Sherlock

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Odiava Mycroft Holmes, não só pelos motivos triviais de uma família, mas sim por plantar em minha cabeça coisas que eu sabia que eram verdades, mas que relutava em aceitar. Havia surpreendido John Watson me observando em alguns momentos nos últimos dias, não era comum para mim, dar atenção à esses detalhes, pelo fato de John sempre ser uma pessoa terna e atenciosa com todos. Obviamente que não me sentia especial, mas em todas as vezes nesses últimos dias logo que Mycroft visitou a Baker Street e pos suposições em minha cabeça, percebia John mais nervoso, tenso e um tanto tímido. O que foi algo no qual me fez pensar. Lhe peguei me vendo dormir, muito próximo de meu rosto, e seu constrangimento com meu flagrante me deixou ainda mais intrigado.
John nunca foi bom em esconder sentimentos, sempre consegui le-lo como um livro, por ser uma pessoa boa e amável, tudo era muito estampado em sua face. Entretanto, ultimamente não era mais tão específico para mim. Após a observação de meu Irmão, começei a me perceber... Perceber minhas reações e minhas sensações, precisava urgentemente enterder o que estava acontecendo... Sherlock Holmes nunca ficava sem respostas.

Alguns dias se passaram, solucionamos alguns casos sem muita importância, e sentia novamente o tédio me invadir. Era uma noite abafada, nada típico naquela época do ano, e intensificava mais meu humor sórdido.

-Você poderia por favor, parar com o violino Sherlock? -John fala largando o livro tedioso que lia, sentado em sua costumeira poltrona. -Acabei de por Rosie para dormir...

Finjo não ouvir, e sigo tocando meu violino a todo o vapor. Precisava ocupar minha cabeça, não era uma probabilidade boa deixar minha mente vagar para teorias infundadas que meu irmão havia plantado. Tocava tão rapidamente que nem ao menos ouvia as lamúrias de Watson.

-Se você não parar com essa loucura, vou embora Hoje com Rosie, Sherlock! -Sinto as mãos de John tomarem o violino das minhas, seu rosto à centimetros do meu, narinas infladas, sobrancelhas unidas, testa enrugada e seus labios tremendo nos cantos... Estava furioso. Fico em silêncio apenas por me faltar palavras, ele não poderia ir embora novamente... Largo o violino deixando John atira-lo no sofá.

-Não.

-Não o quê Sherlock? -John pergunta ainda bufando, sem se mover, conseguia ver as marcas que seu estetoscópio deixava nas orelhas. A barba começando a crescer, seus olhos estreitos, de longos cílios me fitando controvérsio.

-Não, você não pode ir embora. -Digo lentamente, olhando bem para o rosto do homem menor à minha frente. John inclina a cabeça minimamente para a direita, meio cômico.

-É claro que eu posso, se você não começar a pensar em Rosie, irei sim embora. -Ele fala firme, indo uns centímetros mais para minha direção, diminuindo para menos de um metro nossa distância. Seu perfume natural, o cheiro que só John Watson tinha, misturado com sabonete de camomila, chega ao meu olfato. Permaneço sem mover um músculo, apenas sustentando seu olhar, John não alterou seu jeito, permanecendo assim, levemente contrariado, o que era engraçado.

-Eu penso em Rosie, porque acha o contrário?

-Porque esquece que ela é um bebê e precisa de um ambiente no mínimo aceitável. -Ele diz com seu jeito cheio de expressões que eu bem conhecia. -E quando você está entediado, age como louco.

-Ela precisa se adaptar.

-Ela é uma criança, Sherlock! -John fala bravo, a ruga entre seus olhos mais acentuada.

-Fique calmo John, vai acorda-la com seus gritos sem sentidos. -Digo para lhe provocar. O homem bufa, e se aproxima mais um pouco, a cabeça levente inclinada para cima, um detalhe que era necessário, tendo em mente sua desvantagem na altura.

-Você não me provoque Holmes.

Aquele era o momento certo para tirar conclusões, não haveria outra oportunidade. Aproveito nossa aproximação, e dou mais um passo para perto, encostando meu ombro esquerdo no seu ombro direito, olho de cima para ele, que rapidamente corou da nuca até às orelhas...

-Ou o quê, Watson? -Digo olhando de canto para ele, que rapidamente começou a respirar desajeitado.

-... O-ou eu quebro a sua cara...

Ele não se afasta de mim, encosto meus dedos no seu pulso direito... Pulsação acelerada, suas pupilas dilataram, e respirava pela boca. Dou um passo para trás me afastando dele, John pigarreia algumas vezes, caminho até minha poltrona, totalmente confuso mas tentando ao máximo disfarçar minha confusão.

-Controle-Se Hamish, violência não é um bom exemplo à Rosie. -Falo unindo as mãos em frente ao rosto. Percebo John se movimentar desconfortável à minhas costas.

-Cale a boca Sherlock.

Assim que John vai para o quarto, caminho até a lareira e pego um maço de cigarros que havia à muito tempo escondido entre os dois tijolos da lateral. Vou até a janela, e então fumo... Era o melhor jeito de clarear as ideias que se formavam em minha mente.
John... Ele sentia algo... E eu conhecia muito bem aquele sentimento... Por que sim, eu estava sentindo o mesmo. Mas qual era o sentimento? Nunca senti, nunca me permiti sentir... O que eu poderia de fato afirmar era que John Watson tinha uma importância significativa em minha vida... Céus eu só queria entender, sempre soube de tudo, sempre desvendei pessoas em apenas um olhar, e agora me sentia alienado e inútil. Precisava realmente entender, se ao menos Watson falasse, se ele falasse algo, se demonstrasse mais... Tudo seria bem mais claro para mim. Era horrível e inaceitável não saber.

Obviamente não durmo naquela noite, minha cabeça nem ao menos conseguia filtrar outra coisa que não fosse  John Watson, precisaria entender, e isso necessitava de algo extraordinário e urgente.
Assim que meu caro amigo acorda, sigo como sempre, e ele igualmente. Lemos jornal tomando café como todos os dias, Rosie brincava em seu berço com Mrs Hudson lhe mimando, era uma manhã como qualquer outra. E ali, folheando o jornal, que a ideia me vem à mente. Sorrio.

-Algo interessante? -John fala pigarreando.

-Ah meu caro Watson, você não sabe o quanto. -Digo levantando da mesa.

-Onde Você vai? Lestrade quer nossa acessória em um caso agora pela manhã...

-Gevin pode iniciar com você, John. -Digo pegando meu casaco.

-Está animado Querido... -Mrs Hudson me olha sorrindo.

-Nada melhor do que ter boas ideias, Mrs Hudson... John... Não me espere...

E saio da 221B da Baker Street, sabendo exatamente o que fazer.

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Aiaiai oquee Sherl tem em mente hein?

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Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora