— M-meu senhor?! Estão pensando entrar nas minas?!
— Hum? O que foi Elly? Já não conversamos antes que estaremos juntos e que não precisa se preocupar?
— É que... Uuuuu...
— Você ainda não nos contou por que tinha tanta resistência em vir aqui. Quer nos contar?
— S-sim...
Nós paramos por um momento naquele canteiro da praça. Elly se sentou no canteiro que servia como um banco para quem parasse por ali e descansar. Foi aí que Elly nos contou uma parte de seu passado.
Não sabíamos até aquele momento que as minas seriam praticamente toda a causa do sofrimento de Elly. Seus pais trabalhavam de vez em quando como exploradores nessas minas. Após a morte deles em um acidente nas minas, sua vida nunca foi a mesma. Acabou marcando uma ferida profunda que não se curou esse tempo todo.
O que eu fiz quando ele terminou de contar, nem eu mesmo consigo explicar.
— S-senhor?!
Me sentei ao lado e o abracei. Eu não podia mudar o passado desse garotinho que, apesar de ter a mesma idade, parecia mais novo do que realmente era por causa de tanto sofrimento e desnutrição. Eu o abracei bem forte, desejando assim que eu pudesse compartilhar de sua dor para amenizá-lo.
— Elly... Você lutou bem até hoje.
— U... uuuu... uaaaaaaaaa!
— Pode chorar, Elly...
Ficamos assim por um tempo até ele se acalmar. Soha nos observava, acariciando com um olhar gentil.
— Elly. Nós temos que ir para as minas. Eu sei que para você é difícil encarar o local o de seus pais morreram, mas também a região toda perigosa para você ficar sozinho.
— S-sim, meu senhor... Eu entendo.
— Então eu quero que venha conosco. Assim, estando por perto, poderei protegê-lo. Não precisará fazer muita coisa. Só quero que cuide de nossas coisas enquanto estivermos lá. Tudo bem?
— Pode deixar, meu senhor!
Elly me mostra um olhar decidido. Ainda não vi um sorriso em seu rosto, mas foi a primeira expressão que vi além de tristeza e cansaço. Nos dirigimos então para a associação de exploradores. Uma porta estilo saloon recebia aqueles que entravam por ali.
Em seu interior havia um salão aberto, com bancos nos cantos da parede, mesas e cadeiras espalhadas pelo salão e um grande balcão redondo no meio do salão. Pessoas vestidas de armaduras leves ou pesadas estavam conversando aqui e ali. Alguns portavam espada ou adaga, mas todos ou tinha uma lança ou um arco em suas costas.
Fomos direto para o balcão e fomos recebidos por uma moça jovem de cabelos castanhos e ondulados. Aliás tinha umas três moças ali e todas jovens e bonitas.
— Olá. Bem-vindos à Associação de Exploradores. Me chamo Eliza. Como posso ajudá-los.
— Ah. Olá. Me chamo Thalli. Esses são Agol, Soha e Elly. Viemos obter informações das minas e de como está a situação da área isolada.
— Ah sim. Entendo. Vocês são elfos, não são? Nossa. É a primeira vez que encontro com um. Não parecem ser muito diferente de nós... — Eliza começou a me olhar dos pés à cabeça.
— Ehehe. É o que dizem. — Fiquei envergonhado.
— Thalli... — Soha me olhou de lado e me cutucou.
— Ahum. Vocês conseguiram reunir mais exploradores para conseguir resolver o problema?
— Ah. Infelizmente não surgiram exploradores capazes o suficiente. No máximo estão segurando a área isolada. A entrada da área está bem protegida pelo menos, então esperamos que a situação não piore.
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A Jogada de Thalli
FantasyEsta é mais uma história de uma garota deste mundo. Ela reencarna no corpo de uma criança elfa negra, em outro mundo, com todo o conhecimento anterior após morrer em um acidente. A criança é um menino. A confusão sobre seu novo sexo, cultura totalme...