Despertar

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  Eu abri os olhos com muita dificuldade, contudo os sons ao meu redor eram tão curiosos que eu queria saber se era real os sons de passarinho cantando ao longe.

O teto era branco, a paredes também... Mas a janela dava para um bosque.

— Tin! TIN! AI MINHA SANTA MIO, VOCÊ ACORDOU! Eu rezei tanto, tanto!

A voz de Can soou nervosa e chorosa e eu me virei apenas para levar um choque.

Ele estava de pijama de algodão, daqueles bem confortáveis e a barriga estava grande marcando a camiseta. Por alguns segundos tudo ficou confuso na minha mente até todas as lembranças me engalfinharem como um exame de abelhas agressivas. Eu ouvi o bipe até ali soando tranquilo disparar e com certeza era o som dos meus batimentos ficando elétricos em micro segundos.

Can arregalou os olhos e saiu correndo do quarto grande que com certeza era a clínica que Ae deveria construir e que ainda estava na base antes do meu tiro, e logo voltou com Dr. Jin que veio para mim mexendo em um monte dos equipamentos ao redor da cama maca em que eu estava com ambos os braços em intravenosas.

Minha mente começou a raciocinar rápido e a conclusão era medonha.

Por quanto tempo eu estive apagado?

Me voltei para Can que veio para mim segurando minha mão com as deles, totalmente tremulas e eu sabia que mesmo eu sendo o paciente, Can era quem corria mais riscos surtando com aquele barrigão:

— Estou bem, se acalme – Disse tentando soar firme, mas minha voz saiu rouca e fraca. Quase xinguei, mas fingi que não estava irritado – Respire, você tem que me atualizar das coisas, Cantaloupe e eu não vou entender se começar a chorar.

Vi ele sorrir um pouco e logo se sentava na cadeira ao meu lado, sem soltar a minha mão:

— Bem, é você mesmo, que bom. Mandão como sempre.

— Por quanto tempo eu apaguei?

— Quase dois meses, senhor Phiravich.

Dr. Jin disse em tom sereno, mas eu via que ele estava extremamente aliviado.

Por fora eu apenas arregalei os olhos. Por dentro eu congelei e xinguei todos os palavrões que conhecia. MALDITA PEW!

— Tin, não se preocupe com isso agora, você acordou e você é você então tudo vai ficar bem.

A voz de Can soava doentiamente aliviada também e eu quis suspirar.

Eu queria rebater que nada estava bem comigo apagado enquanto eles tiveram que lidar com as coisas sozinhos, mas eu não disse, porque parte de mim sabia que devia ter sido difícil para todos eles e se eu queria me recuperar direito e tomar as rédeas da situação, eu precisava me acalmar e acalmar eles também.

Apertei de leve a mão que segurava a minha e olhei para Can:

— Como você está?

— Bem, os bebês também estão bem.

— Dr Jin, qual foi o meu quadro?

Perguntei para ele sem me virar, ele veio para o lado de Can e me olhou tranquilo e sério:

— O tiro passou raspando pelo coração e perfurou seu pulmão direito. Você passou por duas cirurgias, mas elas foram um sucesso, ficou três dias no hospital quando os médicos perceberam que tinha entrado em coma profundo. Dias depois Can decidiu que o melhor era trazermos você para casa já que a clínica ficou pronta e aqui poderíamos cuidar de você com mais atenção.

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