Peão♟- Prólogo

196 13 4
                                    

Em algum momento da vida, você já teve algum momento em que pensou "Que merda é essa?!"?

Nunca fui de me aventurar. Acho que tive uma vida relativamente normal, mas bem reprimida. Nunca fui muito inteligente, então consumia meus pais que nada tava bom o suficiente pra eles. Nada do que eu fazia "me levaria pra frente".

Vivi uma vida medíocre como qualquer criança e adolescente reprimida. Gostava mesmo era de ficar em casa, conversar na internet, ir pra escola como qualquer um, mas morrendo de vontade de me trancar no quarto de novo.

A grande virada da minha vida foi ser aprovada em um vestibular, numa faculdade famosa da região, no curso de Direito. O único orgulho dos meus pais.

Eu acho que me libertei, sabe? Adorava as aulas, fiz novos amigos e meus dias estavam mais ligados à faculdade do que à casa. Minha casa — a casa dos meus pais — se tornou só um lugar onde passava a noite dormindo.

Deve ser por isso que não sinto tanta falta deles. Pra dizer a verdade, não sinto falta de quase ninguém de lá. Não tive ninguém que eu pudesse chamar de melhor amiga, amigo ou coisa assim.

Talvez alguns relacionamentos e outros poderiam ter rendido algum fruto, mas no fim das contas preferia estar sozinha. "A culpa" foi inteiramente minha.

Mas aí me pergunto: "que merda é essa?!"

Parece que eu estava desmaiado. Estava todo amarrado e largado numa sala escura. Quase não enxergo nada. A luz que entra pela fresta da porta é minha única fonte de luz. O chão parecia de terra batida e úmida em alguns lugares. Tinha alguns barris, caixas e sacolas entre mim e a porta. Não havia nenhuma janela lá, a não ser pequenas aberturas no topo das paredes.

Tinha um pano amarrando meus pulsos e pernas e também dentro da minha boca. Não consigo tirar. Que droga! Tentei me mover contorcendo meu corpo todo. O desgraçado que me amarrou sabia bem como fazer isso. Só consegui esticar um pouco a minha perna. Bati meu pé em alguma coisa. O que é isso? Tentei me virar até poder enxergar o que havia ali nos meus pés. Uma poça escura e... cabelo... Não. Uma pessoa. Tá muito escuro pra saber quem é.

Toc... Toc... Toc...

Me virei rapidamente. Ouvi passos chegando à porta. E então a porta se abre violentamente junto à luz ofuscante. Quem é? Começo a me contorcer, mas não tento gritar ou fugir. Não adiantaria. Apenas olho fixamente para o sujeito na tentativa de distinguir quem seja.

— A culpa é toda sua!

O sujeito se aproximou de mim, se agacha e agarra meus cabelos e esfrega minha cara no chão. Ele então me levanta e, aproximando o rosto, olha fixamente para mim.

— Não tenho mais nada a perder. Você tá ferrado!

Que merda é essa?! Senti um frio repentino. E então corre uma dor da minha barriga. Viro meu olho para baixo e vejo sua mão segurando algo encostado na minha barriga. Esse desgraçado me esfaqueou!

A Jogada de ThalliOnde histórias criam vida. Descubra agora