Observo a cena em minha frente.
Nunca em minha vida, nem em minha infância, pude ser capaz de vislumbrar tal situação, no qual Mycroft parecia tão vulnerável e incapaz, em um leito de hospital, com a pele tão palida que poderia enumerar cada vazo sanguíneo de seu rosto. Era de fato perturbador ver meu irmão daquela forma, tendo em mente toda uma vida de imagens e momentos nos quais apenas eu próprio precisei de atenção médica, nunca havia ocorrido nada nem próximo à isso com Seu irmão mais velho. Apesar dos pesares, era difícil aceitar que Mycroft estava ficando mais velho, logo, precisava de mais atenção. Dou um passo em direção ao seu leito, e escuto sua respiração lenta e fraca, não existia dúvidas da crescente preocupação que subia em seu peito e se alojada no músculo pulsante chamado de coração. Era impossível pensar em nunca mais ter as intromissões do irmão em sua vida, ou, seus aparecimentos aleatórios na Baker Street...
Me sento na poltrona proxima à cabeçeira da cama, e apenas analiso cada aparelho no qual meu irmão estava conectado, era vital que ele acordasse em duas horas, pois a probabilidade de seu cérebro ter edemaciado após a microcirurgia era de 23%. Tento espantar esse sentimento ruim, não era de meu feitio sentir tamanha preocupação para com meu irmão.
Permaneço ali tempo suficiente, John entra em um momento para ver como Mycroft se encontrava e me trazer um copo de café, o mesmo ainda não me olhava nos olhos, sabia que o ressentimento ocorrido na noite anterior pairava sobre ele, mas não era algo que eu deveria me preocupar no momento, havia explicações a serem dadas, mas John teria de esperar.Uma hora se passa, e já sentia a ansiedade me tomar para si, não havia qualquer sinal de possíveis melhoras no quadro geral de Mycroft, levanto da poltrona, e começo a caminhar pelo quarto de uti, era a cara do irmão dramatizar tudo, e não seria diferente naquela situação. Tento me distrair em meu palácio mental, mas não conseguia focar, era difícil ç com aqueles bips insuportáveis que rondavam o quarto.
-Está treinando uma nova coreografia Irmão... Lembro-me de quando era criança, lhe surpreendia em frente ao espelho de mamãe, fazendo tentativas não tão satisfatórias de Padede.
Ouço a voz irônica e fraca de Mycroft, e escondo um sorriso. Sinto um alivio imediato ao ouvir aquelas palavras, por mais que me irritasse.
-Vejo que o AVC afetou seu raciocínio Irmão. -Digo me aproximando para lhe observar com mais atenção. Mycroft tinha os lábios ressecados e pálidos, profundas olheiras abaixo dos olhos, mas era inegável... Parecia perfeitamente bem. -Como se sente?
Mycroft leva a mão esquerda ao lado da cabeça, sentindo a bandagem ao redor.
-Digamos que consegui driblar a morte, caro irmão, então posso afirmar que estou gloriosamente bem.
-Não se convença Mycroft, tenho absoluta certeza que nem a morte seria capaz de tolerar suas piadas sem graças. -Digo olhando o soro que estava pendurado logo ao lado esquerdo do leito, analisando o quanto ainda existia dentro do recipiente. Mycroft parecia fraco, e era de grande importância mantê-lo hidratado.
-Tranquilize-se irmão, mais dois litros de soro, uma solução de 7% de morfina, alguns analgésicos, uma refeição completa, um cochilo digno, e estarei novo em folha. -Mycroft fala me olhando com atenção, e sabia que o mesmo estava me lendo.
-Estou completamente tranquilo, só acho um tédio ter de cuidar de um funeral, e com certeza não quero ter de consolar a mamãe. -Digo pondo as mãos nos bolsos.
-Obviamente ela sofreria, sou o filho mais esperto, consequentemente o favorito...
-Não seja ridículo Mycroft, é claro que sou o favorito... Olhe... -Digo apontando para meus cabelos. -Tenho cachos lembra?
Nos olhamos e então rimos juntos, era bom vê-lo melhor. Lhe vejo olhar ao redor, e sabia o que meu irmão procurava.
-Não se preocupe, Lestrade está lá fora com John...
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Aprendendo a Amar (Em Revisão)
FanfictionApós a Morte de Mary, John Watson decidiu que se afastar de Sherlock Holmes era a unica forma de seguir sua vida. Porém, a vida é surpreendente.