Conselho

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Eu devia estar mesmo exausto, porque dormir sem perceber e quando abri os olhos, já eram nove da manhã. O celular tocava, mas eu olhei na tela e vi que não era o número nem de Can, nem de alguém de casa, por isso ignorei e fui tomar banho.

Em vinte minutos estava pronto e saindo do quarto só para me deparar com Cai Xukun encostado na parede do corredor e com um olhar zombador em minha direção.

— Problemas no paraíso?

Ora ora, ele estava usando minhas palavras contra mim? Sorri e deu de ombros:

— Mas um dia comum, e você?

— Meu mestre pediu que eu te ajudasse nos próximos dias já que ele foi para Itália e Minki para a Irlanda. O palácio está em um caos e membros do conselho e outros anciões estão aqui querendo entender o porquê a rainha enviou em e-mail dizendo que te anexou como membro da família dela, te corou príncipe regente e me nomeou chefe dos Guardiões. Literalmente do dia para a noite. Eu recebi uma nota da rainha dizendo que não deixasse ninguém te matar por qualquer motivo e isso foi interessante, assim por garantia vim te escoltar. Não fique muito feliz com isso de todo modo.

— É, não ficarei, pode ficar tranquilo. Então possivelmente tem gente querendo me matar a essa hora da manhã? Que animado esse palácio não é mesmo? - Gracejei arrumando minha manga e indo até ele – Tem algo para comer que não seja envenenado ou eu também preciso ficar atento a isso?

Ele deu um meio sorriso e me olhou de canto enquanto saímos da ala de hóspedes:

— Eu pedi Mcdonalds só por garantia.

Sorri do mesmo jeito. Bom garoto:

— Ok, posso viver com Mcdonalds no café da manhã. Algum conselho sobre por onde começar?

Eu perguntei apenas por perguntar, mas ele pareceu bem solicito.

Talvez ele estivesse animado sobre o que eu iria dizer para o conselho e fazer com eles.

— Vá no coração do problema, onde mata mais rápido, jugular e artérias.

— Ou seja, o conselho.

— Estão todos lá fazendo o que fazem de melhor, baderna. Mas coma algo antes, nunca se sabe o que te espera com nobres.

— Bom conselho.

O Mcdonalds era farto, e não um bicmac como eu esperava e Cai parecia gostar de fastfood porque atacou todas as batatas fritas. Dali fomos para o mesmo local onde estive ontem a noite, mas agora estava com mais de vinte pessoas falando todas umas com as outras como um mercado de peixe.

Parecia um luxuoso mercado de peixe composto todo por homens e exceto dois deles, velhos. Sorri pequeno. Aquilo podia ser bem divertido no fim...

Cai deu um passo para trás e eu entendi que ele estava seguindo de fato o protocolo e sorri internamente de forma animada. Ele era mesmo bom naquilo.

— Você!

Um velho apontou em minha direção e todos pararam de falar se voltando para mim como uma única manada e eu identifiquei os dois homens por volta dos vinte e tantos anos. Eu tinha lido a ficha dos dois membros do conselho indicados por comportamento exemplar. O coreano loiro era médico, um doutor exclusivo de pets, e morava em uma casinha pitoresca em um bairro tranquilo da cidade, já o outro era um executivo americano, dono e Ceo das indústrias de sangue Cullen e que vivia entre EUA, Austrália e Inglaterra. Edward me interessava por ser considerado um dono recluso e não político e por não estar enfiado em Sidney e perder a visão global das coisas.

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