A conclusão de meu experimento com John Watson havia sido deveras satisfatório, para ser honesto, fora melhor do que o esperado, e agora me via acordado, observando o loiro adormecido de bruços ao lado direito de minha cama, iluminado apenas por uma réstia preguiçosa da manhã fria de Londres, que adentrava pela janela, onde a cortina não cobria. John dormirá pesadamente a noite toda, quase não se movia, era um tanto curioso, por que em alguns momentos na madrugada acordei para lhe observar, e o mesmo continuava na mesma posição na qual havia adormecido, tirando apenas seus lábios que vez ou outra se repuchavam em um sorriso leve.
Me apoio no cotovelo direito para melhor lhe observar, contenho um enorme impulso de lhe tocar a face, mas sabia que o mesmo estava em um nível alto de exaustão, e o mais certo a se fazer era deixá-lo descansar.
Levanto da cama cobrindo John com o cobertor, e faço minha higiene matinal. Sabia que ao sair do quarto encontraria Mrs. Hudson na cozinha como de costume. Ponho meu roupão vinho e rumo para a cozinha, estava de fato fazendo um dia muito gélido, uma rápida dedução observando apenas o embaçar da janela, afirmo estar fazendo -8°C.-Acordou cedo Sherlock. -Ouço a voz de Mrs. Hudson vindo como o previsto, da cozinha. Caminho até a lareira e me dedico a acender o fogo.
-Sempre acordo nesse horário, Mrs. Hudson. -Digo enfim vendo o fogo criptar preguiçosamente, fazendo o calor chegar até minha face.
-Não seja tolo Sherlock, quem você acha que prepara seu chá matinal todos os dias? -a senhoria fala um tanto perplexa pondo duas xícaras à mesa, junto de um pote de geléia de framboesa e torradas recém preparadas.
-Oh... Sempre achei que ele se materializava. -Falo ironicamente levantando da frente da lareira, e indo até a cozinha.
-Por Deus, preciso urgentemente fazer algumas perguntas à sua mãe. -Ela fala, dando leves palmadinhas em meu ombro esquerdo, meio risonha, meio intrigada.
-Acredito que irá perder seu tempo.
Observo a mulher dar um passo em direção ao corredor que levava ao meu quarto, me olhar com animação, e enfim sem pestanejar, falar:
-Creio que John irá dormir por um bom tempo, não?
-Não seja inconveniente Mrs. Hudson...
-Lembro de meus dias de juventude... -A senhora suspira nostálgica. -Havia uma grande amiga minha, Elizabeth... Nunca esqueço de certa vez, após uma matinê...
-Por Deus Mrs Hudson, poupe-me disso, a senhora não tem coisas à fazer? -Digo balançando a cabeça, tentando espantar a imagem de uma Senhora Hudson jovem, tendo experiências sexuais com suas amigas.
-Ah, por hora não...
-Então arranje! -Digo lhe pegando pelos ombros, e guiando para a porta de entrada.
-Falarei com sua mãe essa semana mesmo Sherlock Holmes!
Não dou tempo de a senhoria falar mais coisas, e fecho a porta à suas costas, rindo do acontecido. Apesar de tudo, Mrs Hudson era a pessoa que sempre olhou para John e eu com outros olhos, como se desde sempre soubesse que algo aconteceria, talvez se eu não lhe deixasse tanto tempo no mudo, teria percebido antes esses sinais.
Caminho até minha poltrona, pego o violino e permaneço ali, dedilhando-o, enquanto me deixo vagar pelas grandes paredes brancas de meu palácio mental. O calor da lareira aquencendo a sala, tornando o ambiente ameno e aconchegante.
Uma hora e quarenta e sete minutos depois, sinto o cheiro delicioso de camomila invadir minhas narinas, trazendo minha mente a realidade.-John, poderia ter dormido mais. -Digo enfim abrindo meus olhos, e tendo a visão mais perfeita que poderia ser agraciado. John Watson de cabelos perfeitamente alinhados, barba feita com um frescor de hortelã, vestia sua tradicional calça jeans, que por sinal lhe caia muito bem, e seu suéter caramelo. Olhar para ele, iluminado pelo fogo da lareira, era como olhar para o pôr do sol das ilhas Canarias. O mais baixo que permanecia imóvel apoiado no encosto de sua poltrona, levanta levemente as sobrancelha.
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Aprendendo a Amar (Em Revisão)
FanfictionApós a Morte de Mary, John Watson decidiu que se afastar de Sherlock Holmes era a unica forma de seguir sua vida. Porém, a vida é surpreendente.