Volto da entrevista de emprego, animado com a possibilidade de enfim conseguir trabalhar em algo melhor que um consultório médico, obviamente que não abandonaria os casos com Sherlock, porque de fato era o que eu mais gostava de fazer. Mas ter um emprego com salário fixo, no momento em que vivia, era elementar.
Logo que entro em casa, com Rosie adormecida em meu colo, encontro Sherlock tocando seu violino. Paro à porta, e fico ali apenas ouvindo aquela melodia íntima e com um toque totalmente diferente, nunca ouvi Sherlock tocando aquela música, e para admitir, ela era incrível. Permaneço em silêncio por tempo suficente, deixando o homem alto na extremidade oposta da sala, tocar seu violino sem lhe interromper.
Entretanto, Rosie me denuncia, ao acordar choramingando.-John, ela está faminta. -Sherlock fala ainda dedilhando seu violino, fico surpreso.
-Ahn... Como sabe?
-Que ela está com fome? Pelo agudo de seu choro. -Ele fala enfim girando os calcanhares e me fitando. -Normalmente quando Rosie quer colo ela choraminga sem lágrimas, quando está com a fralda suja, seu choro é constante, e quando é fome, ela berra como esta fazendo nesse exato momento.
-Como você sabe mais sobre minha filha do que eu? -Digo enfim entrando na sala. -Meu Deus, sou um péssimo pai.
-Você não é um pessimo pai Watson, é apenas aquilo que sempre insisto em lhe dizer: -Sherlock larga seu violino no suporte e contorna a poltrona, indo em direção à cozinha. -Você vê... Nesse caso ouve, mas não observa.
Reviro os olhos, Sherlock sempre usava aquela frase para me mostrar o quão obtuso eu era.
Alimento Rosie, e a coloco para dormir, já passava das nove horas da noite. Tomo um banho e me sinto exausto, com os cabelos ainda umidos, volto para a sala e sento em minha poltrona. Sherlock estava deitado no sofá de olhos fechados, as mãos cruzadas sobre o peito, parecia adormecido, seu rosto estava relaxado. Me sento sem fazer ruido algum, e lhe observo, gostava de observa-lo, porque no geral era ele que fazia isso comigo.-Seus cabelos estão molhados, vai se resfriar. -Os lábios do homem se mexem inesperadamente, e como sempre, me surpreendo com o fato de Sherlock saber de coisas que nem ao menos viu.
-Mas como você sabe? Nem ao menos me viu. -Digo impressionado.
-Meu caro Watson, ainda em tom de surpresa?
-O que posso fazer se você causa isso em mim. -Digo sincero. O efeito foi imediato, Sherlock abre os olhos e vira a cabeça em minha direção, sua testa levemente enrugada, olhos curiosos. -O que foi? -Pergunto intrigado.
-Ahn... Nada. -Ele diz, e volta a sua posição inicial. E esse era sherlock.
-Como foi seu dia? Você e Mycroft...
-Tédio. -Ele diz rapidamente.
-Nenhum contratempo? -Insisto.
-Talvez um ou dois. -Ele responde sem emoção.
-Pode compartilhar?
-Você esteve onde hoje à tarde? -Ele me pega desprevenido, mudando de assunto como sempre.
-Achei que era óbvio.
-Se fosse óbvio, não lhe perguntaria. -Sherlock fala calmo, sinto a alfinetada .
-Nossa... Não precisa se ofender. -Digo meio cético.
-Não me ofendi.
-Enfim, fui à uma entrevista de emprego, no St. Barts. -Falo sem conseguir afastar o tom seco em minha voz.
-Me Desculpe John, não quis ser rude. -Ele fala me olhando novamente, e sinto a sinceridade em sua voz. Balanço a cabeça em concordância. -Oh, e como foi?
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Aprendendo a Amar (Em Revisão)
FanfictionApós a Morte de Mary, John Watson decidiu que se afastar de Sherlock Holmes era a unica forma de seguir sua vida. Porém, a vida é surpreendente.