao menos seria menos sofrível que o ensino médio. Qualquer coisa seria melhor do que o ensino médio, fosse em que país fosse.

Fui em direção a minha sala previamente indicada na lista de aprovação, quando surpreendentemente vi Pete caminhando para o mesmo lugar e distraído com algo no celular.

Eu não o vi mais desde aquela noite no clube e também com minha cabeça cheia, nem me preocupei se ele tinha parado de sair de noite para locais que ele não deveria ir, mas ao menos quando eu transitava pela noite de Bangkok, também não topei com ele, o que parecia ser um bom sinal.

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