Fogo

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  Na verdade, tudo foi mais rápido do que imaginei e em menos de duas horas eu tinha todos os documentos da adoção em minhas mãos por uma ninharia, em minha opinião. Eu ainda não queria voltar para a igreja, mas sabia que precisava falar com Can. E não só isso, mas havia ainda a logística do espaço da igreja e por mais que eu quisesse, não dava para comprar um chalé pronto, eu precisava mesmo que Ae o construísse, por que sabia que Can não sairia de lá até os bebês nascerem e ele tinha lá sua razão.

Era coisas absurdas demais para estarem perto de pessoas no geral.

Entrei no carro e olhei para a pulseira. O sinal dela era a igreja, ou seja, ele já tinha voltado sabe-se lá de onde. Liguei para ele que atendeu rápido por sinal, pela primeira vez.

— Tin! Até que enfim!

— Eu que digo isso – Respondi em tom divertido, de fato eu estava de ótimo humor – Você saiu de madrugada com o cachorro dizendo que ia trazer mão de obra útil e um cozinheiro e até as três da tarde, nada.

Ouvi um risinho dele e sorri em resposta, ainda que fosse apenas para o vidro do carro. Ao longe eu ouvia gritaria de crianças...

— E você foi comprar uma cozinha e trouxe uma van, oito meninas de brinde e brinquedos que não temos onde guardar.

— Hummm temos que resolver a logística de fato.

— Tin, obrigado mesmo assim, eu também não pensei na logística e... Bem, você sabe, estou contando com você. E hummm... Eu trouxe o cozinheiro, seu nome é Kyungsoo. E a mão de obra é o irmão dele e os namorados dele. Ou seja, temos mais dez pessoas em casa.

— Dezesseis crianças, fora Phu e Yim, o cachorro, você, o médico e o marido que pelo menos já tem trailer e mais dez homens. Ok, precisamos de mais trailers.

— Ae sugeriu isso, na verdade, que ao invés de construímos cômodos, construíssemos só a clínica e então comprássemos trailers para as crianças e Kyungsoo, Jack e os meninos. Não há problemas em usar o terreno da capela já que ela está desativada pela ordem e disponível para mim por tempo indeterminado. Algumas das irmãs Mio virão com frequência também, assim como as Cicutas. É bom que tenha um trailer para elas também, enfim, trailer de fato são a melhor solução e...

— Tio Can, abre para mim! – Ouvi alguém chamar, e eu ouvi um barulho de lata abrindo e então ele voltou para o telefone – Bem, eu tenho que treinar agora que estou... Com bebês né, nossa, isso é tão estranho... Xiao diz que quando elas nascerem eu vou ficar todo meloso, mas sei lá, não sei, eu acho... É tipo gravidez na adolescência né, ainda bem que a mãe não sabe ou eu iria perder minha orelha....

— Exatamente, nada de falar para a sua mãe, o impacto de virar frei já foi grande para ela, Cantaloupe.

— Eu sei, eu sei... E Tin é Freira.

— Claro, claro... O bom é que com tanta criança ainda podemos dizer que está cuidando de um orfanato religioso. É um ótimo álibi.

— Tin, você vai vir morar comigo?

Eu senti a voz dele tensa e sorri de canto. Ora ora...

— Você está me pedindo em casamento, Cantaloupe?

— Eu estou grávido, você tem que assumir a responsabilidade...

Ele resmungou e eu ri.

— Achei que ter comprado uma cozinha para as crianças que você roubou por aí e tudo o mais fosse assumir a responsabilidade - Gracejei, ele suspirou e eu estreitei os olhos. Mal sinal... - Can?

TinOnde histórias criam vida. Descubra agora