Primavera

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Acordei de um sono profundo e me vi de volta a um início de manhã quente do lado de fora da clínica. Minhas últimas lembranças era eu perturbando Can, Minseok e Ae sobre libido e como não me recordava do resultado, provavelmente tinha dormindo.

Suspirei e me ergui um pouco, me sentando na cama e satisfeito que não tinha mais intravenosas no meu corpo e estava ao menos com possibilidade de me mover. Meu corpo respondia aos meus movimentos, mas estava lento e pesado e eu queria desesperadamente um banho.

Apoiei em um pé e depois em outro e consegui ficar de pé. Então estiquei meus braços e estralei meu pescoço conferindo se estava mesmo tudo funcionando e estava.

Caminhei lento até a porta do quarto e vi o resultado da clínica como um todo: Uma sala de espera completa e agradável e uma porta aberta que levava a outro consultório. Estava tudo vazio e eu só pensei que faltava câmeras de segurança.

Comecei a criar uma nova lista de prioridades.

Vigilância e segurança estavam no topo.

Sai pela porta de saída e vi que a clínica estava mesmo quase no meio do jardim e olhando um pouco ao redor percebi que os trailers entre a capela e a igreja agora faziam quase um círculo inteiro ao redor da clínica, deixando um espaço suficiente para um caminhão passar.

O projeto do Ae estava perfeito. Realmente nem parecia um garoto do primeiro ano.

O dia estava nascendo e ao longe eu pude ouvir um galo cantar.

Quase ri alto. Eles tinham mesmo providenciado uma fazenda? Que ideia insana!

Quer dizer, tinha lá sua utilidade, mas...

Acabei sacudindo a cabeça e indo em direção ao som da ave barulhenta. Passei por entre dois trailers e segui para o sul circulando um cercado grande feito de bambu e tecidos e por dentro havia toalhas na grama e colchonetes. Aquele era o tal cercadinho que Can falou?

Olhei adiante e vi uma construção de madeira alta quase como se fosse uma mistura de estábulo com armazém. Sacudi a cabeça me sentindo um pouco incrédulo e surpreso.

Enquanto eu dormia, eles fizeram daquele local isolado uma habitação cheia de coisas. Eu estava verdadeiramente surpreso de uma forma boa.

Cheguei na porta um pouco cansado, confesso, pois embora a distância percorrida por mim fosse pequena, parecia uma maratona e eu tive que me escorar na porta entreaberta para tomar folego e nisso ouvi a voz de Ae toda mansa soar lá de dentro:

— ... Bela! Você está tão bonita hoje! Quer comer mais um pouco, hein? Seja boazinha hun? E... Branca, para com isso! Volte para a sua cama! Você já comeu, sua esfomeada!

Fiquei curioso e entrei na construção silenciosamente só para ver Ae entre uma vaca e uma égua, com um pouco de feno na mão dando para a vaca malhada enquanto a égua puro sangue branca que eu tinha certeza que devia ter custado uma pequena fortuna, beliscava o Ae de brincadeira pedindo pela comida da vaca.

Mas aqueles não eram os únicos animais ali, havia um poleiro a um canto com meia dúzia de galinhas e um galo, mais um cavalo, este negro, dormindo em uma cabine no outro canto e dois bezerros mais perto da vaca, dormindo em uma cama de palha aparentemente bem cuidada.

Era uma mini fazendinha bem arrumada e agradável e eu só pensei que as crianças deviam se divertir muito com aqueles animais, principalmente os pets.

Sorri mais, me escorei em um apoio da caixa de fenos e falei provocativo:

— De pedreiro para fazendeiro, o que fizeram com você, Ae?

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