Lágrimas

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Santiago saiu de dentro do quarto, coberto de sangue, seu e de Juleka. Ele fechou a porta e encostando na mesma, olhou para todos que aguardavam uma resposta. Ele negou com a cabeça, fazendo todos desabarem em lágrimas. Chloe tentou forçar a passagem para entrar no quarto, mas Santiago a segurou e a prendeu contra si. Ela bateu nele tentando se soltar, mas ele não se importou. Ele a abraçou e ela já cansada de lutar, pela dor que sentia, enterrou seu rosto no peito do maior e agarrou o tecido da blusa, gritando em desespero.

Ao anoitecer, todos estavam do lado de fora do castelo, segurando lamparinas e velas. Adrien, Santiago, Nino e Nathaniel, saíram do castelo, carregando uma maca, decorada por diversas flores e coberta por um longo pano branco. Eles caminharam pela noite, em direção ao norte, onde ficava o rio. Ao chegar na beirada do rio, os quatro entraram na água e colocaram a maca sobre a água. Juntos eles soltaram, deixando a lenta correnteza levar ela para longe. Alya encaixou sua flecha no arco, Nino atiçou fogo na ponte e juntando todas as suas forças e o que restara de sua concentração, ela atirou a fecha para o alto, acertando em cheio o tecido e o fazendo queimar. Ela caiu de joelhos e se entregou as lágrimas. Nino se abaixou e a abraçou com força, também entregue as lágrimas.

Adrien deu a volta, deixando seus amigos e voltou para o castelo. Ao chegar lá, ele subiu no telhado e se sentou na beirada. Ao longe, viu a Torre Eiffel, com apenas algumas luzes acesas. Se lembrou da noite que ficou ali com Marinette, e ela lhe dissera que as luzes que restaram na Torre, eram para dar esperança ao povo. Naquela noite ele também adquiriu esperança, mas não pela Torre, mas por ela. Se sentia vazio sem ela por perto e ver a dor de seus amigos, lhe corroía ainda mais por dentro. Mas precisariam usar aquela dor, pois Félix poderia ter vencido a primeira luta, mas não vencera a guerra.

Luka apareceu e se sentou do seu lado. Adrien não olhou para ele, e nem Luka olhou para Adrien. Luka inclinou a cabeça para trás e olhou para as estrelas.

-Nunca reparei como a visão das estrelas é linda daqui. - disse Luka.

-Você deveria estar chorando. - disse Adrien - Acabou de perder sua irmã mais nova.

-Eu sempre via as estrelas com ela, de lá de casa. Ela gostava de juntar os pontinhos e dizia que o universo era uma tela de pintura sem fim.

-É um jeito bonito de ver o universo. - ele sorriu.

Adrien pensou nas meninas. Nunca havia visto Chloe chorar tanto. Alya lutava para se manter forte, pela Juleka. Rose passou a maior parte do tempo, deitada sem dizer uma palavra. Ambas haviam se apegado muito nos últimos dias. Ele queria poder dizer que estava tudo bem, que ela estava viva e bem. Mas não podia. Era algo que não dependia só da sua jurisdição. O destino de Juleka já havia sido traçado, e não havia sido pelas mãos dele.

-O que vamos fazer? - questionou Luka.

-Vamos salva a Marinette e a Kagami, e destronar meu pai e o Félix de uma vez por todas. - respondeu com convicção.

-Tem um plano?

-Tenho. Entrar pegar as duas, acabar com os dois, devolver o reino para Marinette e restaurar todos os estragos feitos pelo meu pai.

-Um plano mais detalhado?

-Vamos planejar tudo em um momento menos fúnebre, pode ser?

Luka não disse nada, apenas continuou olhando para o céu. Adrien sentiu Plagg se deitar sobre o seu cabelo loiro e logo depois Sass apareceu, fazendo o mesmo em Luka. Luka pegou seu Kwami e o acariciou, brincando com a calada dele, que se enrolava em seu dedo.

-Eu juro que queria ter usado o miraculous durante a batalha. - disse Luka - Mas eu fiz um juramento, e prometi não revelar a minha identidade.

-Se arrepende?

Entre Máscaras e ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora