EXTRA - Compras parte 1

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— Eu não vou falar de novo! Eu paguei por cabeamento o suficiente para percorrer duas vezes a muralha da China, vocês deem seu jeito e tragam internet até aqui!

— M-mas Senhor...

— Não tem mais, se não chega satélite, tem que chegar fibra.

— A distância...

— Vocês têm dois dias.

— Senhor, não temos pes...

— Dois dias, ou pegarei todo meu dinheiro de volta e com juros!

— Claro, claro, Apen...

Desliguei o telefone e olhei pela janela da pequena sala da casinha, onde Can morava agora e que precisava urgentemente de mais cômodos, e vi Ae cortando madeira e serrando tantas outras com cuidado de profissional. Ele estava no primeiro ano, mas era realmente bom naquilo.

Impressionante.

Mais adiante do canteiro de obras o trailer do médico e do marido dele estava ainda todo fechado e eu não os julgava, não eram nem oito da manhã, mas eu tinha tanta coisa para fazer que preferi vir direto para a igreja antes do sol nascer e quando cheguei Ae já estava começando a construção.

Ele precisava de ajuda, mas como Can tinha me garantido que sabia onde conseguir ajudantes, eu não intervi. Can aparentemente pegou o costume do outro de acordar antes do sol nascer também e isso tinha seu lado bom – Ficávamos mais tempo juntos – E seu lado ruim, ficávamos sozinhos bem menos também, ainda mais agora...

— Acabou de brigar com as pessoas?

Mini Pete perguntou em tom jocoso o que me fez quase responder a altura e ignorar que ele tinha praticamente a idade de Phu, era uma criança criada em laboratório com a genérica do Pete que por acaso foi dado aos pais em forma de 'presente' por um dos babacas tradicionais malditos da OMMP filhos da puta e provavelmente devorados pelo cachorro raivoso que seguia Can como um chihuahua gigante e que bem, fiquei surpreso em saber, mas até aí, nem era grande coisa perto das outras, devido ao Can resgatá-lo agora era... Bem, nosso filho.

E não era o único.

Enquanto eu dormia nos dias de apagão, o usurpador deu uma de mãe de adoção e roubou/negociou/e se apropriou de outras crianças também.

Todas pets, da OMMP, roubadas ou oficiais, e que eu soube que realmente rolou uma negociação Usurpador/Margot que praticamente jogou no ar uma fofoca do Can em troca de favores mútuos.

Agora além de saber que em dois meses e meio eu seria responsável por sete coisinhas, ganhei de brinde mesmo não tendo feito nenhum deles, nove filhos, oram vejam só, sendo dois deles adolescentes pets.

E como não tinha espaço algum naquela casinha de doce religiosa, que foi feita para um padre e não madre Tereza e seus mil filhos, estava abarrotada de gente e nenhum espaço livre. Eram apenas colchões pelo chão agora, e os móveis que comprei para tornar o lugar mais habitável, agora estavam todos dentro da capela junto do equipamento médico esperando a clínica ficar pronta e de preferência mais um big chalé para abrigar a ninhada que ganhei de brinde.

Se Can estava surpreso em engravidar virgem, eu estava levemente indignado de ser pai de adolescentes. Mas o que a gente não faz por amor, não é mesmo!?

— Você ainda vai me agradecer, pigmeu, pelo meu talento em brigar com pessoas.

Disse suave evitando aumentar a voz e acordar os outros.

Havia prós e contras com crianças pets, os pros é que eles só queriam comer, dormir, e irritar a paciência repetindo a prática felina e os contras, era que ficava difícil jogar aquele bando de bichinhos para fora e mandar passear ou algo como vá morder o cachorro peludo. Eles podiam levar no literal. Falando em comida, era hora de resolver aquele problema já que eles comiam por um batalhão e não tínhamos cozinheiro naquele lugar, a não ser o cachorro que logo ia ser preso por algum guarda florestal por ficar caçando animais silvestres e fazendo churrasco como se estivesse em um reality show de sobrevivência na selva.

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