Mentiras

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Wakanda Forever 🖤 que Chadwick Boseman, descanse em paz. viverá para sempre em meu coração e memória. 🕊
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estou tão triste, eu só preciso que esse ano acabe logo. Boa leitura honeys.
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Santana
Fachos de laser verdes e vermelhos entrecruzavam-se acima de nossas cabeças como um espetáculo de Natal mas de natalinos não tinham rigorosamente nada. wham! a porta da frente se abriu com estrépito, e um número incerto de vultos atravessou a soleira em direção ao interior da casa sem ao menos limpar os pés. Britt e eu corremos para as portas que davam para o quintal, mas as vidraças se estilhaçaram bem diante do nosso nariz. mais vultos, dessa vez entrando pelos fundos. estávamos cercadas. pior, estávamos cercadas e desarmadas.
Vem comigo — Britt sussurrou, puxando-me pela mão. — Vamos descer as escadas! — calei-a com um dedo sobre os lábios e depois, utilizando o código manual das forças especiais da Marinha(libras), sinalizei: — Não. Armadilha. Ruim.
— Sim — ela sinalizou de volta. — Ouvir. Eu. Descer. Escadas.
Não. Idiota. Pensar — retruquei. Britt seguiu para as escadas do porão, arrastando-me atrás dela. de repente me lembrei:
Espera. Armas. Minhas. Cozinha.
— Não — Britt sinalizou.— Lá. Perigo.
Calar. Boca. Ouvir. Eu. Uma. Vez.— olhei para ela com cara de poucos amigos e ela olhou para mim do mesmíssimo jeito.
Não. Você. Calar. Seguir. Eu. Vá tefoder! — Esse sinal provavelmente não estava incluído no manual da Marinha, mas Britt certamente entendeu o recado. nesse instante ouvimos passos na nossa direção, não dava para continuar discutindo. chegando à porta do porão, descemos as escadas às pressas, Britt empurrando-me por trás. o lugar estava escuro e um pouco bolorento, mas muito bem arrumado. mérito meu, é claro. caixas e mais caixas cobriam as paredes, todas devidamente fechadas, empilhadas e organizadas em ordem alfabética. um exagero, vá lá, mas naquelas circunstâncias um pouco de ordem talvez pudesse salvar a nossa pele. rapidamente passei os olhos pelas etiquetas: anuários da universidade, enfeites de Natal, revistas gourmet...puxei uma das caixas do alto e rasguei a dobradura da tampa. ali encontrei uma pilha de camisas e shorts sociais, velhos, porém cuidadosamente dobradas. nada de muito chique ou moderno, mas qualquer coisa seria melhor que o estado de seminudez em que nos encontrávamos. ali tivemos a primeira oportunidade para recuperar o fôlego e tentar descobrir que diabos estava acontecendo.
Os caras não confiam nem um pouquinho na gente. — disse Britt enquanto abotoava minha camisa com agilidade. — Será que não podiam ter esperado ao menos um dia?
(N/A: se vocês nunca viram ou tiveram um vislumbre das patroas de camisa social, foto do capítulo*)
Saímos do controle deles — eu disse, pelejando para abotoar a camisa nela. — Então mandaram essa gente atrás de nós. — Britt localizou uma caixa de trenzinhos de brinquedo, depositou-a a seus pés e rasgou o papelão. de dentro tirou duas armas, uma grande e uma pequena. tomou a grande para si e me passou a outra. com as mãos plantadas na cintura, reclamei:
A pequena pra mim, só porque sou mais baixa?
— Shhh!
— Mas...— Britt jogou a arma grande nas minhas mãos apenas para me calar. depois apontou na direção do teto, passos no andar de cima e então, antes que pudéssemos fazer qualquer coisa... Bam! Bam! Bam! alguém abriu fogo contra a porta do porão, arrancando-a das dobradiças. uma silhueta escura postou-se no alto das escadas.
Boa viagem, pombinhas! — disse uma voz masculina. em seguida, deixou cair alguma coisa e saiu, dois objetos pequenos rolaram escadaria abaixo até o chão. essa não! duas granadas, uma rosa e outra azul! sem tempo para raciocinar, Britt simplesmente chutou as granadas para longe. pareciam de brinquedo, mas obviamente não eram. rolaram pelo chão e por fim se alojaram sob o aquecedor de água. Britt olhou para mim como se quisesse dizer: "Opa, eu achei que..." e eu olhei para ela dizendo claramente: "Eu falei que o porão era uma má ideia, não falei?" estávamos presas ali, com duas granadas prestes a explodir sob o aquecedor. apenas uma opção: Britt agarrou minha mão e me puxou até a porta que dava para o jardim. fechada a cadeado. agora foi minha vez de dizer: "Opa, eu achei que..."
— Mas quem trancou isso aqui? — disse Britt. eu tinha trancado, na noite anterior, quando tentava mantê-la fora da casa. recuando um pouco, Britt mirou sua arma e atirou no cadeado, fazendo com que a porta abrisse de repente. segundos antes de... as duas granadas explodiram o aquecedor e o porão inteiro com ele. a força da explosão nos lançou para o alto, arremessando-nos porta afora como dois projéteis cuspidos da boca de um canhão, o fogo lambendo a sola das nossas botas. então saímos em disparada, correndo, saltando, nadando. fazendo tudo o que fosse preciso para ficarmos o mais longe possível dali, até que fomos forçadas a parar para descansar. tossindo e arquejando, olhamos de volta para nossa casa. o fogo havia se espalhado para todos os outros cómodos, um dragão voraz destruindo todos os nossos segredos, todas as nossas mentiras. com um ribombo parecido com o que se ouve nos terremotos, a casa começou a balançar a partir dos alicerces até desmoronar por inteiro, reduzindo-se a um poço de brasa e fumaça.

Sra. & Sra. Lopez (Brittana)Onde histórias criam vida. Descubra agora