Jogo

558 68 424
                                    


  Pousamos no aeroporto particular de Sidney com o dia nascendo.

Zong tinha chegado no nosso hotel no Camboja horas antes de embarcarmos e parecia tenso sobre isso. Eu não o julgava, embora quase ninguém soubesse da OMMP ou o que ela era e realmente significava, no submundo do mundo havia contos e fofocas e não eram nada atraentes.

Aquele homem era chinês e a China tinha um braço da organização muito atuante até onde eu consegui descobrir na época. Mesmo sem saber dos detalhes porque Can pediu para que eu não me envolvesse e na época era o usurpador tomando a frente do meu Can, eu sabia que Can fez uma faxina na escória da OMMP pela Margot e o preço disso foi ela passar a coroa para mim em um jogo perigoso de golpe.

Ela saia, eu entrava e a minha única função era lidar com o conselho e com as consequências.

Quebraríamos uma tradição secular.

Can falou em mudar a Roda, contudo eu não tinha intenção de mudar a roda e nem quebrá-la. Eu seria a roda, porque só assim poderia dar o que Pete e Can desejavam.

Mas as coisas agora tinham mudado.

Eu era o principal suspeito da chacina na mansão dos Phiravich e conhecia bem os 'não limites' de Magnólia Margot o suficiente para saber que ela podia e usaria isso contra mim. Recorrer a ela era um punhal de dois gumes coberto de veneno e afiado como uma navalha.

Ela era sádica como o meu pior lado e ambos sabíamos disso.

Saímos do jatinho e tinha uma limusine nos esperando e ninguém menos do que o Purple Flower - Ren, mão direita da rainha e a quem eu provoquei anos antes, e com certeza queria mesmo minha cabeça junto de sua amada líder, estava encostado nela, com a juba roxa presa em um rabo de cavalo e roupa oficial de gala dos guardiões.

Tudo preto dos pés a cabeça e o símbolo da OMMP em dourado bordado na manga esquerda.

Sorri cínico.

O e-mail curto dele voltou a minha mente, palavra a palavra, enquanto íamos em direção ao carro luxuoso e proposital. Margot sabia que eu tinha uma criança comigo, aliás aquela altura ela devia ter acessado até os documentos oficiais da polícia no caso da chacina, ela sabia jogar o jogo:

"Parabéns garoto, você conseguiu. Ainda não entendo como Margot permitiu uma coisa dessas, mas ela é minha rainha e eu a obedeço. Se prepare, antes de dar golpe no Conselho, você passa por mim, se suportar a dor, você vai, senão, esqueça. Não vou obedecer a um rei fraco.

Ren."

Eu iria passar por ele e aparentemente seria naquele dia.

Ele devia estar saltitando de felicidade estonteante.

Cheguei diante dele e ele olhou diretamente para Phu que naquele momento estava colado ao meu lado e com a mesma desconfiança que eu. Meu sobrinho... Tinha traços da minha personalidade, eu sabia.

— Seja bem-vindo, Phu! Como foi de viagem?

Purple Flower perguntou realmente interessado e parecia amável com a criança. Phu relaxou um pouquinho e assentiu:

— Foi cansativa, mas podia ter sido pior.

— Imagino, está com fome?

— Estou.

Ren sorriu suave, de verdade e eu me dei conta do porquê. Ele automaticamente classificou Phu como Pet e sendo assim, ele seria todo seda e amores, óbvio. Ele era o líder dos guardiões, o chefe da guarda também, ele era o exemplo a ser seguido. Embora aparentemente ele tinha falhado naquele quesito.

TinOnde histórias criam vida. Descubra agora