Uma isca

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SantanaEu adorava aquilo

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Santana
Eu adorava aquilo. claro, é sempre divertido agir, a adrenalina, a encenação, a caça, a fuga. mas ficar ali, na van de apoio, era também muito legal, aquela parafernália toda lembrava um filme de Star Wars ou um video-game de última geração. eu não podia negar: sentia certo prazer em estar no controle das coisas. do lado de fora, a van parecia uma furreca comprada num ferro-velho de quinta categoria e do lado de dentro, parecia uma estação móvel da Nasa. eu estava cercada de monitores que me davam todo tipo de informação: a planta baixa do prédio, os sistemas de alarme etc. além disso, por meio da minicam que Britt levava sobre a testa, via tudo o que se passava do ponto de vista dela: participava da diversão, mas não precisava sujar as mãos. enquanto Britt adentrava no prédio, eu digitava dados, conferia leituras, monitorava a movimentação do lado de dentro, eu podia ver coisas que Britt não via e dizer a ela o que fazer, para onde ir, o que evitar. sou uma excelente digitadora, diga-se de passagem e raramente cometo erros tipográficos. digitei alguns comandos e os sistemas de alarme se desarmaram, outros comandos e os sistemas de segurança entraram em pane. checagem do monitor: Britt se arrastava pelos dutos de ventilação, nada muito interessante de acompanhar mas...com o nosso sistema de comunicação, Britt podia falar baixinho em umminúsculo microfone, e eu ouvia tudo o que ela dizia por meio de um headphone.
Checou o perímetro? — ela perguntou.
Chequei o perímetro. — respondi.
Está de olho nas frequências da polícia?
— Estou de olho nas frequências da polícia.
Conferiu o...
— Ei! — eu disse, irritada. — Essa não é a minha primeira vez,sabia?
— Sim senhora. engraçadinha! Britt continuou se arrastando, a luz da lanterna iluminando as paredes. chequei sua posição na planta dos dutos de ventilação.
Britt, vire pra esquerda. — Ela não virou para a esquerda. — Brittany! pra esquerda! — de repente a imagem transmitida pela minicam começou a chacoalhar e a rodar, como se alguém tivesse arrancado o equipamento da cabeça de Britt. o que poderia estar acontecendo? e então o rosto de Britt ocupou toda a tela do monitor, a lanterna apontada para cima, sob o queixo, suas tranças criavam uma estranha composição de luz e sombra que a deixava parecida com um demônio. (N/A:foto da capa como ela está)
Não me diga o que fazeeeer... — ela disse, com uma voz de zumbi. teria achado aquilo engraçado se estivéssemos em pleno Halloween. a brincadeira serviu para me lembrar de uma coisa: eu estava acostumada a lidar com uma equipe composta apenas de mulheres conhecidas, e Britt era...bem, Brittany Pierce. muito obviamente minha esposa-desconhecida, na verdade ser ela, era uma de suas melhores qualidades e eu não podia me esquecer de que estava no controle da operação. felizmente ela colocou a câmera de volta na cabeça e voltou a agir como uma adulta. logo chegou a um ponto crucial.
Muito bem, amor. você está lá, você chegou — informei. — Fique aí um pouquinho. — Digitei mais alguns comandos. — Quando eu der o sinal, vá..— pelo monitor vi que ela já seguia em frente. que diabos estaria fazendo?
— Brittany!... Brittany! só quando eu der o sinal! — um alarme soou no meu fone de ouvido. merda! no monitor... gente correndo, muita confusão! digitei como uma alucinada. Porra, Britt! e então todas as luzes se apagaram. ouvi gritos, gente tropeçando e de repente...Baruuum! Britt havia conseguido detonar os explosivos, ouvi claramente quando uma parede veio abaixo. ouvi pessoas/guardas? cambaleando e tossindo à medida que o gás preenchia a sala, também ouvi um breve diálogo:
Tem uma arma pra me dar?
— Bico calado.
— EU-Você não pode me algemar!
— Fecha a matraca, meu irmão.— um prisioneiro e um guarda, ao que parecia. Benjamin Danz? fiquei atenta, à procura de algum sinal que revelasse quem eram aquelas pessoas. barulho de corpos caindo ao chão, o gás começava a fazer efeito. Brittany usava uma máscara de oxigénio, o que lhe permitia seguir em frente sem perder a cabeça. tudo parecia acontecer de acordo com o planejado, logo estaríamos longe dali. Britt era excelente no que fazia, eu já tinha tido a oportunidade de vê-la em ação antes, mas mesmo assim...essa era a pior parte de ficar no controle: a espera. minutos depois avistei uma figura com o tronco arqueado, correndo na direção da van. Britt trazia um corpo cambaleando consigo. torci para que não tivesse pegado o corpo errado no meio daquela confusão toda. abri a porta lateral e vi o rosto de Benjamin Danz quando Britg o jogou no banco de trás. era ele mesmo, o homem que eu havia visto nas fotos, jamais esqueço o rosto de alguém. ele ainda estava com as mãos atadas, e a corrida pelo ar fresco da noite havia anulado um pouco do efeito do gás. ele começava a despertar. Britt entrou na van e arrancou todo o equipamento que trazia no corpo. graças a dios estava sã e salva.
— Saí de lá o mais rápido que pude. — falou. mas agora que eu sabia que estava tudo bem com ela...
Falei pra você esperar o meu sinal! — berrei a plenos pulmões. — Mas não foi isso o que você fez, foi?
— Eu sei, eu sei...mas achei que já teria uns sessenta anos quando você finalmente desse o maldito sinal.
— Uma mulher de sessenta anos teria mais juízo que você!
Poxa, Sany! precisa sempre ter tudo sob controle? esse nosso trabalho é noventa por cento intuição, você sabe muito bem disso.
Você desviou do nosso plano! — tive de lembrá-la. — E a sua intuição disparou todos os alarmes naquele prédio! — dei um tapa no volante para aliviar a tensão. — Ah, é sempre assim!
— É sempre assim o quê?
— A gente senta, discute tudo e concorda com um plano mas depois você vai e faz exatamente o que dá na sua telha!
— Porque você nunca leva em consideração o que eu quero! — Britt gritou. — É sempre o showzinho da Santana!showzinho da Satana?
Claro que sim — tive de retrucar. — Já tive a oportunidade de ver o showzinho da Brittany e sei que não vale um tostão furado! — Britt começou a protestar, mas não deixei que continuasse, fui logo dando um exemplo.
O aniversário da minha mãe, quando alguém esqueceu de levar o presente.
— O aniversário do clone da sua mãe, você quer dizer! — pelo retrovisor, vi que Britt estava à beira de um ataque.
Esse casamento não tem a menor chance de dar certo — ela sussurrou. e por fim Benjamin Danz falou:
Quem são vocês, afinal?

Sra. & Sra. Lopez (Brittana)Onde histórias criam vida. Descubra agora