Lua

581 72 137
                                    


— Tin...

— Espere, só mais um pouco... Isso... Vinte e um passos.

Disse baixo evitando soar menos do que tranquilo enquanto eu guiava os passos finais, de um Pete de olhos vendados, para a construção mais distante de todo o complexo do palácio e que deu um trabalho imenso para deixá-lo pronto a tempo hábil.

Mas estava feito e eu estava satisfeito com o resultado.

Entrei com ele pela pequena escadaria e por fim estávamos dentro do salão principal que era pequeno, mas aconchegante, como eu sabia que Pete gostava e aquela era uma das surpresas, mas não menos importante, no conjunto inteiro das surpresas.

O deixei no meio do cômodo todo iluminado por castiçais, velas e candelabros e conferi se a lua estava exatamente acima do teto solar aberto para finalmente desatar a venda dos olhos da minha rainha.

Três dias que ele estava de volta, três dias que ele tinha dado à luz a cinco pequeninos garotinhos animados e saudáveis. Três dias em que ele assumiu não só a amamentação das sétuplas, como dos quíntuplos e ainda por cima fez uma varredura com todos de casa para saber como andavam as coisas.

Três dias e a cicatriz da cesariana estava curada e ficando quase invisível na pele. Três dias e tudo aquilo diante dos meus olhos.

O que eu podia dizer se ele era meu milagre tanto quanto Can era?

O que havia para ser dito?

Eu só queria que ele tivesse seu próprio espaço para fazer o que eu sabia bem que ele queria mesmo sem ele ter dito nada sobre isso. Ler e estudar a OMMP e seus segredos com mais detalhes e por isso eu tinha arrumado aquele palacete para ele em três flashs dias.

Ele queria ser a mãe de toda a nossa família, mas ele ainda era o melhor de todos nós em erudição e precisaria de um espaço para tal atividade sem as crianças correndo ao redor, gritando e fazendo baderna.

Tínhamos que trabalhar e eu sabia que Pete ia mergulhar de cabeça no dia seguinte, mas antes... Eu queria mostrar que havia outras formas e por isso corri com aquilo.

E estava feito.

Pete deu uma volta ao redor em silêncio contemplativo e eu o acompanhei com os olhos.

O ambiente era uma mistura de escritório, sala de leituras e chá, além de um jardim de flores debaixo da principal janela como se aquele local tivesse sido em algum dia uma extensão de um jardim maior. O teto era metade telhado, e metade claraboia fazendo com que o sol durante o dia atravessasse o teto e se derramasse até o chão, emprestando um sentimento de estufa ao local e por isso eu o escolhi para adaptar ao Pete.

Eu o via claramente ali desde o primeiro segundo que vi o local em minhas andanças pelo palácio logo quando cheguei.

Por fim ele se voltou para mim, movendo a barra do vestido rodado de cor esverdeada que ele usava aquela noite e sorriu pequeno:

— Você até mesmo trouxe um jogo de chá de porcelana chinesa da mamãe.

— Jin foi para Tailândia e eu pedi que ele trouxesse com ele. Imaginei que iria querer coisas familiares em seu próprio local e a mãe achou a ideia ótima.

— Ela não me disse nada – Pete disse baixo antes de vir para mim e erguer a ponta dos dedos para meu rosto com cuidado – Deixei meu rei sozinho para lidar com as cobras e mesmo estando coberto de deveres, ainda pensou em mim.

— Eu penso em você todos os momentos do meu dia, em você e em todos os meus maridos. Eu sempre farei o máximo que puder para fazê-los felizes – Então abaixei o tom e disse conspiratório – Está no acordo matrimonial, nas letras minúsculas.

TinOnde histórias criam vida. Descubra agora