Realidade

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  Acordei incrivelmente com passarinhos cantando e por alguns segundos achei que estava em desacordo com a realidade. Até que abri os olhos e me vi no quarto do Pete.

Tudo o que houve no longo dia anterior voltou a minha mente e eu queria suspirar, mas meu corpo estava tão descansado que eu simplesmente deixei para lá.

Me sentei na cama e vi um bilhete com a letra elegante do dono do lugar e me estiquei para pegar o post-it:

Precisei ir visitar a minha mãe, Tin. Fiz comida, está na geladeira, não saia de casa com a barriga vazia, ok? Eu lavei sua camisa, está passada e sobre o aparador da sala. Qualquer coisa me ligue, por favor.

Pete

Tive de sorrir, aquela era exatamente a postura que esperaria dele, sempre.

— Você é uma coisa, Pete, tenho que admitir.

Disse baixo me dando conta que estava sem camisa também. Olhei para o relógio no meu punho e vi que era quase meio-dia. De fato, eu tinha dormindo bastante.

Esquentei a comida, vesti a camisa e sai do apartamento indo direto para o meu carro e atrás do Can. Precisava conferir se ele estava bem e o que faríamos agora.

Cheguei na capela pitoresca quase quarenta minutos depois, mas ela parecia silenciosa demais.

Suspirei e entrei na casa paroquial aos fundos e no pequeno cômodo que deveria ser uma sala se tivesse algum móvel, estava um homem alto, musculoso, grande como um lutador peso pesado e de olhar espremidos me encarando.

Lembrei do tal amigo que Can me falou e evitei parecer irritado, de novo:

— Xiao, eu presumo.

— E você é o macho do filhote.

— Se está falando do Can, sou eu.

— Não gosto de você.

Tin arqueou as sobrancelhas e quase riu.

— Entre na fila, grandão.

— Eu não gosto de você, mas ele gosta.

Eu não via muito sentido naquela conversa, mas então o que tinha sentido desde que reatei com o Cantaloupe?

O grandão pareceu suspirar e apontou para o outro cômodo:

— Ele está dormindo, e vai dormir por um bom tempo ainda, o corpo está se adequando e ele teve muitas atividades recentemente. Não o incomode.

— Oh é mesmo, a coisa é que eu costumo incomodar os outros e não ligo a mínima para isso, já sobre o Can, ele é meu futuro marido e eu vou vê-lo.

Fui para a porta e senti o Golias atrás de mim, mas de novo, ele não importava no momento. Entrei no pequeno cômodo e vi de fato Can dormindo em sono alto, vestido... Em uma batina branca.

Ele estava mesmo em uma ordem religiosa.

Eu me senti dubio naquele segundo, pensando que talvez... Fosse melhor para ele aquilo também, de algum modo parecia tranquilizá-lo. Fui até a cama mínima e me curvei para ver se ele estava respirando normalmente e estava tudo ok. Ele até se mexeu balbuciando coisas incompreensíveis que me fizeram sorrir.

Eu adorava vê-lo dormir, era pacífico.

— Ele está bem, só está dormindo e descansando. O corpo dele está se adaptando aos bebês, é um processo um pouco lento no caso dele que não é um hermafrodita e sim um abençoado.

TinOnde histórias criam vida. Descubra agora