John

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O poder que Sherlock Holmes tinha em me tirar do sério, era sem precedentes em todo o mundo. Óbvio que já estava adaptado com todo seu drama quando algum caso exigia muito de sua capacidade, mas mesmo assim, cada músculo do meu corpo implorava ardentemente que eu quebrasse a cara do homem no sofá.
Sherlock era insuportavelmente mal-humorado e insensível quando não conseguia desvendar um crime, e aquele em especial lhe estava afetando mais do que o normal. O fato de não ter conseguido qualquer pista do caso, lhe fazia quebrar coisas, por esse motivo achei mais seguro deixar Rosamund com Molly até enfim conseguirmos resolver aquele pendente.
Eu tentava em vão, fazer algo para lhe ajudar, pois sabia que aquele não era o Sherlock Holmes que eu conhecia intimamente, obviamente ja sentia falta... Falta de te-lo para mim... Vez ou outra me pagava lhe observando, quase que o admirando; encarrapitado em sua poltrona de couro, com as mão unidas em frente ao rosto, dedos longos e finos... Seu lábio inferior rosado mais do que o normal, por culpa da constante de vezes que o mesmo passava os dedos médios em sua boca, quase que um movimento involuntário. E aquela visão agia fortemente em meu baixo ventre, fazendo com que minha imaginação levantasse vôo mesmo sem permissão.

-Não perca seu tempo.

Sou tirado de meu devaneio, quase que bruscamente pela voz de Sherlock.

-Desculpe... O quê? -Digo pestanejando para clarear minha mente ninfomaníaca.

-Você está visivelmente excitado. -Sherlock fala sem mudar suas feições, mantinha as mãos unidas. Sinto como se estivesse levado uma bofetada, e rapidamente olho para baixo, não encontrando o volume que temia encontrar. -Não seja idiota John, estar excitado não se aplica apenas à um pênis ereto.

-O... O quê? -Não encontro palavras certas para rebater.

-Céus, me poupe de lhe explicar aquilo que você já sabe.

Me levanto abruptamente de minha poltrona, caminho a passos firmes em direção à cozinha e paro por um instante.

-Quando você vai deixar de ser um tremendo idiota? -Pergunto sem lhe olhar, tudo bem Sherlock estar bravo por não conseguir evidências do caso, mas que culpa eu tinha? -Você está à dois dias me tratando feito lixo, eu entendo em partes você estar frustrado Sherlock... Mas santo Deus, porquê descontar em mim? -enfim me viro para ele, a única mudança em sua face eram suas sobrancelhas levemente arqueadas.

-Não tenho tempo para suas carências John, existe um Serial Killer a solta, matando pessoas...

-Minhas carências??? Minhas carências...? -Falo sentindo a indignação tomar frente em minha voz. Seguro a guarda da cadeira a minha frente com força para conter o impulso de lhe jogar um tubo de ensaio.

-Você ouviu bem o que eu disse, não irei repetir. -Sherlock fala sereno, como se apenas falasse as horas.

-Seu imbecil. -Digo com raiva. -Não estou carente, porque claramente não somos um casal Sherlock.

-Não, não somos. -Ele diz e então volta a seu palácio mental.

Pego meu casaco e luvas, e saio sem pensar duas vezes. Caminho sem um rumo real, apenas para clarear minha mente, não sabia o que pensar naquele momento, e o melhor a se fazer era me afastar por um tempo do homem panaca, no qual eu dividia apartamento.

                              ××

Com o passar de dois dias, enfim o caso do Serial Killer começou a andar, mais uma vítima fora encontrada, com as mesmas características, porém contendo um bilhete totalmente diferente: "EU ESTAREI AQUI... ME ENCONTRE" essas palavras escritas em uma caligrafia fina, no mesmo papel pardo que os outros quatro casos. Foi o que bastou para devolver à Sherlock sua cara de jogador.
Rapidamente encontramos a mente criminosa por trás daquelas mortes, o que para Sherlock havia enfim sido fácil de deduzir, com a caligrafia fina e um pequeno borrão de caneta no lado oposto do papel, o homem chegou a conclusão de se tratar de uma mulher de meia idade, falida e com doença terminal que apenas vingava todas as coisas "ruins" que a vida lhe causou. Katherine Leinny, foi encontrada na ponte de Westminster com uma arma apontada para a própria cabeça. O desfecho foi mais simples do que o esperado, Katherine preferiu a morte do que a prisão.

-Serial Killers acabam sempre com o mesmo fim. -Lestrade fala assim que voltamos a Baker Street.

-Bom, menos um maluco no mundo. -Digo dando de ombros.

-Ela tramou o crime perfeito, apenas para passar o tempo, de fato genial. -Ouço Sherlock falar de seu canto, ainda não estava falando com ele, e não faria isso até o mesmo vir até mim.

-Não vejo genilidade em mortes de inocentes. -Greg fala olhando com reprovação para Sherlock.

Assim que Lestrade sai, dando desculpa de que precisava ir à um lugar no qual não nos quis informar, me vejo sozinho com Sherlock, que estava estranhamente preparando chá na cozinha. Pego meu notebook e sento no sofá, queria o quanto antes publicar o caso no blog, já havia pensado até no nome que daria à ele: "O bilhete mortal".

-Garry tem planos íntimos para com meu querido irmão essa noite, e isso é muito...

-Dá um tempo Sherlock. -Lhe interrompo, realmente não queria saber suas deduções sobre a vida sexualmente ativa de Lestrade e Mycroft. Sigo digitando em meu blog, sem ao menos olhar na direção da cozinha, não estava com paciência para as asneiras de Sherlock.

-Chá John?

Levanto meus olhos, e lhe vejo parado à minha frente, segurando duas xícaras de chá, me olhando com atenção. Semicerro os olhos, lhe lançando um olhar cheio de desaprovação.

-Não me olhe assim John.

-Agradeço o Chá, mas por favor, não me dirija a palavra. -Falo pegando a xícara de suas mãos. Sherlock não move um músculo dali, e não saberia dizer o que passava em sua cabeça, pois evitava ao máximo lhe encarar.

-Você está claramente chateado, é compreensível. -Ele diz calmo, finjo voltar a digitar, não respondendo sua afirmação. -Olhe para mim John!

-Não, muito obrigado. -Falo com desafio.

-Vou falar apenas mais uma vez. -Escuto o grave na voz do homem à minha frente, e sinto um arrepio percorrer minha espinha. -Olhe para mim John Watson!

-Ou o quê? -Retruco enfim subindo vagarosamente meus olhos ao rosto de Sherlock. Gravando mentalmente cada detalhe do que meus olhos viam... A camisa roxa tão apertada que fazia os botões lutarem para se manterem intactos, a calça social perfeitamente alinhada em seu quadril, e a tensão do seu maxilar ao me encarar, tão tenso que poderia enumerar cada músculo de seu queixo.

-Ou te levo para o meu quarto.

Ele diz aquilo tão sensualmente, que não consigo manter o ar em meus pulmões, rapidamente meu corpo se agita, a ansiedade toma conta de mim, e não consigo evitar arfar, pigarreio tentando manter o controle. Vejo Sherlock sorrir de lado, um sorriso mínimo de vitória, ele sabia o que falar e quando falar, sabia que me traria para si se me seduzisse, e eu me sentia usado porém agradecido por isso.

-Não me importo que fique bravo comigo Soldado, desde que venha para o meu quarto agora...

Sherlock fala aquilo e sai esvoaçando seu hobbi caramelo em direção ao quarto. Largo o Notebook aberto no sofá, e tapo os olhos com as mãos, tentando conter meus nervos. Nunca lhe vi daquela forma, e rapidamente me levanto do sofá e vou atrás de Sherlock, traindo a mim mesmo por cair na lábia do homem, como sempre.

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Eita que Sherlock ta pro crime hein 😏

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora