John (Parte 2)

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"Eu não sou Gay!"
Era o que minha mente havia formulado, se eu disse essa frase, nunca saberei, pois só havia uma certeza naquele momento, meu corpo se entregou ao sono como um bebê se joga ao colo de sua mãe.
Sonhos conturbados e sem significados lógicos dominam meu subconsciente, me levando mais além em minha mente, passando por momentos vividos em minha vida nos ultimos 8 anos. Devo admitir que estava bom demais, sem preocupações e sem motivos para acordar de fato. Obviamente que no fundo do meu ser, sabia que deveria lutar para despertar, mas mesmo tentando, meu corpo não obedecia minhas ordens.

Poderia estar dormindo à minutos ou à dias, não poderia afirmar qual era a hipótese mais provável ou plausível, só me dou conta que não estava deitado em minha cama na Baker Street, quando à muito custo abro meus olhos, que estavam deveras pesados e um tanto ardidos. Assim que consigo focar, a realidade toma conta de mim, me fazendo ter uma enorme onda de ansiedade e náusea... Talvez pelo tanto de drogas que minha anfitriã ninfomaníaca havia enjetado em mim, ou por estar em um nivel de estresse agudo, por me ver sozinho e sem uma forma de me comunicar com a civilização no geral... Esperava no fundo do meu ser, que Sherlock se empenhasse a deduzir o que ocorrerá comigo, era de vital importância que ele me tirasse logo daquele lugar, pois não saberia dizer o que Annabeth tinha em mente.

Demoro alguns minutos para conseguir ficar alerta totalmente, a dose que me fora administrada poderia de fato me levar a uma overdose, e perceber que havia acordado, era uma bençao. Me sento no sofá e então sinto meus pulsos presos em algemas que estavam presas nas guardas de metal da bancada logo atrás do sofá, obrigando meus braços a ficarem em um ângulo nada confortável. Forço uma tentativa vã de me libertar, e ouço passos se aproximarem.

-Não esgote suas energias Dr. -Anna entra em meu campo de visão, ainda vestia sua camisola vermelha, mas seus cabelos agora estavam presos em um coque desarrumado. Era uma mulher muito atraente, e notar isso me deixara irritado.

-Porque está fazendo isso...

-Ah por Deus, faça perguntas que não foram respondidas ainda Dr. -Ela fala sentando em uma cadeira em frente a mim. -Precisamos conversar sobre suas opções...

-Como assim? -Digo sentindo minha boca seca, olho para o relógio que estava sobre o console da lareira, e pude ver que havia dormido 8 horas consecutivas. Estava faminto e com muita sede.

-É bem obvio, não é? -Fecho meus olhos, já estava cansado de joguinhos. -Estou grávida, e precisamos pensar em como vamos dar seguimento a nossa nova vida em família.

Dou risada, era cômico. Por mais louca que Annabeth podesse ser, de forma alguma seria burra o suficiente para achar que eu me importaria com aquilo. Primeiramente que não tivemos relações... Não é? E segundo, ninguém descobre que está gravida em algumas horas após uma possível relação sexual.

-Não seja ridícula, o que acha que vai acontecer? -Falo cessando meu riso. -Acha que vai me convercer disso? Se seu ex-namorado lhe engravidou, sinto muito... Mas eu já tenho minha família... Obrigado pela oferta tentadora. -Digo por fim carregando minha voz em desdém. Anna me observava com divertimento.

-Ah Dr., como o senhor não lembra? Tivemos uma noite de amor incrível, tenho até fotos que comprovam isso. -Ela fala com falsa emoção, virando a tela de seu celular para mostrar algumas fotos em que ela se via sobre mim nua, com minhas mãos firmes em sua cintura. Era claro que havia sido manipulado enquanto estava dopado, entretanto as fotos estavam muito convincentes, sinto meu coração apertar.

-Pelo Amor de Deus, você é doente. -Falo contendo a fúria. -De qualquer forma, uma gestação é facilmente contabilizada, sou médico lembra, e será bem fácil provar que não sou pai dessa criança...

-Céus, até você provar isso, já terei vazado nossa noite de amor em todos os tabloides da Inglaterra, e você bem sabe que eles não aliviam. -Anna sorri de lado, fazendo seu olhos faiscarem como um demônio pronto para invadir uma alma santa. -Óbvio que seu consenso será muito mais proveitoso do que sua negação.

Forço novamente meus pulsos, onde Sherlock estava que não havia percebido minha ausência, penso com fúria.

-O que você quer então? -Pergunto quase gritando.

-Isso é bem simples Dr. Watson. -Ela pega novamente o celular e disca um número com rapidez. -Você só precisa ligar para seu... Amigo, e dar um fim nesse... Bom, nisso que vocês dois tem, está na hora de o senhor assumir suas responsabilidades com sua nova familia Dr. -Ela levanta da cadeira em que estava e caminha como um felino pronto para dar o bote em sua vítima, até minha frente. -Qualquer coisa que você falar, que for próximo a um pedido de ajuda, em segundos nossas fotos serão enviadas a uma grande conhecida minha no The Sun... Então Dr., seja breve e coloque logo um fim nessa vida de aberração que você tem com esse... Esquisito.

Sentia uma onda de desespero me invadir, por mais facil que fosse provar que não era o pai daquela criança, as consequências até então seriam demais, e não queria de forma alguma que Sherlock visse aquelas fotos, por mais que eu soubesse que meu companheiro facilmente detectaria a falsidade nelas... Contudo, não poderia afirmar se eram falsas, sabia que coisas haviam acontecido antes de cair no sono, e não poderia afirmar com certeza se Anna não se aproveitou da situação para fazer sexo com meu corpo inconsciente... Meu Deus.
Fecho meus olhos tentando a todo o custo controlar meus sentimentos, teria de ligar para Sherlock sem demonstrar pânico ou coisa parecida, e me agarro à esperança de que o homem perceberia algo.

Assim que Sherlock atende o telefone, sinto a vontade súbita de gritar por socorro, mas era fato que Anna não estava para brincadeira. Então como se um balão de esperança se enchesse em meu coração, lembro de duas palavras que poderiam acabar com tudo aquilo...

-Vatican Cameos...

Falo quase que em sussurro, tentando com todas as forças esconder os movimentos de meus lábios da mulher que estava segurando o celular próximo ao meu ouvido. Ao que tudo indicava,  Anna não havia percebido, e enfim sinto a esperança e a possibilidade de ser resgatado por Sherlock. Agradeço mentalmente por meu amigo ser o maior sabe-tudo da Inglaterra.

-Ótimo, gosto do Senhor assim Dr. Watson, obediente e sensato. -Ela diz guardando o celular sobre a mesinha de centro. -Bom, preciso tomar uma banho, e acho mais seguro lhe por para dormir, não é mesmo...

-De novo não, por favor... Me deixe acordado, não vou à lugar algum lembra? -Digo suplicante mostrando as algemas. Queria poder ajudar Holmes quando ele chegasse, e ser um peso morto não seria de muita valia.

-Acredito que não, mas prefiro não arriscar dr. -Ela diz e então vai até a cozinha. -Prometo à você, que quando acordar, seremos o casal mais feliz de Londres...

E então sinto uma fisgada em meu pescoço, rapidamente meu corpo afrouxa, e meus olhos pesam, me levando novamente a escuridão de meu subconsciente.

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Cadê o Sherlock pra dar um fim nessa quenga???
😤😤😤

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora