Benjamin

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Brittany
Estacionei diante de um prédio, de frente para o rio, e depois me dirigi a um estúdio/escritório no pavimento térreo, a placa do lado de fora informava a homenagem a você sabe quem: "Lopez Academia." ali, pelo menos até onde sabiam as pessoas em geral, eu era apenas uma mulher como outra qualquer, no comando de uma academia com sedes pelo mundo inteiro.
Bom dia, Amy — eu disse à recepcionista. ela e o marido, Jack, comandavam o escritório fachada. formavam uma dupla simpática e afável, eu quase os tinha como pai e mãe, mas ficaria com muita pena do infeliz que subestimasse as habilidades do casal. eles faziam as vezes de secretários, mensageiros e guarda-costas, tudo no mesmo pacote, e eu os tratava a pão-de-ló. além disso, Amy fazia os melhores cookies de chocolate do planeta. portanto eu precisava, a qualquer custo, ficar nas boas graças dela.
Bom dia, sra. Lopez — ela respondeu. — problemas em Atlanta?
Foi o que me disseram. — Amy entregou-me um envelope e disse: — um pedaço de cartão de embarque, recibos de táxi, contas de hotel...e também temos as novas especificações para a seleção — acrescentou Amy, entregando-me uma planta enrolada.
Ótimo, ótimo. vou dar uma olhada nisso tudo — eu disse en quanto atravessava o corredor que conduzia à minha sala, já estava a meio caminho quando Laur surgiu da sua toca e me alcançou, cantarolava uma musiquinha qualquer e fazia as palhaçadas de costume.
E aí, Laur. quais são as novidades? — perguntei, muito mais para fazê-la parar de cantar do que para colher informações.
Mesma coisa de sempre, pessoas precisando morrer. — ela deu de ombros e depois continuou: — Ah! Vou fazer uma reuniãozinha esse fim de semana, churrasco lá em casa, clube da jaguar.
Tudo bem, se Sany não se importar...—eu disse e depois segui para minha sala, Laur balançava a cabeça enquanto me via atravessar o corredor.
El, Brittany! quer meu celular emprestado? caso você queira se jogar de um prédio, dar uma séquencia de fouettes, ou qualquer outra coisa, e precise consultar Santana antes... — simplesmente revirei os olhos e fechei a porta sem responder, não precisava de conselhos matrimoniais de uma pessoa adulta que ainda morava com a mãe. era ali, dentro da minha sala —  o único lugar seguro da Lopez Academia — que as coisas aconteciam de verdade, a decoração vintage, simples e esparsa, me convinha perfeitamente. o lugar era confortável, desobstruído, eficiente. parecia cenário de um filme de James Bond muito antigo. ali eu conseguia me concentrar, ali eu conseguia pensar. ali era a minha casa. a porta se fechou, a sala estava segura, sentei à minha mesa e puxei o braço de um guindaste em miniatura. imediatamente, o painel que revestia uma das paredes retrocedeu para dar lugar a uma gigantesca tela de plasma, de ultimíssima geração, exibindo a logomarca da empresa.
Bom dia — eu disse.
Confirmando a identidade vocal... — respondeu a voz, apenas a voz, de uma secretária. — Bom dia, sra. Lopez.— em seguida surgiu um rosto: o de uma mulher elegante, de cabelos louros, que trazia nos olhos azuis a marca dos muitos anos de trabalho naquele ramo. era a grande kahuna, minha chefe, Também conhecida como "mamãe". com um único olhar, era capaz de transformar o mais sanguinário dos seus agentes em um garotinho chorão. empertiguei-me na cadeira, surpresa por vê-la na tela.
Olá, Brittany — mamãe disse em sua voz aveludada e escura. — muitas baixas esta semana! — "vou tomar isso como um elogio" pensei, mas não disse nada.
Temos uma "prioridade um" — ela continuou — portanto preciso de suas habilidades especiais. — os dados a respeito do alvo espocaram na tela: foto *do capítulo*, biografia, tudo, menos a última vez que ele tinha ido ao banheiro. eles decerto tinham todas aquelas informações também, em algum lugar.
o nome do alvo é Danz — informou mamãe. — Também conhecido como "o Tanque".
o Tanque... — quase não consegui conter o riso. — ele parece um adolescente. — Opa! mamãe contraiu os músculos da face. não estava para brincadeiras e o assunto qual fosse, parecia muito importante para ela. achei prudente me comportar.
É uma ameaça direta à firma — ela continuou, um pouco mais incisiva. — sob custódia da DIA, não entregá-lo para uma conexão via helicóptero, a uns vinte quilómetros ao norte da fronteira com o México. quero você lá, de modo que nosso alvo não troque de mãos. — inclinei-me um pouco para ler melhor os dados que atravessavam a tela. as pessoas podem mentir, trapacear, fingir que são aquilo que não são. mas os olhos sempre as denunciam. bastou uma rápida conferida nos olhos do cara para saber que não passava de um panaca. "Benjamin Danz", pensei, "bem-vindo ao último dia de sua vida".

Sra. & Sra. Lopez (Brittana)Onde histórias criam vida. Descubra agora