John

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Sherlock Holmes nem ao menos aparece na 221B da Baker Street naquele dia todo, assim que saiu abruptamente pela manhã, não havia rastro dele. Menos ainda apareceu na Scotland Yard, deixando Greg Lestrade furioso.

-Ele disse que viria John? -O detetive Inspetor pergunta pela terceira vez.

-Como lhe disse Lestrade, ele saiu afoitado logo cedo, dizendo para iniciar sem ele... Bom, conhecemos Sherlock...

-Nah... Você conhece o maníaco. -Sargento Donavan me interrompe com a maior cara de "Bem feito" que já vi, lhe lanço um olhar cético. -E conhece bem até demais.

Depois disso, Lestrade decide seguir com o caso sem Sherlock Holmes, deixando Donavan e Anderson mais do que felizes. Vez ou outra olhava meu celular à procura de notícias, mas meu caro amigo não se deu o trabalho de nem ao menos responder minhas 23 mensagens de texto.

Após o dia finalizar, corrido e cansativo, sabendo que se Sherlock estivesse por lá, estaria tudo resolvido em menos de duas horas, volto para a 221B frustrado e um tanto preocupado com o sumiço de meu amigo. Conhecendo seu fraco por narcóticos, seguro o impulso de ligar para Mycroft, daria mais tempo à Sherlock, se o mesmo não aparecesse até a manhã seguinte, seria obrigado à informar o Holmes mais velho.

Nem sinal de Sherlock pelo apartamento, menos ainda Mrs Hudson tinha notícias, então sem muito o que fazer, me retiro ao quarto, cansado e com uma filha para colocar dormir.

Acordo na manhã seguinte de um pulo. Sherlock!! Meu primeiro pensamento do dia, tudo estava silencioso, levanto da cama e rumo até a sala,  para meu grande alívio, encontro o homem sentado perante à mesa no seu microscópio, analisando seus experimentos.

-Santo Deus, Sherlock! -Digo parando no outro lado da mesa logo à sua frente. -Onde Você se menteu todo esse tempo?

Sherlock, sem levantar os olhos do aparelho, apenas responde com sua calmaria desdenhosa costumeira.

-Bom dia John, parece preocupado?!

-O que você acha? -Digo perplexo -Você sumiu um dia inteiro... Me deixe ver seu braço Sherlock!?

-Está insinuando que...

-Mostra a porcaria do seu braço! -Digo com firmeza, ainda sem levantar os olhos do microscópio, Sherlock levanta a manga do braço esquerdo, deixando a mostra seu ante-braço com marcas de agulhas já cicatrizadas. -O outro...! -ele faz os mesmos movimentos para mostrar o braço direito, igualmente sem danos, não posso evitar respirar aliviado.

-Preciso mostrar mais alguma parte de meu corpo Watson? -Ele pergunta olhando de rabo de olho para mim. Sinto um leve rubor me subir, mas disfarço.

-Muito obrigado, mas não. -Digo rapidamente. Vejo os cantos da boca de sherlock se curvarem em um sorriso mínimo. -Fiquei preocupado!

-Me sinto lisonjeado, mas devo dizer que sou capaz de ficar fora de casa sem precisar pedir permissão. -Sherlock enfim abandona o microscópio.

-Esse ponto pode ser questionável. -Falo com desdém. -Vai me dizer onde esteve? Precisávamos de você para um caso ontem.

-Meu melhor homem estava no caso, não estava preocupado. -Ele diz levantando da cadeira e se espreguiçando, não poderia negar que ouvi-lo falar aquilo me deixava timido. -Por Deus John, não se menospreze, não preciso falar isso para que saiba o quanto seu ponto de vista é importante.

Pigarreio me sentindo animado, Sherlock Holmes era um homem egocêntrico e seguro de si, e ouvir elegios vindos dele, era de longe uma coisa impressionante.

-Enfim, estarei esperando uma explicação de seu sumiço... Quando se sentir à vontade...

Não precisei terminar minha frase, sou bruscamente tirado da minha linha de raciocínio, com a repentida aparição de Janine Hawkis, usando apenas uma camisa cor de berinjela que eu bem conhecia, cabelos bagunçados e sorriso nos lábios. Algo dentro de mim cai, como uma rocha, pesadamente esmagando meu estômago, contraindo minha falange, impedindo que o ar saísse de meus pulmões, o que não fazia sentido. Pisco algumas vezes para ter certeza de que o que eu via era real... Janine... Na Baker Street... Janine, à ex/não-Namorada quase não/noiva de Sherlock... Janine... A mulher curvilínea e atraente... Janine... Com a camisa do Homem parado à minha frente... Pigarreio uma... Duas... Três vezes, me sentia paralisado. Como ela foi parar na 221B? Mas como?

Aprendendo a Amar (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora