John

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Fecho meus olhos.
Não imaginava ouvir aquelas coisas, principalmente vindas diretamente da boca de Sherlock Holmes. Obviamente que me sentia especial, eu conhecia muito bem o homem do outro lado daquela porta pra saber que não estava sendo fácil para ele admitir todos aqueles sentimentos, e mesmo querendo ainda socar cada partícula do corpo de meu amigo, não consigo deixar de sentir meu coração derreter a cada palavra proferida pelo mesmo. Encosto minha testa na madeira fria e dura, tentando conter a onda de lágrimas que queriam invadir meus olhos...

-John, você não precisa falar nada, vou dar o tempo que você precisar... Só queria mesmo deixar claro para você, que meu mundo se encontra todo dentro desse quarto...

E foi demais para mim. Abro a porta, lentamente, tentando desanuviar meus olhos, não queria que Sherlock me visse às lágrimas, era clichê demais até para mim. O moreno estava parado quase colado à porta, suas mãos apoiadas a cada lado da mesma, assim que fito seu rosto, sou capaz de ver seus olhos de iris cristalinas quase trasparentes, mergulhadas em algumas lágrimas, seu rosto riscado por outras que se derramaram. Aquilo mexe comigo, Sherlock Holmes chorando por mim... O homem insensível e sem sentimentos, derramando lágrimas para mim, consequentemente não sou capaz de manter meu rosto neutro, e rapidamente me sinto embargado.

-Sherlock, você está chorando. -Afirmo parado a sua frente, separado apenas pelo batente da porta. Ele funga rapidamente e baixa os olhos para os próprios pés.

-É claro que não Watson, isso é um problema genético que tenho, no qual meus olhos lacrimejam...

-Não me enrole Sherlock. -Digo levantando seu rosto com minha mão.

-Em minha defesa digo: você também estava à beira das lágrimas, sendo assim... Estamos quites. -Ele diz e sorri de lado, ainda meio receoso.

-Nunca mais faça isso. -Digo secando as lágrimas que escorriam em seu rosto branco como a neve, ele franze o cenho.

-Precisa deixar mais claro, tendo em mente todas as coisas que fiz à você nesses últimos anos...

-Não seja dramático Holmes. -Balanço a cabeça em sinal de graça. -Nunca mais chore por mim, não sou capaz de suportar te ver chorando novamente. -Enfim me aproximo dele, segurando seu rosto em minhas mãos.

-Não roube minhas frases de mim Dr. Watson...

-Você fala demais Sherlock. -Digo olhando aqueles lábios perfeitamente desenhados, que agora se curvavam em um sorriso maroto.

-John, antes que você faça o que eu sei que vai fazer, me diga. -Ele olha firme em meus olhos, seu rosto ficando sério. -Estamos bem?

Sustento aqueles olhos cristalinos, que brilhavam mais que o normal, me perderia naquele olhar, era óbvio para mim que não existia possibilidade de ser apenas amigo de Sherlock Holmes novamente, não depois de tudo.

-Estamos.

-Eu prometo ser menos indiferente, juro à você que vou tentar mudar...

-Sherlock, tudo bem, isso não é uma relação...

-John, eu quero que seja. -Ele diz com um nervosismo diferente em sua voz, e ouvir aquilo me fez sentir arrepios, sinceramente eu queria tanto quanto ele.

Me levanto na ponta dos pés, inclinando meu corpo para frente, puxando o rosto de Sherlock em direção ao meu. E colo nossos lábios, lenta e vagarosamente, sentindo a maciez morna de seus lábios me receberem com necessidade. Sinto os braços de Sherlock agarrarem minha cintura com ternura, nossos lábios em uma comunhão divina no qual as línguas faziam coreografias elegantes e ensaiadas. Não era obsceno, nem sexual, era apenas um beijo de amor, onde ambos colocando à mostra todo seu sentimento para com o outro. Afundo meus dedos nos cabelos cacheados e sedosos do mais alto, guiando sua cabeça mais para perto, não queria nunca mais cessar aquele beijo, era dessa forma que queria lembrar de Sherlock, quando ele não estivesse por perto... Entregue e apaixonado. Suas mãos apertavam minha cintura e eu sabia que o mesmo estava ficando animado. Separo nossos lábios após alguns minutos colados, faço isso sem realmente querer, mas já sentia meu corpo em um nível perigoso de excitação, e Sherlock já aparentava estar em um nível mais grave. Assim que afasto nossos lábios, ouço seu gemido de desagrado.

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora