John

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Foi a melhor noite de sono em meses. Claramente me via exausto, com os plantões continuos em St. Barts, e o incrível episódio no banheiro do 221B, fizeram com que no exato momento em que meu corpo se acomodou na perfeitamente aconchegante cama de Sherlock, o sono me carregou para as profundesas de meu subconsciente. Contudo antes de apagar por completo, sentindo o calor do corpo do detetive sobre o meu, acredito ter ouvido algo... Entretanto não poderia afirmar com certeza se de fato ouvi corretamente... Ou se fora apenas meu cérebro exausto criando frases infundadas para me iludir.

Acordo na manhã seguinte com o calor de uma pequena mão envolta de meu pescoço, inicialmente estranho aquilo, e então com dificuldade, abro meus olhos focando minha visão. O quarto estava iluminado preguiçosamente pela réstia que vinha da janela na outra extremidade, fazendo com que pequenas partículas de poeira flutuassem lentamente nos pontos onde os raios fracos do sol matinal de Londres adentravam na abertura mínima da cortina. Olho ao redor, e vejo o relógio despertador ao lado da cama marcar:  7:35min da manhã, agradeço a Deus por ser sábado, e não precisar correr para São Bartolomeu. Então olho para o lado tendo a visão mais preciosa que poderia receber ao acordar: Rosamund adormecida entre mim e Sherlock, seu braçinho engatado em meu pescoço, e sua perna esquerda entrelaçada no braço direito do homem moreno e esguio que também ressonava serenamente.
Possívelmente Rosie havia acordado no meio da madrugada chorando, e pelo nível avançado de meu cansaço não pude ouvir, Sherlock por outro lado, ouviu e à trouxe para nossa cama, afim de lhe acalmar. Beijo o topo da cabeça de Rosamund, e retiro seu pequeno braço de meu pescoço, podendo enfim levantar pé ante pé da cama. Não queria lhes acordar, Sherlock pouco dormia, e momentos como aqueles eram raros, lhe deixaria dormir o tanto que podesse. Rosie por outro lado, conhecendo bem como à conhecia, logo estaria ativa pulando na cama, então o mínimo de barulho era vital para poder manter a calma e serenidade no sono de Sherlock Holmes.

Levanto e vou para a cozinha preparar o café da manhã, me sentia faminto, e gostava de ter esses momentos sozinho logo cedo. Enquanto preparava o chá, lembrava dos acontecimentos das últimas 24h, não podendo me livrar do delicioso frio na barriga que me atingia ao lembrar de tudo que aconteceu durante meu banho. Cada dia que se passava, Sherlock se mostrava um homem diferente, aprendendo a lidar com seus sentimentos e principalmente a demonstra-los. O que sem dúvidas era uma vitoria para mim, poder dizer que aquele lado humano do detetive, havia sido aflorado por mim, e direcionado a mim também. Poderia dizer que me sentia sortudo... A única pessoa que conseguiu ser amado sem receio algum, por Sherlock Holmes. Sorrio ao recordar dos momentos vividos com ele, seu jeito descrente ao perceber que havia lhe chamado de Amor... Era claro para mim a necessidade que o mais alto tinha em se sentir amado, e faria todo o possivel para lhe fazer se sentir assim.
Enquanto finalizava as torradas, passando manteiga de amendoim generosamente do jeito que Sherlock gostava, lembro então de uma frase dita na noite passada... Na verdade eu não saberia dizer se era real, possívelmente não, mas de qualquer forma já bastava para me fazer sentir gigantescas borboletas baterem asas em meu estômago. Casar... Sherlock Holmes e eu... Sermos oficialmente um só... Era maravilhoso pensar naquilo, contudo nem ao menos havíamos tido oportunidade de assumir nosso romance para os demais, casamento seria um passo muito rápido à se dar... Porém, era uma hipótese válida, e se eu havia inventado aquilo, então significava que meu íntimo estava preparado para tal coisa.

Sou surpreendido por longos braços que me agarravam delicadamente pela cintura, com o sobressalto deixo um bocado de manteiga de amendoim cair no chão logo aos meus pés.

-Cuidado Watson. -Ouço a voz rouca de sono de Sherlock próximo ao meu ouvido, seu perfume envolvente chegando ao meu olfato, mexendo gostosamente com meu baixo ventre. O mais alto beija meu pescoço com delicadeza, e nunca imaginei o quanto seria prezeroso ter uma vida à dois com o homem que se dizia um sociopata.

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora