John

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Sherlock permanecia deitado em meu peito, sentia o abrir e fechar de seus olhos, e o respirar suave de seu peito. Passado todo o alvoroço do pós-sexo; -que ainda flutuava firme em minha mente, porque querendo ou não continuava sendo um tanto surreal tudo aquilo, fiz coisas naquela noite, que nunca nem se quer acha que seria capaz de fazer...- Porém agora, olhando num modo geral, percebo que era sim, a melhor coisa que havia feito em toda minha vida.-  Sinto o pesar do meu corpo, a exaustão era nítida, e um leve desconforto em minhas nadegas exigia que me virasse de lado. Fora sem duvidas a melhor noite já vivida na Baker Street, aliso os cachos de Sherlock, fazendo o cheiro de seu shampoo vir até minhas narinas.

-Sherlock, você quer dormir? -Pergunto acariciando os cachos anelados do homem em meu peito.

-Dormir é um tédio John.

-Não começe, isso não está em discussão, você vai dormir sim. -Falo firme. Sherlock levanta a cabeça de meu peito e me olha descontraído.

-Pois Bem watson, entretanto, está intimado à dormir aqui hoje. -Ele fala sem me dar opções, obviamente que não negaria isso à aquela altura do campeonato.

-Okay, eu fico aqui essa noite. -Falo meio sem jeito, era ainda difícil não sucumbir aqueles olhos cristalinos que me encaravam firmementes. -Só preciso de um banho, e estou faminto.

Me desvencilho de Sherlock, lembrando abruptamente que estava nu, sinto meu rosto corar violentamente.

-Use meu roupão John. -Sherlock fala percebendo meu incomodo. Agradeço com um sorriso e saio do quarto.

Entro no banho quente, e observo algumas marcas em meu corpo, principalmente em minha cintura, Sherlock tinha mãos fortes e cheguei à essa conclusão quando o mesmo conseguiu prender meus pulsos com uma só mão, as marcas de seus dedos muito visíveis acima de meus pulsos. Não posso evitar de sorrir ao ver, nunca imagiria que Sherlock Holmes soubesse tanto o que fazer entre quatro paredes.
Agilizo o banho, realmente me sentia faminto, e conhecendo o homem com quem dividia apartamento, teria de ir atrás do que comer. Coloco uma camisa branca e calça de moletom, seco meus cabelos e saio do banheiro, sentindo o cansaço me tomar, havia sido uma longa noite.

Vou diretamente para a cozinha, e encontro Sherlock, já de banho tomado mexendo em algo próximo ao fogão.

-Sherlock, o que está fazendo?

-Você disse que estava faminto, vim preparar algo...

-... Você cozinhando? -Pergunto me aproximando dele, em sua frente havia uma tijela de salada e omeletes, uma jarra de ponche e torradas.

-Não seja ridículo Watson. -Ele fala colocando dois pratos na mesa passando próximo demais à mim, sinto borboletas em meu estômago. Sherlock me olha de soslaio. -Mrs. Hudson trouxe assim que você entrou no banho.

-Mas... Mas como assim...

-Acho que está bem claro para você John. -Ele diz indicando a cadeira em que eu deveria me sentar. Fico boquiaberto ao deduzir que Mrs. Hudson ouviu tudo o que ocorreu no 221B.

-Jesus... Somos pessoas horríveis Sherlock. -Digo sentando e lhe observando sentar logo à minha frente. Ele sorri de canto.

-Acredite John, nem foi preciso me explicar, ela estava mais feliz do que esteve quando o marido foi executado. -Sherlock serve ponche em uma taça e me entrega. -Coma tudo John...

Concordo com a cabeça e me dedico a limpar o prato à minha frente, estava delicioso, Mrs. Hudson era maravilhosa na cozinha. Jesus, poderia até imaginar a alegria da mulher ao confirmar o que ela tanto desejava. Sempre deixou claro suas suspeitas entre mim e Sherlock, e agora vendo de outro ponto de vista... Nunca mais duvidaria da Senhoria.
Comemos e bebemos, na verdade pela primeira vez em todos os anos de amizade, vejo o mais alto comer tudo que havia em seu prato, Sherlock sempre foi de comer pouco, mas naquela noite estava realmente mostrando seu potencial... Eu que o diga.
Finalizamos a janta, e sinto o peso do cansaço me invadir novamente.

-Vamos dormir John, você parece exausto. -Sherlock fala levantando da mesa e me intimando à fazer o mesmo.

-De fato estou... Que culpa tenho? -Falo com graça, observo Sherlock levantar uma sobrancelha daquele seu jeito exibido. -Não seja exibido Sherlock.

-O quê... Não fiz nada... -Ele diz e então caminha para o quarto, lhe sigo.

-Só faltou levantar o colarinho.

-Por Deus Watson, não exagere. -Ele diz assim que entra no quarto, fechando a porta no instante depois que passo por ela. Sherlock tira seu roupão e entra embaixo das cobertas. -Ande logo John.

Reviro os olhos, mas faço o que ele pede, caminho até a cama e entro nas cobertas ao seu lado. O travesseiro tinha seu cheiro, sem dúvidas roubaria ele para mim em algum dia qualquer. Fico de barriga para cima, observando o teto alto do quarto, era a primeira vez desde Mary que dividia uma cama com alguém, me sentia um pouco nervoso.

-Você está tenso John. -Sherlock fala, fazendo com que virasse minha cabeça para ele, o mesmo também se encontrava de barriga para cima fitando o teto.

-Você também parece estar. -Digo observando as pintas em seu pescoço branco.

-Inegavelmente sim, nunca dividi minha cama com alguém. -Ele diz ainda olhando para cima, às mãos cruzadas sobre os cobertores.

-Como não? -Pergunto intrigado. -E Janine... Dormia no chão? -Falo brincalhão.

-Deixe-me reformular a frase: -Sherlock tamborila os dedos nas cobertas. -Nunca dividi minha cama com alguém que eu amasse.

Sherlock sempre acabava me surpreendendo, me pagava desprevinido com suas frases bem colocadas, e sempre produzia sensações novas em meu íntimo. Mesmo que sem querer, sinto meus lábios se curvarem em um sorriso bobo.

-Isso... Isso é... Doce. -Digo sem pensar direito no que dizia. Rapidamente Sherlock vira sua cabeça para mim encaixando seu olhar no meu, e as borboletas voltam a bater asas em meu intimo.

-Doce? -Ele repete intrigado.

-Doce. -Confirmo piscando algumas vezes, era difícil sustentar aquele olhar.

-Hmm... Certo, doce! -Ele diz parecendo animado com a descoberta.

Sorrio ao vê-lo daquela forma, me viro de lado, tendo uma melhor visão de seu rosto, Sherlock ainda me encarava.

-Então, agora queria saber o motivo de me vendar hoje mais cedo. -Falo pigarreando de leve ao lembrar apenas do toque de Sherlock, realmente quando um sentido é comprometido, os outros acabam ficando mais apurados. Sherlock vira de lado também, unindo as mãos embaixo de seu rosto, vislumbro um sorriso em seus lábios.

-Foi elementar meu caro Watson.

-Me ilumine Sherlock, pare com as meias palavras.

-Queria saber até quando iria conter seus impulsos, e admito que não foi fácil. -Ele diz fechando rapidamente os olhos.

-Você sempre me usando como experimento. -Digo perplexo.

-Prometo não fazer isso novamente...

-Sem promessas. -Digo interrompendo o homem a minha frente, vejo suas sobrancelhas arquearem.

-E porquê não?

-Porque eu não disse que não quero novamente. -Digo levente tímido, vejo a vitoria no rosto do outro. -Não faz essa cara Sherlock.

-Me desculpe, vou me conter. -Ele diz sorridente.

-Seu idiota. -Digo sorrindo tambem. -Deite aqui...

Indico meu braço esquerdo, lhe chamando para perto. Sherlock me olha intrigado, mas não questiona, em um movimento só, ele apaga o abajur e vem até meu braço, deitando sua cabeça em meu ombro, fazendo coçegas com seus cachos em meu pescoço. Lhe envolvo em meus braços, respiro o cheiro de seus cabelos, e sinto sua perna esquerda entrelaçar a minha direita.

-Boa noite Holmes. -Digo com carinho.

-Boa noite Dr. Watson.

Ele responde com leve desdém, não seria Sherlock Holmes se não debochasse do clichê.

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Owt modeuso 😍

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora