Alguns dias depois, Britt e eu estávamos na cozinha, lavando a louça do jantar. uma obrigação doméstica, um ritual, nenhuma de nós dizia nada. Britt enxaguava as vasilhas debaixo da torneira, e eu guardava tudo na máquina de lavar, era assim que sempre fazíamos, e se a gente resolvesse ousar um pouco e trocar de lugar? Eu enxaguaria a louça, e ela colocaria tudo na máquina?! acho que nosso casamento não suportaria tamanha turbulência, Britt parecia estar em outro planeta como de costume, pensando em outra coisa, em outra pessoa. trabalho, eu suponho. eu poderia ter quebrado um prato na cabeça dela e nem assim ela teria notado minha presença. então ela me passou uma travessa ainda suja de comida. Eu disse a mim mesma: "Santana, não vá armar um barraco só por causa disso, ponha a travessa na máquina e deixe isso pra lá." Mas poxa, por que não fazer as coisas direito? eu sabia que a travessa sairia da máquina ainda suja, pior, suja de comida assada pelo calor do ciclo de secagem. Então passei por ela, me debrucei sobre a pia e joguei o resto de comida no triturador. Britt não disse nada, apenas fez essa careta que costuma fazer, crispou os lábios, com uma expressão azeda no olhar. quem estivesse ali para ver, acharia que eu tivesse debochado da saia dela. por sorte o telefone tocou, meus olhos imediatamente se voltaram para o aparelho na parede, os dela também. A luzinha da linha dois estava piscando, a minha linha.
— Deve ser o escritório — eu disse, e rapidamente atendi. — Não demoro — saí da cozinha e corri escadaria acima. Brittany ficou sozinha, livre para fazer com a maldita louça o que bem entendesse.Brittany
Sany saiu da cozinha. virando o rosto, tapando o telefone com a mão enquanto falava, eram muitos, os telefonemas do escritório. olhando para o prato sujo em minhas mãos, ouvi-a subir a escada apressadamente em direção ao nosso quarto. onde poderia falar com privacidade, mesmo assim fiquei de ouvidos abertos, a torneira pingava na pia .Nada. depois peguei o prato sujo e joguei-o direto na máquina, sem enxaguá-lo antes. um ato de rebeldia, nada mais. de repente ouvi um barulho estranho no andar de cima, como se alguém arrastasse um móvel ou um corpo. Apertei os olhos, pensando: "que porra é essa agora?" eu não ligava mas... talvez Sany precisasse de ajuda, calmamente, como quem não quer nada, subi em direção ao nosso quarto. Já no corredor, pude ver que a porta estava entreaberta o suficiente para que eu desse uma espiadela. Sany, de costas para mim, tinha acabado de vestir o casaco, ainda sussurrava ao telefone, mas pude ouvi-la dizer:
— Sei... entendi... na suíte do último andar, estarei lá em quarenta e cinco minutos. — suíte do último andar? ela desligou, e eu recuei mas o assoalho rangeu, um tantinho de nada. Sany se virou de repente e me viu parada à porta.
— Poxa, amor, você quase me mata de susto.
— Desculpa — eu disse com o máximo de displicência. — Só queria saber se não era nenhum problema. — ela revirou os olhos e jogou o aparelho sobre a cama.
— Algum pateta fez uma burrice qualquer e arruinou o servidor de um escritório de advocacia na cidade, sem servidor essa gente não faz nada. — seus movimentos pareciam exagerados: a voz, um pouco alta demais. ela encolhia os ombros, como se quisesse se desculpar.
— Preciso ir até lá.
— Mas a gente prometeu aos Jones que... — Subitamente rígida, Sany olhou para o relógio e disse:
— Volto em torno das nove, é só uma rapidinha.
— A expressão bateu mal em meus ouvidos. — ela sorriu, eu sorri, sorrisos de praxe, nada mais. creio que tanto eu quanto ela estávamos aliviadas por poder passar algumas horas longe uma do outra, esperei até ouvir a porta da frente bater e depois segui os passos dela escada abaixo. Fui até uma janela e fiquei ali, parada, vendo-a tirar o carro da garagem, não foi a primeira vez que fiquei imaginando aonde ela realmente iria e o que faria depois. e com quem. talvez ela pensasse a mesma coisa quando me via sair. "quando foi que a gente parou de se perguntar as coisas?"quando foi que a gente parou de se importar em saber?" os faróis do carro me iluminaram como um par de lanternas, e depois ela sumiu. um relógio tiquetaqueava na lareira, de repente, nossa casa perfeita me pareceu grande demais, vazia demais. Felizmente eu tinha um pequeno compromisso também.
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Sra. & Sra. Lopez (Brittana)
ActionBrittany e Santana Lopez aparentemente parecem formar um casal normal, mas na realidade ambas mantêm um segredo. As duas são assassinas de aluguel contratados por empresas rivais. A verdade só vem à tona quando Brittany e Santana, sem saber, recebem...