Em algum momento da vida, você já teve algum momento em que pensou "Que merda é essa?!"?
Nunca fui de me aventurar. Acho que tive uma vida relativamente normal, mas bem reprimida. Nunca fui muito inteligente, então consumia meus pais que nada tava bom o suficiente pra eles. Nada do que eu fazia "me levaria pra frente".
Vivi uma vida medíocre como qualquer criança e adolescente reprimida. Gostava mesmo era de ficar em casa, conversar na internet, ir pra escola como qualquer um, mas morrendo de vontade de me trancar no quarto de novo.
A grande virada da minha vida foi ser aprovada em um vestibular, numa faculdade famosa da região, no curso de Direito. O único orgulho dos meus pais.
Eu acho que me libertei, sabe? Adorava as aulas, fiz novos amigos e meus dias estavam mais ligados à faculdade do que à casa. Minha casa — a casa dos meus pais — se tornou só um lugar onde passava a noite dormindo.
Deve ser por isso que não sinto tanta falta deles. Pra dizer a verdade, não sinto falta de quase ninguém de lá. Não tive ninguém que eu pudesse chamar de melhor amiga, amigo ou coisa assim.
Talvez alguns relacionamentos e outros poderiam ter rendido algum fruto, mas no fim das contas preferia estar sozinha. "A culpa" foi inteiramente minha.
Mas aí me pergunto: "que merda é essa?!"
Parece que eu estava desmaiado. Estava todo amarrado e largado numa sala escura. Quase não enxergo nada. A luz que entra pela fresta da porta é minha única fonte de luz. O chão parecia de terra batida e úmida em alguns lugares. Tinha alguns barris, caixas e sacolas entre mim e a porta. Não havia nenhuma janela lá, a não ser pequenas aberturas no topo das paredes.
Tinha um pano amarrando meus pulsos e pernas e também dentro da minha boca. Não consigo tirar. Que droga! Tentei me mover contorcendo meu corpo todo. O desgraçado que me amarrou sabia bem como fazer isso. Só consegui esticar um pouco a minha perna. Bati meu pé em alguma coisa. O que é isso? Tentei me virar até poder enxergar o que havia ali nos meus pés. Uma poça escura e... cabelo... Não. Uma pessoa. Tá muito escuro pra saber quem é.
Toc... Toc... Toc...
Me virei rapidamente. Ouvi passos chegando à porta. E então a porta se abre violentamente junto à luz ofuscante. Quem é? Começo a me contorcer, mas não tento gritar ou fugir. Não adiantaria. Apenas olho fixamente para o sujeito na tentativa de distinguir quem seja.
— A culpa é toda sua!
O sujeito se aproximou de mim, se agacha e agarra meus cabelos e esfrega minha cara no chão. Ele então me levanta e, aproximando o rosto, olha fixamente para mim.
— Não tenho mais nada a perder. Você tá ferrado!
Que merda é essa?! Senti um frio repentino. E então corre uma dor da minha barriga. Viro meu olho para baixo e vejo sua mão segurando algo encostado na minha barriga. Esse desgraçado me esfaqueou!

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A Jogada de Thalli
FantasyEsta é mais uma história de uma garota deste mundo. Ela reencarna no corpo de uma criança elfa negra, em outro mundo, com todo o conhecimento anterior após morrer em um acidente. A criança é um menino. A confusão sobre seu novo sexo, cultura totalme...