Sherlock

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À meu pedido, John Watson e sua filha Rosie, voltam para 221B da Baker Street. E não poderia finjir que aquilo não me deixava extasiado; à muito havia entendido que meu fraco era a distância de John, e ainda analisava aquilo em meu palácio mental, pois deveria de haver uma explicação plausível. Com a volta da extabilidade da 221B, tudo ao meu redor parecia mais aceitável, e mesmo falando de meu tédio à plenos pulmões para todos que quisessem ouvir, não era verdade... Me sentia feliz como nunca me senti antes... Até as visitas inoportunas de Mycroft conseguiam ser amenas.

-Por Deus Sherlock, se comporte, Mycroft se preocupou muito com você.

-Não me entedie John. -Digo didilhando meu violino, e observando o louro de esguelha. John parecia tão animado quanto eu, até Rosie estava em ótimo humor.

-Só estou lhe dizendo... Ele está vindo, e não estarei aqui, então por favor, se comporte. -John fala pegando Rosie do berço, e caminhando até minha frente. Sinto cheiro de sua loção pós barba, seus cabelos estavam arrumados demais... As vestes estavam bem passadas e os sapatos caprichosamente lustrados, espio o bolso de seu casaco e vejo um papel dobrado. Sem escritas à mostra, mesmo se quisesse não poderia dizer onde O homem à minha frente iria.

-Vai à um encontro? -Pergunto indiferente, sem lhe olhar, mas escuto seus movimentos, levemente intrigado e desconfortável.

-Digamos que sim. -Ele fala pigarreando.

-Animador. -Digo rapidamente lhe dando as costas.

-Então... -John pigarreia novamente -Vou indo... Logo mais estarei de volta... E trate Mycroft como seu irmão, não como inimigo.

-Estou ansioso.

Escuto John se afastar com Rosie, observo pela janela, ele entrar no taxi. O desconhecido me deixava receoso, e também a sensação que estava sentindo, não era algo no qual eu compreendia.

Me sento em minha poltrona esperando meu ilustre irmão mais velho chegar com seu fiel guarda chuva. E não demorou mais do que meia hora. Assim que a porta se abre, olho Mycroft com seu terno cinza de grife, o rosto mais velho do que lembrava, e um leve aroma adocicado entrando junto dele assim que ultrapassa o batente da porta.

-Mycroft! -Digo levantando os olhos para ele. -Sabotando seu regime?

-Foi apenas um pão doce, querido Irmão, nas sextas-Feiras me permito. -Ele diz levantando as sobrancelhas em tom de divertimento.

-É assim que tudo começa Irmão, sente-se. -Indico a poltrona vazia de John, ele olha rapidamente o ambiente intrigado, desabotoa o paletó e então senta cruzando as compridas pernas, largando seu guarda chuva ao lado da poltrona. -Diga o que está lhe divertindo Mycroft.

-Oh... Vejo que sou titio. -Ele diz curvando o lábio ironicamente, reviro os olhos.

-Não seja cruel consigo mesmo Mycroft, entendo que já aceitou sua solidão, mas vá com calma. -Digo tamborilando os dedos nos braços de minha poltrona.

-Não entendi, e não tenho a mínima intensão de entender querido irmãozinho.

-O que não me surpreende, a idade está te deixando lento e tedioso. -Digo arqueando minha sobrancelha. Mycroft umidece o lábio inferior contrariado.

-Bom, o que posso dizer, a idade chega para todos... Mas enfim; vejo que Watson voltou para cá.

-Bom observador.

-Não seja rude Sherlock, sinceramente, esse fato, mesmo ainda sendo totalmente obscuro para você, para mim é tão cristalino quanto os raios de sol de Budapeste...

-Seja mais exato Mycroft, você sabe que odeio xaradas. -Falo intrigado, por mais que me irritasse admitir, realmente não estava entendendo onde meu irmão nada sutil estava querendo chegar.

-Irmão, preste atenção: -Mycroft levanta e começa a caminhar pela sala, de onde eu estava fico lhe observando. -Você quase se matou, ficou três meses dentro desse... Lugar, sem receber ninguém, sem nada que lhe desse ânimo... E porquê?

-Por Deus Mycroft...

-... Não me interrompa! -Ele me olha contrariado, seu rosto estava impassível, semicerro os olhos. -Tentamos de todas as formas penatrar a fortaleza que é seu inferno pessoal, e nada... Eu te conheço tão bem para saber que nada adiantaria, pois você estava sofrendo de amor...

-Mas o quê...? -Intervenho não aceitando tamanho disparate.

-Lhe disse para Não interromper. -Mycroft para à minha frente e senta novamente. -Isso que você ouviu, Sherlock, é o que venho tentando compreender a três meses... Você estava se ferindo para esconder a dor de não estar com ele.

Eu entendi bem o que meu irmão quis dizer, mas aquilo não era verdade... Era?

-Sherlock, para de esconder a melhor coisa que existe dentro de você, e quando digo "a melhor" quero dizer Literalmente a única coisa emocional que você tem.

-Quem é você, e o que fez com meu gélido e maquiavélico irmão?

-Pode me insultar Sherlock, mas você sabe, aí no fundo desse coração... Sim você tem um coração, todos temos...

-O que é novo para mim... -Digo com ironia.

-Como ia dizendo, você sabe por quem seu coração bate, e por incrível que pareça, torço para que você perceba isso enquanto à tempo. -Ele me olha, diferente, tento decifrar aquele olhar, carinho? Não, Mycroft não saberia sentir isso. Talvez penoso.

-Me sinto tocado por suas palavras Mycroft. -Digo cruzando as mãos em frente ao rosto.

-Sente?

-É claro que não. Mas agradeço a... Ahn... Preocupação?

-Pode ser que para você isso seja impossivel, mas eu quero o seu melhor Sherlock... E John watson é o melhor... Que ele não ouça isso. -Mycroft levanta novamente, abotoando o paletó impecável.

Sinto um leve calafrio subir em minha espinha, movimento meu corpo para que aquela sensação se esvaisse, mas ela seguiu indo em direção ao meu peito. Ouvir aquelas coisa de Mycroft era deveras esquisito e sem sentido, contudo, me deu no que pensar.

-Sem mais delongas, preciso ir...

A porta se abre sem rodeios, Mycroft e eu olhamos ao mesmo instante para o lugar.

-Lestrade, ouvi o ranger dos seus sapatos a metros de distância, acredito que estão gastos demais. -O homem me olha com desdém.

-Obrigado pela observação, vim ser sua babá. -Ele fala impiedoso, observo Lestrade caminhar alguns passos para dentro do cômodo e olhar sem jeito para Mycroft que permanecia parado em frente a poltrona de John. Intrigante... Penso.

-Bom, irmão, essa é a deixa para você ir... Ou tem algum motivo para permanecer aqui? -Falo testando minha teoria.

-Como estava dizendo, por hora, é isso... Nos falamos Irmãozinho... Pense no que lhe disse. -Mycroft caminha lentamente pegando seu guarda chuva, e para alguns segundos antes de atravessar a porta. - Detetive inspetor...

-Senhor Holmes... -Lestrade fala rapidamente, observo. Então Mycroft sai balançando seu guarda chuva.

-Interessante... -Falo enquanto levanto e volto ao meu violino.

-Como disse? -Escuto a voz de Lestrade à minha esquerda.

Finjo não ouvir, e então toco uma melodia nova, uma que brotou em meu coração à uma semana atrás.

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Para Aiii que Mystrade is Real?

😏✊

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora