Santana
Todas as minhas dúvidas se dissiparam quando vi a loba solitária das dunas alojar um morteiro sobre o ombro. a mulher estava caçando mas não exatamente tatus. mierda! ela estava atrás da minha presa! no me gusta, nem um pouquinho. ponho de pé um plano perfeito e essa James Bond falsificada do subúrbio invade minha festa e esfrega um morteiro bem no meu nariz! Mierda! Mierda! Mierda! controlando a irritação, alertei minha equipe:
— Não se trata de uma maluca, temos outra jogadora em campo. — um momento de silêncio, eu sabia que Camila examinava as imagens transmitidas ao vivo e também sabia o que se passava na cabeça dela. afinal, nós duas tínhamos estudado na mesma cartilha para assassinos profissionais. naquelas circunstâncias, a cartilha recomendava: abortar. Mierda! Mierda! Mierda! eu podia ouvir os segundos se esvaindo, podia ouvir Camila mordendo a própria língua, privando-se de dar qualquer palpite. eu media freneticamente todas as opções e de repente vi a intrusa se preparar para atirar!
— Ela vai eliminar o alvo antes de ele chegar à zona de fogo! — Camila exclamou, isso é o que ela achava.
— Não vai, não — falei, não se eu pudesse evitar.. fim das discussões hora de agir. Agora! eu trazia nas costas um rifle com silenciador, passei a bandoleira sobre a cabeça e me preparei para atirar.a loba solitária mirava em seu alvo e eu mirava no meu: ELA. obrigada amigona, por ficar assim, paradinha... apertei o gatilho.
Brittany
Mais fácil, impossível, a mira do Javelin seguia o alvo sem dar a menor trégua. eu estava empolgada mas não nervosa e via o comboio marchar direto para as minhas mãos, se quisesse, poderia até descansar um minuto. tudo deveria transcorrer às mil maravilhas. falando em maravilha, lembrei-me da torta de limão de Sany. alguns pratos que Sany cozinha são indiscutivelmente péssimos (não que eu fale isso pra ela.) já corro riscos demais no meu trabalho, não preciso fazer loucuras desse tipo em casa. além disso, viajando pelo mundo, já comi coisas muito piores mas essa torta é maravilhosa demais. analisei o quadro geral, eu teria tempo suficiente para mais uma mordidela. mas quando olhei para a torta... Merda! Tinha areia caindo nela! então me abaixei para cobri-la melhor. Fzzzzzzzzztll
— Mas que p... — felizmente, meu corpo bem treinado estava sempre à frente do meu cérebro, minha boca se encheu de areia quando me joguei no chão e fiquei ali por um instante, com medo de me levantar, medo de levar a mão à cabeça e não encontrá-la sobre o pescoço. mas aos poucos percebi que a bala tinha passado de raspão, minha orelha direita parecia em chamas, tinha sido rasgada pela bala, sangrava mas não muito. então fiquei puta, havia mais alguém ali. alguém que queria me ver pelas costas.Santana
— Intrusa eliminada — informei minha equipe. — estamos de volta ao jogo. — nada mal, um único tiro, e a mulher já não oferecia mais nenhum obstáculo. gosto de pensar que na maioria dos casos, sou suficientemente aberta a negociações. mas quando o assunto é trabalho... "Ninguém se mete no caminho de Santana Lopez!" pena que a lobinha faminta não soubesse disso antes. aliás, trabalhar no deserto tem uma grande vantagem: não é preciso limpar a sujeira depois. os abutres cuidam disso para nós, estalei os nós dos dedos e voltei minha atenção para o comboio que se aproximava.Brittany
Examinei a área de onde supostamente tinha vindo a bala, não vi nada além de um casebre abandonado mas... espera aí, alguém se movimentou lá dentrol um vulto esguio passou do outro lado da porta aberta. alguém estava lá e certamente por um bom motivo.olhando melhor parecia uma mulher baixinha, fossem quais fossem seus planos, não queria me ver bisbilhotando o lugar. ali no deserto eu não tinha para onde correr, muito menos um lugar onde pudesse me esconder. minha única opção possível: eliminar a ameaça. limpei a areia do morteiro e mirei no casebre *foto do capítulo*, por fim disparei e vi a boca de fogo cuspir uma ogiva sedenta de calor. dez metros adiante a coisa tomou vida, deitando uma esteira de chamas e rugindo deserto a fora em busca da infeliz que se escondia naquele casebre.
— Vamos lá, belezura, pegue a panaca.
Santana
Na sexta série, eu tive uma professora
que sempre criticava minha incapacidade de concentração. Ah, se ela pudesse me ver agora. cada fibra do meu corpo estava concentrada no comboio, eu era capaz de visualizar Benjamin Danz empertigado naquele utilitário como um príncipe. tinha feito meu dever de casa e estava pronta para tirar de letra aquela prova. mas de repente um barulho quebrou minha concentração, algo parecido com wuuumpf. o que significava... PODER DE FOGO FENOMENAL! em uma rápida olhada pude constatar que o destino de tanto fogo era meu endereço atual: o casebre. "Mierda!" um bólide reluzente vinha direto na minha direção e eu estava prestes a recebê-lo na cara! por mero instinto, joguei-me nas rochas da colina.Brittany
Bum! o velho casebre se desmanchou em um milhão de pedacinhos, engoli a seco e admirado, olhei para o objeto que ainda fumegava nas minhas mãos. "Isto aqui nas mãos erradas..." pensei, a intrusa havia sido eliminada com sucesso. infelizmente, o estrondo da explosão havia denunciado minha presença ali. o comboio parou, receoso e agora manobrava para... "Não, ninguém vai embora daqui." eu ainda tinha uma chance de cumprir minha missão. sem pestanejar, recoloquei no ombro meu confiável morteiro e mirei novamente.
Santana
A força da explosão levantou-me no ar, quando me esborrachei no chão, meu rifle já não estava mais comigo. "O laptop" pensei, afastando-me tropegamente do casebre em chamas. sim, o computador também estava perdido. se eu pudesse encontrá-lo, talvez ainda houvesse uma chance de sucesso, ou teria sido destruído com a explosão?
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Sra. & Sra. Lopez (Brittana)
БоевикBrittany e Santana Lopez aparentemente parecem formar um casal normal, mas na realidade ambas mantêm um segredo. As duas são assassinas de aluguel contratados por empresas rivais. A verdade só vem à tona quando Brittany e Santana, sem saber, recebem...