Sherlock

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Em termos, eu estava sim, usando Janine... Porém, ela estava de acordo. A ideia me veio ao folhear os classificados, precisava notar as reações de meu amigo, para então chegar à uma conclusão. Janine não se absteve, topou rapidamente. Assim como eu, Janine também tinha ideias sobre John Watson, obviamente que tudo havia um preço, e o preço de Hawkins era poder ter contato íntimo comigo, o que não era novidade, digo à ela que poderia... Mas...

-Sherl, vem... Você quer que John acredite não quer? -Ela diz deitada em minha cama na primeira noite do trato.

Caminho próximo à porta, olhando para a mulher em minha cama, o vestido lilás levantado até o topo das coxas, com a alça caída em seu ombro esquerdo. Claramente ela desejava aquilo, analiso a situação... O que eu perderia? Se ela queria, porque não?
Naquela noite faço o prometido, e por mais prazeroso e satisfatório que tenha sido, algo não me deixava realmente estar ali, como se não fosse certo, correto e aceitável. Tento mostrar à ela que estava tudo perfeito, entretanto não estava realmente.

O plano havia sido bem sucedido, John reagirá de um jeito que me deixava ainda mais intrigado, e mesmo assim não conseguia concluir minha análise, talvez eu não estivesse querendo concluir aquilo... Janine algumas vezes falava sobre os olhares que John e eu trocávamos, mas como lhe havia "contratado" apenas para algo simbólico, à deixava temporáriamente no mudo.
Dois dias depois do início da experiência, receberia Janine novamente no 221B, e então começo a trama de analises.

-Então John... -Chamo a sua atenção. Ele estava brincando com Rosie em seu colo, enquanto eu lhes observava.

-Sim? -Ele responde sem levantar os olhos para mim.

-Tudo bem para você, Janine vai dormir aqui hoje?! -Falo com os braços apoiados nas guardas de minha poltrona de couro preto. John como o esperado, levanta os olhos rapidamente para mim vejo sua nuca ruborizar como sempre acontecia quando era contrariado.

-E por que não? -Ele apenas responde pigarreando.

-Ótimo, é só para que não se surpreenda com a presença de Janine por aqui na manhã seguinte.

-Você não precisa sempre me avisar sobre isso Sherlock... Você sabe o que faz...

-Sei sim. -Digo olhando firme para o homem, que agora voltava a brincar com Rosie. Ele claramente estava contrariado, sem pensar duas vezes pega Rosie no colo e vai para o quarto.

Fico ali sentado, fecho meus olhos e deixo minha mente vagar para meu palácio mental.

Assim que Janine chega na 221B da baker Street, animada demais para meu próprio bem, John não permanece no mesmo ambiente que nós, logo se retira para seu quarto. O que não me agrada, queria ele ali, mesmo que não precisasse dele para conversar, gostava de vê-lo, era acolhedor observa-lo com Rosie, que por sinal estava crescendo rápido demais. Em momentos pensava se era uma boa ideia ter colocado Janine naquela situação, ela era humana demais, sentimental demais, e com um declínio obvio para romances.

-Então gatão, senti saudades do que fizemos...

-Se controle mulher, você sabe muito bem o intuito de tudo isso. -Digo afastando suas mãos de meu peito assim que entramos em meu quarto. Janine usava um perfume doce demais naquela noite, e não ajudava muito.

-Você sabe que temos um trato, não sabe? -Ela diz sentando na cama. Paro próximo à janela que dava de frente para um restaurante, e observo a vida humana tediosa: Casais felizes, casais fingindo felicidade, pessoas amarguradas e outros tantos seres sem um pingo de graça.

-Você está envolvida. -Digo sem emoção, escuto os movimentos de desconforto da mulher em minha cama.

-Dessa vez não estou... -Ela diz forçando confiança, reviro meus olhos, agradecendo poder fazer isso sem que ela visse.

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora