John

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Assim que bato a porta ao entrar no quarto, que não era usado por mim à dois dias; me enconto na mesma, sentindo a dureza e frieza da madeira em minhas costas, apoio a cabeça nas mãos por alguns instantes tentando sem sucesso desanuviar minha mente, que agora estava em uma enorme luta entre arrumar minhas malas e ir embora, e quebrar cada objeto dentro daquele aposento.
Respiro fundo, e olho ao redor vendo o berço vazio de Rosie. O que eu havia me tornado? Porque minha filha não estava ali naquele momento? Porque me sentia quebrado e sem vida?
Tudo estava fora do controle, eram sentimentos demais em pouquíssimo tempo, me deixei ser levado por tudo aquilo, e agora estava pagando o preço por ter ido tão rápido.
Já havia passado por desilusões amorosas antes, mas aquilo que estava sentindo era diferente, me sentia tolo e burro, realmente burro... Era óbvio que Sherlock Holmes não iria se envolver, ele sempre fora frio e incapaz de amar... Mas posso afirmar com certeza que o mesmo, havia conseguido com sucesso me enganar muito bem, eu estava certo dos seus sentimentos para comigo, tudo o que passamos naqueles ultimos dias não era apenas algo de "Amigos que se divertem". Ao lembrar dessa frase sinto meu sangue ferver, como eu era imbecil em acreditar numa possivel relação... Era muito claro agora, depois de ler todas aquelas mensagens de Irene Addler...
"Sonhei com Você."
"Boa noite Sr.Holmes, gostaria que estivesse aqui"
"Comprei um chapéu em sua homenagem."
"Porque Não vem me visitar?"
"Sabe onde me encontrar."
"Janta comigo?"
"Vi uma foto sua no jornal, vem me ver?"
"Estou pensando em você."
IA.

Era flerte, e pelos horários e datas das mensagens, ela estava enviando todos os dias durante a madrugada, e Sherlock nem ao menos havia me falado sobre isso. Estava nítido que se ainda havia a notificação salva, era porque ele não queria se desfazer, sendo assim, algo existia ali... Basicamente eu era só um tapa buraco.

Quando eramos apenas amigos, tudo era mais facil.

Me deito na cama, passava das 5 horas da manhã, mas não sentia qualquer indício de sono, apenas queria passar o tempo, para enfim poder sair daquele apartamento e espairecer minha cabeça. Observo uma movimentação em frente a porta do quarto, vejo sombras de passos indo e vindo até enfim parar, sabia de quem se tratava. Sherlock estava ali, tentando achar coragem para bater na porta.

-John... -Ele não bate, apenas sussurra do outro lado, sua voz preocupada e terna, Porém não me deixo abalar, permaneço em silêncio. -John, abra a porta, vamos conversar...

Não me manifesto, não era uma boa ideia falar com Sherlock naquele momento, me sentia magoado e furioso, possívelmente lhe quebraria a cara. Continuo em silêncio, e as sombras dos pés de Sherlock ainda parados em frente a porta, se movendo impacientes.

-Por favor John, não seja infantil...

Fecho meus olhos, e bufo. Como uma única pessoa conseguia ser tão incrivelmente insuportável, teria de manter minha calma, não queria brigas, e por isso me mantenho calado. Ao que pareceu quase uma hora depois, escuto seus passos se distanciarem, e um click de porta se fechando chegarem aos meus ouvidos. Olho para o relógio de cabeceira que ja marcava 6:35 da manhã, então sem pensar duas vezes, vou para um banho, minha cabeça doía, e sentia enfim a exaustão me pegar para si. A noite havia sido longa, e lembrar que horas atrás me via sobre o corpo nu de Sherlock, não ajudava muito minha concentração. Após um banho demorado, vou para a sala já vestido para sair, o fogo da lareira reduzido a cinzas, e  o ambiente quase completamente vazio se não fosse pelo homem esguio sentado na poltrona de couro preto, com as mãos unidas ao rosto de olhos fechados

Sherlock estava vestido com seu terno preto caprichosamente alinhado, e calçava seus sapatos, ao que indicava, o mesmo estava pronto para sair. Tento não lhe dar atenção, precisava urgentemente de uma xícara de chá quente, pois sentia meus sentidos mais lentos por conta da exaustão causada pela completa falta de sono. Caminho em direção a chaleira, tentando não focar no perfume envolvente que chegava ao meu olfato, era difícil não sucumbir a sensação sensual que a postura de Sherlock causava, mas foco no chá.
Assim que esvazio minha xícara, lavo-a deixando escorrer a água na pia, e então vou em direção à porta.

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora